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Documentos do Arquivo Pessoal de Gilberto Gil

Instituto Gilberto Gil

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Brasil

  • Título: Documentos do Arquivo Pessoal de Gilberto Gil
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    CLIENTE: GILBERTO GIL VEÍCULO: SEÇÃO: DATA: GAZETA DE ALAGOAS - MACEIÓ CADERNO B 29.11.2005 Chico Buarque enfureceu a censura com os versos de Cálice PÁG: B2 TARQUIVO Em DVD, Phono 73 registra momentos históricos da MPB REGISTRO QUE SAI TAMBÉM EM CD TRAZ PROTESTOS CONTRA A CENSURA LUIZ FERNANDO VIANNA Folhapress Não importam os problemas téc- nicos, as poucas imagens, os al- tos e baixos de qualidade. Phono 73, caixa que está sendo lançada com dois CDs e um DVD, é um documento histórico-ainda que, infelizmente, incompleto. Phono 73 foi um festival reali- zado no Palácio de Convenções do Anhembi, em São Paulo, entre 11 e 13 de maio de 1973, com to- do o elenco da Phonogram, hoje Universal. A multinacional tinha quase todos os grandes nomes da dita MPB e resolveu reuni-los em um grande evento de marke- ting - embora a palavra não fos- se usual na época - que também tinha um inevitável viés político, Av. Fagundes Filho, 77 - 13° andar CEP 04304-010 - V. Monte Alegre - São Paulo - SP - Fones (0xx11) 5591 *E-mail: clippingservice@cservice.com.br Praça Olavo Bilac, 28- conj. 918 - CEP 22041-010 - Centro - Rio de Janeiro - RJ - Fone (Oxx21) 2 E-mail: clippingservice@terra.com.br Não importam os problemas técni- cos e as poucas imagens. Phono 73 é um documento histórico já que se vivia o período mais re- pressivo da ditadura militar. "Os militares achavam que a gravadora estava cheia de co- munistas, e os artistas nos viam como direitistas. Na verdade, o que nós queríamos era gravar boa música brasileira", diz Ar- mando Pittigliani, então diretor do departamento de serviços criativos (marketing no jargão de hoje) da Phonogram e dire- tor-geral do Phono 73. Olado promocionalera nítido, tanto que a gravadora, pouco an- tes do festival, reuniu os artistas para uma foto que usou em um anúncio com a frase "Só nos falta o Roberto". Mas o Rei nunca foi. O que importa hoje, no entan- to, é outro lado: o da contesta- ção, política e estética, o do re- gistro de artistas em momentos tão criativos quanto tensos. O exemplo mais claro é o de Gil e Chico Buarque, que tinham aca- bado de compor - e ter censura- da - Cálice. Resolveram levar a música para o palco e tiveram os sons de seus microfones cortados por ordem de policiais. Como o som da mesa de áudio permaneceu li- gado, ficou guardado o que Chi- co disse após o corte: "Estão me aporrinhando muito. Esse negó- cio de desligar o som não esta- va no programa. Claro, estava no programa que eu não posso can- tar a música (Cálice] nem Anna de Amsterdam. Não vou cantar ne- nhuma das duas. Mas desligar o som não precisava não", disse, na época. Só é possível ouvir essa fala nos extras do DVD-que é a gran- de novidade, já que as músicas ti- nham saído em três CDs. No dis- co também há algumas imagens de Chico, irritado, cantando Coti- diano e Baioque. No fim desta, ele grita, fora do microfone mas de modo bem reconhecível: "Censu- ra filha da putal". A seu lado, os cantores do MPB-4 gritam sons desconexos para protestar. O QUE VÃO PENSAR O DVD dura apenas 35 minutos. Foi o que sobrou das imagens fei- tas na época por Guga de Olivei- ra. Como ele e a Phonogram não se acertaram, o filme planejado nunca saiu e os negativos de 35 mm foram se deteriorando. Mas há imagens incríveis co- mo a de Caetano Veloso total- mente performático em A Volta da Asa Branca (Luiz Gonzaga/Zé Dantas): ele simula cantoria de cego, emenda outras músicas, joga-se no chão e dança como que em transe. Em outra cena, ele se ajoelha aos pés de Jorge Ben (Jor), enquanto este impro- visa com Gil. Infelizmente, as câmeras não filmaram o duo de Caetano com o brega Odair José em Eu Vou T- rar Você desse Lugar. As vaias do inicio viraram aplausos no fim, quando ele enfatiza um verso da música: “Não me importa o que os outros vão pensar". Está em um dos CDs. "E ele ainda disse uma frase histórica: 'Nada mais Z do que um público classe A'", conta Pit- tigliani, lembrando que Caetano propôs o duo, e dificil foi conven- cer Odair - incrédulo - de que era verdade. SERVIÇO Título: Phono (um DVD e dois CDs) Lançamento: Universal Music Preço: R$ 82,90 (em média) Entre vaias e sob muita tensão Outra vaia - não audivel na caixa - sofreu Elis Re- gina ao subir ao palco. Ela tinha cantado há pouco tempo nas Olimpíadas do Exército e sabia o que lhe esperava. Esperou as vaias diminuírem, atacou de Ca- baré (Bosco/Blanc) e foi ova- cionada. Está no DVD, as- sim como a famosa foto de Maria Bethânia e Gal Costa beijando e na boca. Toquinho, Vinicius, Erasmo Carlos, Raul Sei- xas, Wilson Simonal, Jorge Mautner, Ronnie Von... Há mais gente nos CDs e no DVD. Não dá para chamar de "O canto de um povo", como estava no encarte dos dois LPs originais e é o subtítulo da caixa. Mas é o canto de uma época em que se acreditava cantar em no- me de um povo. O momento mais tenso de Phono 73 foi o corte dos microfones de Gil e Chico durante Cálice. No DVD, é possível perceber a apre- ensão na primeira par- te da canção, quando Gil substituía versos por sons. Segunda parte não houve. "Um agente do Dops obri- gou o técnico a desligar. Não havia o que fazer. Mas ele e o Menescal só desliga- ram o som local, não o da mesa nem o da rádio, que transmitia ao vivo", diz Ar- mando Pittigliani. LFV
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