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Documents from Gilberto Gil's Private Archive

Instituto Gilberto Gil

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Brazil

  • Title: Documents from Gilberto Gil's Private Archive
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    CLIENTE: Gilberto Gil VEÍCULO: Jornal de Brasília - Brasília SEÇÃO: Política CLIPPING SERVICE DATA: 01/08/2008 MARGRIT SCHMIDT DESCOMPLICANDO A POLÍTICA Tropicalia A saída de Gilberto Gil do Ministério da Cultura não obedeceu aos padrões de demissão de ministros do governo Lula. Isso, por si só, deveria ser motivo de comemoração por parte de todos nós, e especialmente para o governo. Uma demissão sem crise, estabelecida em sim- pático encontro entre o presidente Lula e o seu ministro zen, numa tarde ensolarada e seca na capital do País, é algo inédito nos últimos tempos. Nenhuma denúncia de corrupção, for- de quadrilha, quebra de sigilo bancário, hum grampo, nada dos sortidos escândalos que nos assombram desde 2003? Tanta cal- maria não deveria nem ser notícia, muito menos objeto de comentários da coluna. atual quilombolas e aldeias indígenas, é reconhecido como um importante passo na direção da democratização da produção cultural do país. O cineasta Luiz Carlos Barreto diz que a iniciativa é a mais importante que um político já fez pelas Cultura do País. Dando os devidos descontos ao já tradicional caráter "chapa branca" do feses tejado cineasta, que vai, inclusive, filmare história da vida de Lula, o programa em questão tem bastante prestígio entre a categoria. janeiro de 2005, basicamente o baixo orçamento. do Ministériod Cultura e os acabaram gerando duas greves de funcionários, em 2005 e 2007 continuam a vigorar. Mas a O surpreendente neste e neste caso é a tranquilidade do fato, visto que é anormal para os padrões do ministério da cultura tem um valor que extrapola passagem de governo. Gilberto Gil, o artista, venceu Gilberto Gil. o presente e suas chatices burocráticas e e or - o ministro. Foi essa a suave explicação dada pelo cantor e aceita pelo pre- çamentárias. Tem um valor simbólico. Não é por sidente acaso que Gil I disse que a música que resumiria por duas vezes, mas cedeu aos apelos de Lula ministro já havia tentado sair antes, seu ciclo no cargo no governo Lula é Refazenda. disse que sai "Amanhecerá tomate e anoitecerá mamão. O para permanecer no ministério. Gi di por questões pessoais, mas com um sentimento compreender o processo da governo Lula teve a capacidade de o país governo importante e marcante para o Brasil. vida. É uma música que eu cederia como jingle”, Eo Brasil perde um ministro da Cultura que disse na sua despedida na Gilberto um dos expoentes da quarta-feira. foi marcante para o Brasil? Do ponto de vista Tropicália , o movimento estético-musical que da gestão cultural, não é o que parece. Ele reconheceu sai com uma frustração: não atingiu vários segmentos da arte e da cultura no Brasil nos anos de chumbo", durante o pe- ter conseguido elevar orçamento da Cultura ríodo mais acirrado da ditadura militar. O para, pelo menos, 1% de todo o dinheiro destinado a custeio e investimentos dos 37 tropicalismo foi uma ministérios. O Orçamento da cultura neste ano um libertarismo, mais estético de porta voz de é de R$ 665,9 milhões, o que representa 0,6% embora, naquele tempo fosse impensável falar em liberdade sem esbarrar na política. do total dos gastos dos ministérios. Ou seja, os fundamentos de Juntamente com Caetano Veloso, Gil fez parte valores permanecem os mes- de uma revolução estética na música e na poesia. mos, quase irrisórios. A revolução sociale A chamada classe artística, por outro lado, acreditava estar na ordem política que a esquerda festeja sua passagem pelo ministério. O po- do dia naquela década lêmico diretor teatral José Celso Martinez Cor. vida cultural do País. Lula e Gilberto Gil de 1960, era uma quimera que se misturava na continuar ruim, elogiou os critérios das estatais statieodutos produtos daquela época fervilhante. A com- para subsidiar os projetos artísticos e culturais. “Ele criou uma linha cultural , vinculada a uma cultura popular e antenada. É o popularcyber", diz o diretor. Os Pontos de Cultura, programa de incentivo à produção em favelas, comunidades muito tempo na sociedade brasileira encontra sentido nesta dupla, que de caipira não tem nada. Hoje a "esquerda" venceu e os tropicalistas continuam cantando suas canções, e o sonho daquela época, que fim levou? Transmutou-se. PÁG.: 13 E-mail margrit@jornaldebrasilia.com.br
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