SALVADOR SE INFLAMA AO SOM DE TAMBORES . Continuação da página 1
Grupos da Índia e da África se destacam
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Quarteto de Zakir Hussain e Tambores do Burundi empolgam a platéia; Gil faz dueto com Bethânia
sil
Divulgação/Xando P.
No sábado à tarde, durante almo-
ço de confraternização no restau-
rante da folclórica mestre-cuca
Dada, Gil esbanjava sorrisos.
20 o saldo do evento é maravi-
lhoso - disse e o compositor,
dire
tor-artístico do Percpan ao lado
de Naná, entre fotos com
tes comitivas de percussionistas
cas
ocorre um
não falta troca.
crossover de
é riquíssimo, pois
À noite, Maria Bethânia, que no
passado lançou o CD "A for
ça que nunca seca", abriu os tra-
balhos no Teatro Castro Alves.
Ela fez um dueto com Gil e a pla-
téia ficou fascinada com a presen-
ça de Edith do Prato. Dona Cano,
que pouco antes tinha assistido
ao filho
Caetano receber um dis-
co de platina nos bastidores da
Concha Acústica de Salvador, ir-
radiava alegria na lateral do palco
do Castro Alves vendo Bethânia
encantar o público.
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A pulsação africana e o ritmo
is indiano se destacam
- Aqui é por
é possível mostrar a
Ao lado do grupo Evocação, Gil
incorporou melodias árabes para
interpretar "Asa branca" de for-
ma arrebatadora. empolgação
foi movida a maracatu e coco.
música como ela é, na sua essên-
apontava Naná, que até co-
mo garçom atuou no almoço de
sábado, aprontando pratos vege-
tarlanos para os indianos.
O quarteto liderado Zakir
Hussain foi um happening e lem-
brou a seleção brasileira de 1970:
só tem craque. Um meio-campo
gefrial para improvisar, desenvol-
vendo
linguagens, e
e Zakir como
Pelé. Brilha sem ofuscar quem es-
tá a seu lado. Todos ficam senta-
dos! Zakir arrepia na tabla, dois
pequenos tambores ovalados de
tamanhos diferentes. Espécie de
guru do time, o músico de cabe-
los brancos Vikku manipulou o
MARIA BETHÂNIA (à esquerda), Edith do Prato e Gilberto Gil no palco do Castro Alves, na apresentação que abriu a última
ahol 16 CO
couro.
ghatam, uma espécia de cabaça. encher os olhos. Cada um fez seu
Selva Ganesh soltou a mão no
solo antes de todos iniciarem a
kanjira, que lembra um pandeiro conversação musical, de forma
de tamanho menor. E Bhavani didática. Os dedos de Zakir suge-
Shankar tocou
ins- rem
e a improvisação é
trumento que fica deitado no
fascinante.
chão, como um tantă mais fino e - Eles estão num nível acima
fechado nas duas pontas com
de
empolgou-
qualquer coisa
se Gil
que, depois do espetáculo,
O material usado nos instru-
cm
mentos é de pele de lagarto-ex-
zalivu uma das mãos do indiano
recebendo de volta
plicou Ganesh
mo reconhecimento .
Da India para a África. O show
dos dez instrumentistas do Tam-
bores do Burundi, país do inte-
rior do continente negro, eram
um antigo sonho do Percpan.
mes-
O impacto da apresentação foi
tamanho que eles foram os músi-
cos mais cumprimentados por
outros percussionistas. A habili-
dade das mãos dos indianos é de
Felizmente conseguimos.
Devido a questões bélicas do
país, seus tambores levaram todo
esse tempo para chegar aqui -
explicou um Gil vitorioso.
Os
percussionistas do Burundi
vestiam uma toga tricolor verde,
vermelha e branca. Eles entraram
no teatro pela lateral com seus
tambores, toras de madeira rústi-
cas escoradas na cabeça, batu-
cando no couro e no caule dos
instrumentos.
Dois músicos, lanças em punho
e pequenos escudos, postados
no início e no final da fila de ins-
trumentistas, servem de mestres-
Q
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noite da sexta edição do Percpan
de-cerimônias. Massacram o cou-
ro dos instrumentos com baque-
tas grossas e criam impacto vi-
sual com suas coreografias
cheias de
pulos, e gritos.
Fizeram uma apresentação espe
tacular no sábado, recebendo
aplausos do público
de pé.
de pé. Salva-
mostrou para São Paulo
estar na ponta-de-lança ao trazer
Zakir e o Burundi para o país.
dor
Demorei a vir, mas quero
voltar logo - disse Zakir, emocio-
nando, deixando a Bahia.
BRAULIO NETO viajou a convite da
organização do festival
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