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Documents from Gilberto Gil's Private Archive

Instituto Gilberto Gil

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Brazil

  • Title: Documents from Gilberto Gil's Private Archive
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    safio de O desafio de 'traduzir-se! U fez parte do repertório ompor e cantar exclu- sivamente em inglês já de outros artistas, que, hoje, usam nosso idioma com fre- qüência. Como os mato gros- sensses do Vanguart, cujo dis- co, homônimo, foi uma das re- velações de 2007 e levou a banda a ser chamada para o último TIM Festival. No álbum, há músicas em inglês, espa- nhol e português ("Semáforo", escrita na nossa língua, é das favoritas). Mas o vocalista, Hé lio Flanders, conta que foi di- fícil escrever canções no idio- ma que cresceu falando. - É mais fácil para mim es crever em inglês. Eu pego o violão, toca duas notas e saio compondo. Cresci ouvindo 12. MEGAZINE isso. Adoro Dylan, Woody Gu- thrie... Foi um desafio escre- ver em português. Mas me concentrei nisso e deu certo - descreve o músico, que conta ter aprendido inglês "na malandragem". - Foi ouvindo música, vendo fil- me... Mas sou fluente, já fui professor de inglês. O Vanguart até almeja reco nhecimento internacional (sua página no site MySpace é em inglês), mas Flanders ga- rante que nunca pensou nisso na hora de compor Gabriel Marques, do Mop- top, também não. Ele come çou a banda escrevendo em inglês, mas depois mudou. Seu primeiro disco, de 2006, é todo em português. O iní- • O VANGUART: inicio só em inglês e transição .O MOPTOP: sucesso no nosso idioma cio em língua estrangeira ele atribui à fluência nela: - Morei nos EUA até os 8 anos. No começo da banda, achava que as músicas soavam bem em inglês. Quando come çamos a fazer shows, vi que as músicas em português agrada- vam mais. Hoje, dou graças a Deus por ter mudado, porque me comunico melhor com o público. Cantando em inglês, você não deixa de se esconder e se proteger atrás de uma lín- gua que, aqui no Brasil, as pes- soas não entendem bem. Em português, você fica exposto - diz o músico, que chegou a reescrever músicas original- mente compostas em inglês, como "Sempre igual", hit da banda. (W.H.E.) Gato vendido como lebre Para um Sepultura, que, nos anos 1990, conseguiu se impor na cena metal interna- cional, ou um Cansei de Ser Sexy, que, des- de 2006, tem rodado a Inglaterra e os EUA com seu rock básico, existem dezenas de artistas brasileiros dando tiro no pé com suas toscas letras no idioma de Shakespea- re e... Britney Spears. Além de quase sem- pre se limitarem ao "the book is on the ta- ble", eles têm o sotaque jogando contra e milhares de concorrentes locais. Ou seja, dificilmente vão convencer fora do Brasil. Essa onda não é novidade e, comercial- mente, até pode ter funcionado para al- guns, mas, artisticamente, pouco deixou de aproveitável. Ela teve seu auge nos anos 1970, com um agravante: as gravadoras ten- tavam vender gato por lebre ao público atra- vés de artistas que se caracterizaram por um estilo pop romântico e posavam de gringos, usando pseudônimos anglo-americanos co- mo Morris Albert, Terry Winter, Patrick Di- mon, Chrystian, Malcolm Forrest, Pete Du- naway, Mark Davis, Dave Maclean, Light Re flections e Sunday. Morris Albert (o carioca Maurício Alberto Kaiserman) foi o mais bem-sucedido dessa turma, graças ao êxito de "Feelings" — que lançou em 1974. A mú- sica teve mais de seis mil gravações, até por Frank Sinatra, mesmo que Albert tenha per- dido o processo de plágio movido pelo fran- cês Lou Lou Gasté, que provou nos tribunais que as primeiras notas de "Feelings" eram iguais às de sua "Pour toi". Mark Davis tam- bém conseguiu chegar ao sucesso, mas só depois de trocar o papel de falso inglês pelo de ator, e depois cantor, Fábio Jr. Jogadas comerciais à parte, também po- demos encontrar boas letras em inglês fei- tas por brasileiros. Tom Jobim, por exem- plo, depois de ter muitos de seus clássicos trucidados pelos seus primeiros parceiros americanos - que, além de baixarem o ní- vel poético, ficavam com 50% dos direitos autorais — passou a cuidar pessoalmente das versões. Em "Águas de março" ele se deu ao preciosismo de dispensar as pala- vras de raízes latinas, usando apenas as an- glo-saxônicas. Erudição que não impediu que "Waters of March" virasse uma de suas mais populares canções no mundo, grava- da e regravada por centenas de artistas. • ANTONIO CARLOS MIGUEL
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