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CLIENTE: Gilberto Gil
VEICULO: O Povo - Fortaleza
SEÇÃO:
Vida & Arte
28/02/2009
DATA:
vida&arte
Beth Carvalho é uma das
cantoras que terá LPs
regravados em CD: decisão
cria polémica no mercado
RARIDADES
CHEGAM EM CD
MÚSICA
adando contra
a corrente do
atual mercado
de música, dez
álbuns grava
dos entre 1958 e 1980 por
Alaide Costa, Angela Maria,
Beth Carvalho, Cauby Peixo-
to, Dalva de Oliveira, Elizeth
Cardoso, João Nogueira, Pau-
lo Sérgio, Rosinha de Valen-
ça e Taiguara são transforma-
dos em CD pela primeira vez.
Lançados pela EMI, eles che.
gam às lojas com repertório e
projetos gráficos fiéis as ver-
sões originais.
Essa linha de edição, que
traz para o formato digital ti-
tulos que estavam há mui-
to tempo perdidos na era do
LP, vem sendo gradualmen-
te freada pelas gravadoras.
E beira estacionar. O aler-
ta vem dos principais profis-
sionais que, contratados pe-
las próprias empresas, têm
se dedicado a esse tipo de
projeto na última década.
"Comecei a trabalhar com
isso em 1998 c, desde en
tão, consegui emplacar re-
edições em todas grava-
doras, todos os anos", lem-
bra Charles Gavin, 48, bate-
rista dos Titās e um dos pri-
meiros a garimpar os acer-
vos das companhias de dis-
co. "No ano passado, mes-
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OBRAS MUSICAIS QUE FORAM GRAVADAS EM VINIL POR AUTORES
CONSAGRADOS DA MÚSICA POPULAR
BRASILEIRA VÃO CHEGAR
ÀS LOJAS EM CD. O PROJETO DA EMI ESTÁ SURPREDENDEU O
MERCADO FONOGRÁFICO CADA VEZ MAIS INOVADOR
MARCOS PRETO >>> DA FOLHAPRESS
FORTALEZA-CE, SÁBADO, 28 DE FEVEREIRO DE 2009
WWW.OPOVO.COM.BR> O POVO
elas,"
mo com o gancho do cin
quentenário da bossa nova,
não consegui emplacar nada
e olha que tentei em todas
Gavin lembra que, mais
que mero prazer saudosis
ta, a recuperação desses ál-
buns perdidos oxigena os ar-
tistas do presente e prepa-
Zé só passou a ser
regrava
do quando seus discos vol
taram em formato de CD. O
mesmo vale para os Novos
Baianos, João Donato, Mar
cos Valle...", enumera. "A no-
va geração de músicos do
Brasil só está sendo influen-
ciada por esses mestres por-
que teve, de novo, acesso a
eles. E a gente não pode dei-
xar isso parar."
Marcelo Froes, 42, outro
veterano da área, também
sentiu a queda. "Os anos de
2002/2003 foram os mais ati-
vos para mim. São dessa épo-
ca os boxes de Zé Ramalho,
Fagner, Erasmo Carlos, Na-
ra Leão, Gilberto Gil e Elza
Soares", diz. "Diversos outros
projetos foram preparados e
nunca sairam. Reedições pas-
sam por uma questão de poli-
tica interna, a tal "vontade de
fazer', que independe do inte
resse comercial."
Para Thiago Marques
Essa linha de
edição, que tras
para o formato
digital títulos
que estavam há
muito tempo
perdidos na era
do LP, vem sendo
gradualmente
freada pelas
gravadoras
Luiz, 29, responsável pelos
dez títulos que a EMI lança
agora, não se trata de desca-
so das gravadoras. "Elas sim-
plesmente não conhecem o
próprio acervo", diz. "Um di-
retor de marketing não tem
obrigação de saber que o pri-
meiro LP da Dalva de Olivei-
ra está inédito em CD e é ba-
cana para o público dela."
Para Jorge Lopes, 50,
do marketing estratégico da
EMI, o que torna esse tipo de
produto pouco viável é uma
questão de "tempo na pra-
teleira". "Ainda que os dis-
cos não encalhem e acabem
sempre se pagando, o giro
deles é muito lento", diz. "Es-
tou com esse disco da Dalva
na mão agora. Foram fabri-
cados mil. Daqui a dois me-
ses, eu te conto quantos te
nho no estoque: serão no mi-
nimo 500."
Outro pesquisador requi-
sitado, Rodrigo Faour, 36, diz
que a crise atingiu até os pro-
jetos relacionados a artistas
de grande apelo popular. "Há
os álbuns da Simone,
mas
não consegui até agora. E
olha que ela foi a maior ven-
dedora de discos dos anos
80", lembra ele, que conse
guiu viabilizar recentemente
a caixa Camaleão, com os 17
albuns de Ney Matogrosso.
As cinco principais grava-
doras atuantes no Brasil afir
mam que vão continuar re-
lançando material de acer-
vo -só que com mais cui-
dado. "Essa história de ree-
dição começou de uma for-
ma apocalíptica, como se o
mundo fisico fosse acabar
e tivéssemos que lançar tu-
do enquanto havia tempo"
diz Fernanda Brandt, 27, da
Warner. "Já vimos que não
é assim. A indústria está em
crise, mas ela não vai aca-
bar. Os catálogos estão sen-
do usados com mais mo-
deração. E as coisas devem
permanecer assim, devagar
e sempre."