e o impacto comportamental gerado pela Tropicalia. Seu su-
cesso em Londres foi imenso, e provocou a reaparição de Cae-
tano Veloso e Gilberto Gil na capital britânica, e foi até a oca-
sião para um reencontro dos Mutantes, que resultou num CD
ao vivo. Mas esse ambiente de quase total aceitação pode con-
ter ainda alguns problemas. Entre eles, o modo como a arte
brasileira passa ser vista no exterior. "A crítica americana e
européia, hoje em dia, é incapaz de escrever um so artigo so-
bre qualquer artista contemporâneo nacional, sem mencio-
nar- sem a menor razão - o nome da Lygia Clark ou do Hélio
Oiticica", diz o artista plástico Vik Muniz, um dos brasileiros
mais reconhecidos no circuito mundial da arte. "Lygia e Hélio
se transformaram na Carmen Miranda e no Pelé das artes
plásticas no circuito internacional."
Outros artistas vêem algo positivo nesse interesse pela
arte brasileira. "Acho que o mundo está se 'abrasileirando'.
Na área cultural o ambiente internacional já sabe que existe
uma produção de qualidade e originalidade feita nos trópicos",
diz a artista brasileira Beatriz Milhazes, que tem seu trabalho
identificado com o Tropicalismo, uma referência assumida por
ela. "Pesquisas têm sido feitas para levantar possibilidades
desenvolvidas por aqui, e que podem ser capitalizadas pelo
pensamento europeu ou norte-americano.
Tudo está ainda no começo", diz.
CAETANO VELOSO,
canção feita quando
este estava em exílio
em...
Música pop para o novo milênio, movimento definidor -
para o bem e para o mal - de uma nova imagem do Brasil la
fora. Como resumir e explicar o Tropicalismo, cada vez mais
atraente? Carlos Basualdo, curador da exposição Tropicalia
- Uma Revolução na Cultura Brasileira, diz que "cada vez que
procuro definir o que é, falo algo diferente. Tropicália é a ten-
tativa de buscar um lugar entre a indústria cultural, a vanguar-
da e a cultura popular". Para Caetano, a redescoberta mostra
que a questão foi e permanece a mesma, de 1967 a 2007. A
busca e a necessidade de invenção:" 'Uma criança sorridente,
feia e morta estende a mão', como diz a letra da canção Tropi-
cália. Porque a América Latina não tem futuro, a língua portu-
quesa não tem futuro, a África não tem futuro: então temos de
inventar tudo". E o mundo parece agora ter o desejo de ima-
ginar qual futuro poderá ser esse. !
ONDE E QUANDO
Tropicalia - Uma Revolução na Cultura Brasileira. Mu-
seu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (av. Infante
Dom Henrique, 85, Rio de Janeiro, tel. 0++/21/2240-
4944). De 3. a dom., das 12h às 18h. De 8/8 a 30/9.
O catálogo da exposição, com ensaios e textos de épo-
ca, é editado pela Cosac Naify (376 págs., R$ 120).
LONDRES, cidade onde está localizada
Wawa Tate Modern, instituição que recebe
esaté 23/9 a exposição The Body of Co-
Tour dedicada ao artista
brasileiro
Hello Olticica.
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