CADERNOS DO DO-IN ANTROPOLÓGICO
publicadas, o mercado de cinema no
Brasil, incluindo filmes americanos e
de outras nacionalidades, cresceu
17% (dezessete por cento) no primei-
ro semestre de 2003, em relação ao
mesmo período do ano passado. Mas
o crescimento do público de filmes
brasileiros, nesse mesmo primeiro
semestre, foi de 236% (duzentos e
trinta e seis por cento). É mais do que
gritante o significado desses núme-
ros, quando comparados. É impossi-
vel qualquer tergiversação sobre nos-
sa capacidade de produzir filmes ex-
celentes e amados pelo público, sem-
pre que se dá a nossos cineastas con-
dições para fazê-lo. Ou mesmo quan-
do essas condições são precárias,
como reconhecemos que ainda são.
Não estamos aqui hoje para pro-
meter o futuro para amanhã de ma-
nhã. Há muito o que fazer. O gover-
no do presidente Lula e o nosso mi-
nistério o farão sempre ouvindo a
sociedade de um modo geral, todos
os agentes
econômicos da atividade
e sobretudo os profissionais do cine-
ma brasileiro e suas entidades repre-
sentativas. Esses profissionais são os
responsáveis pelos filmes que estão
gerando tanta esperança, os herdei-
ros dessa heróica resistência cinema-
tográfica que já tem uma história
mais que secular.
Segundo Paulo Emílio Salles Go-
mes, um dos grandes teóricos de nos-
so cinema, o brasileiro sempre este-
ve dividido entre o não-ser e o ser-O-
outro, isso refletindo-se em nossa
cultura. Hoje, temos consciência de
que precisamos assumir nossa própria
identidade, em todas as suas múlti-
plas formas. E o cinema e a televisão
são instrumentos indispensáveis a esse
projeto. Contamos com todos para,
com nosso trabalho comum, tornar
realidade o sonho de Mário Peixoto
e de Humberto Mauro, de Lima
Barreto e de Alberto Cavalcanti, de
Glauber Rocha e de Walter Hugo
Khoury, entre tantos outros que aju-
daram a escrever essa história da qual
a cultura brasileira tem muito do que
se orgulhar.
Este é o sonho, este é o objetivo,
esta é a meta. O que temos de fazer,
povo e governo brasileiros, porque
podemos fazer, é materializar so-
nhos. Vamos materializar juntos este,
o de um cinema que reflita a dimen-
são de nossa grandeza cultural,
territorial e econômica, de uma ex-
pressão audiovisual que reflita e
energize nossa consciência de nacio-
nalidade e nossa soberania, que apre-
sente com luz própria, para nós e
para mundo inteiro, a nossa manei-
ra brasileira de ser.