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Documentos do Arquivo Pessoal de Gilberto Gil

Instituto Gilberto Gil

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Brasil

  • Título: Documentos do Arquivo Pessoal de Gilberto Gil
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    algumas coisas. Antes de mais nada, para o fato de que, pela primeira vez, estamos lidando com critérios obje- tivos, visíveis, independentemente da concordância ou não que tenha- mos com os que foram apresentados. Toda essa discussão só foi possível porque esses critérios foram apresen- tados no "site" de uma empresa es- tatal. Aconteceu foi que o Ministério e a Secretaria de Comunicação tinham pontos de vista descoincidentes so- bre a matéria. E como ambos se ma- nifestaram publicamente, foi um deus-nos-acuda. Houve uma vigoro- sa reação dos artistas diante do que eles classificaram como tentativa de "dirigismo cultural" por parte da Secom. E ocorreu, então, o debate público - debate franco e generoso, é bom que se diga. Uma coisa lógica e natural. Mas parece que muita gen- te ainda não se habituou ao fato de que estamos num Estado democráti- co, onde a discussão é enriquecedora e vital para todos, e que só governos autoritários se apresentam o tempo todo de maneira monolítica e indecifrável para a sociedade. Daí que se tenha criado a célebre tem- pestade em copo d'água. E a mídia, para "esquentar" suas matérias, caprichou no maniqueísmo. Fanta- siou-se um duelo entre o Mincea MINISTÉRIO DA CULTURA Secom. Mas, embora correndo o ris- co de decepcionar os decepcionáveis, devo dizer, alto e bom som, que eu e o ministro Gushiken somos aliados, somos companheiros, militantes de um governo que quer que o Brasil dê certo. Que não vamos nunca dei- xar de debater, pessoal e publicamen- te, eventuais divergências. E que o Minc discordou da proposta da cha- mada "contrapartida social" pelo simples fato de que ela não faz sen- tido algum no mundo da cultura. Primeiro, porque a busca de refe- rências externas que possam vir a jus- tificar o uso de recursos públicos para o desenvolvimento cultural e sua im- portância "social" reflete, de uma ou outra maneira, uma compreensão es- treita acerca do papel estratégico da cultura para o povo brasileiro e para o novo ciclo de desenvolvimento que o Brasil haverá de experimentar com o Governo Lula. Falar em "contrapar- tida social" era querer aplicar um con- ceito contábil, uma rubrica de livro de ocorrências financeiras, a um uni- verso de produção simbólica, cujos desdobramentos sociais estão como que embutidos em si mesmos. Vale lembrar que países como os EUA cons- truíram seu desenvolvimento, sua coesão interna e sua hegemonia no mundo tendo como um dos pilares
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