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CLIENTE: Gilberto Gil
VEÍCULO: Revista Veja Rio - RJ
SEÇÃO:
DATA:
Exposição
08/08/2007
EXPOSIÇÃO
A revolução tropicalista
Chega ao MAM mostra sobre o movimento que mexeu com a música, as artes e a moda
H
á quarenta anos, um movimen-
to trazia à tona aspectos que
depois se tornariam banais nas
expressões culturais do país. Se hoje a
música é sempre feita com atitude e a
interatividade virou praxe nas artes
plásticas, isso deriva de um grupo de
músicos, dramaturgos, poetas, artistas
plásticos, cineastas, estilistas e arqui-
tetos que, na segunda metade dos anos
60, valorizava a anarquia, a carnavali-
zação, as fusões de tendências e a bus-
ca por uma linguagem ao mesmo tem-
po popular e requintada. A instalação
Tropicalia, feita por Hélio Oiticica em
1967, e o disco homônimo lançado por
Caetano Veloso e Gilberto Gil no ano
seguinte são os marcos desse turbilhão
de contracultura. Boa parte da história
é agora lembrada na exposição Tropi-
cália – Uma Revolução na Cultura
Brasileira (1967-1972), que chega ao
Museu de Arte Moderna (MAM) na
quarta-feira (8), depois de circular dois
anos e meio por museus e centros cul-
turais de Berlim,
Londres, Chicago e
Nova York.
Reunindo 250 objetos, a mostra re-
flete bem a abrangência do movimento
que foi definido pelo poeta Torquato
Neto, um de seus emblemas, como
"tudo que seja necessário". Estarão
expostos no MAM parangolés (uma
espécie de manto) e penetráveis (insta-
lações com que o visitante interage) de
Hélio Oiticica, as máscaras sensórias
de Lygia Clark, pinturas, fotos de
shows e moda, capas de discos e carta-
zes de filmes como O Bandido da Luz
Vermelha. "Quisemos mostrar que um
dos momentos culturais mais impor-
tantes do pós-guerra teve lugar no Bra-
sil, distante do eixo Europa --Estados
Unidos", explica o argentino Carlos
Basualdo, curador da mostra e do catá-
MODA
Na coleção criada em 1968
por José Carlos Marques,
traços que marcaram uma época:
estampas da fauna e da flora
logo homônimo que será lançado pela
editora Cosac Naify. A versão brasilei-
ra da exposição, montada somente no
Rio, é maior do que a exibida no exte-
rior. "Obras de vários artistas que não
puderam ser levadas para fora do país
serão apresentadas aqui", afirma
lio Kalil, dono de um escritório de arte
e responsável pela vinda da atração.
A mostra reserva seções para o tea-
tro e a arquitetura, além de um espaço
com relatos do momento político do
Brasil no período. No âmbito das artes
visuais, há a reconstituição da exposi-
ção Nova Objetividade Brasileira,
com trabalhos de
Lygia Clark, Hélio
Oiticica, Antonio Dias, Nelson Leirner
e
Lygia Pape. Uma atração destacada é
a instalação Tropicália, que retorna ao
MAM. Já Roda dos Prazeres, de Lygia
Pape, é composta de líquidos coloridos
com diferentes sabores, que podem ser
provados pelos visitantes com um con-
ta-gotas. Há ainda uma seleção de tra-
balhos concretos e neoconcretos e de-
senhos da arquiteta Lina Bo Bardi. Em
outra seção estão releituras do tropica-
lismo feitas por artistas contemporâ-
neos como os americanos Matthew
Antezzo e Karin Schneider, o francês
Dominique Gonzalez-Foerster e os
brasileiros Ernesto Neto e Rivane
Neuenschwander. O produtor musical
americano Arto Lindsay criou uma
instalação sonora. “Nossa idéia é apre-
sentar um material histórico visto com
sensibilidade contemporânea", explica
Basualdo, que é curador do Museu de
Arte Contemporânea da Filadelfia.
(Veja preços e horários na coluna Ex-
posições, pág. 82.)
CARLOS HENRIQUE BRAZ
VEJA RIO, 8 DE AGOSTO, 2007