Esse Ano do Brasil na França o senhor acha que
vai ser a grande marca do seu Ministério?
No campo dos eventos, acho que sim. Eu disse num
almoço na Câmara francesa de Comércio que o
Ministério da Cultura teve a sorte de ter esse evento
caido no seu colo. No nosso periodo. E é um evento
que deve se desdobrar pra depois. Até já surgiu a
idéia de fazer um evento da França no Brasil...
Quem sabe assim eles trazem os euros deles pra
cá...
E importante que o Brasil promova eventos desse
tipo. A Espanha foi recentemente ao ministério
propor que nos façamos logo as duas coisas, que
sejam simultáneas: o Ano do Brasil na Espanha e
o Ano da Espanha no Brasil. Vai ser uma marca.
Espero que seja uma marca.
Mas, de verdade, eu queria ver uma pessoa como
o senhor presidente do Brasil.
Trabalhe com os orixás! (Risos) Faça seus ebós!
Faça suas oferendas para
Iemanjá! Acenda as suas velas
para o Senhor do Bonfim.
Porque o presidente é o cara
que tem que unir o país.
Volte as suas preces para Meca,
(Risos) Invoque Tupå. Pronto.
Chame todos eles. Convoque
suas hostes todas e... Eu sou o
cavalo. Se tiver de ser, será. Mas
a bandeira é essa: a ambição é
mudar o mundo sem tomar o
poder. E, se tomá-lo, não tomarei
das mãos de ninguém.
Juro por Deus. Quando o senhor
disse aquele negócio, que Lula e Fernando
Henrique têm que dar as mãos e parar de um
agredir o outro...
Eu diria mais: que Fernando Henrique tem que
se sentar com o Lula. Um tem que sentar com o
outro. Porque não quero que possa parecer... não,
Fernando Henrique, o Lula tem que... afinal de
contas, é o
Fernando Henrique, o Lula é que tem
que ir lá. Tem várias coisas. Ele já foi presidente
oito anos, é um homem mais velho, tem uma
experiência, tem tudo. Mas, agora, nesse exato
momento, é muito mais o contrário. É muito mais
a torcida precisa torcer a favor. Os dois tem que
reunir suas tribos. Eles são caciques. É isso.
Aliás, eu estive recentemente com o Fernando
Henrique em Washington. Fiquei dois dias. Ele
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foi ao meu show. Me cumprimentou. Ficamos
juntos depois. Ficamos hospedados na embaixada.
Conversamos. Eu disse a ele que deveriamos ter
uma complementação dessa conversa. Eu até já
liguei pra ele depois que eu cheguei. E brevemente
deverei me encontrar com ele. Eu converso com ele
há muitos anos. Converso mais com ele do que com
Lula.
O senhor chegou a ser cogitado para o Ministério
do meio ambiente no governo dele, não foi?
Houve um leve aceno, que não chegou a se
transformar em convite porque ele percebeu
que não tinha condições. Lá em Washington
conversamos longamente, umas duas horas.
Ele tinha feito uma palestra na Biblioteca do
Congresso, e naquela noite tivemos uma longa
conversa, compartilhada pelo embaixador
brasileiro, sobre a política do mundo, sobre a
coisa americana. Naquele dia ele me disse uma
coisa interessante, que denotava
uma coisa de estadista, de ele
ter sido presidente do Brasil
e ter a possibilidade de voltar
a sê-lo, porque a Constituição
permite, e não estou querendo
dizer com isso que ele tenha
sonhos sobre isso, mas ele disse:
"É uma pena que o Clinton não
possa ser presidente dos Estados
Unidos de novo". E tivemos uma
longa conversa sobre politica
internacional, o mundo, governo
mundial, soberanias versus
modernidade e eu disse ele no
"Eu estive recentemente
com o Fernando Henrique
em Washington. Ele
foi ao meu show.
Me cumprimentou.
Ficamos juntos
depois, hospedados na
embaixada. Eu disse a ele
que deveríamos ter uma
nova conversa."
final: "Presidente, a gente tem que conversar sobre
a politica do Brasil". Ele disse: "Venha, venha
conversar comigo". Vou marcar brevemente pra ir
conversar com ele.
Tomara. Porque é isso que está faltando. É
o artista, o poeta, junto com a política para
enxergar outros horizontes, de um outro
patamar. Porque os partidos, hoje, são muito
parecidos no Brasil. Qual é a diferença entre o
PT e o PSDB?
Não tem
O primeiro passo é a arte de unir.
Eu só acredito em politica assim. Eu sei que é
dificil, é uma meta dificil de ser conquistada, mas
eu não abro mão da perspectiva. Só trabalho com
essa perspectiva. *