APENAS REGULAR
Da opinião dos nove cientistas
políticos ouvidos por VEJA surgiu
um grande grupo de ministros com
desempenho apenas regular. Entre
eles, há duas categorias definidas
pelos entrevistados: os que poderiam
sair e os que poderiam ficar
O presidente da República já deu si-
nais de que considera o PT uma parte subs-
tancial de seus problemas. No fim de no-
vembro passado, Lula reuniu-se com todos
os ministros petistas, à exceção de Tarso
Genro, da Educação, que se encontrava
em viagem ao exterior, e disse a eles que
poderia precisar de seus cargos numa even-
tual reforma. Naquela época, a idéia do
presidente era iniciar o que vinha chaman-
do de ciclo de eficiência, no qual alguns
petistas deixariam seus cargos em virtude
do baixo desempenho. De lá para cá, coi-
sas mudaram. Como até o ministro Olívio
Dutra tem chances reais de ficar no cargo,
está claro que as mudanças não pretendem
uma melhoria de qualidade. Aparentemen-
te, Lula mantém a idéia de reduzir a in-
fluência do PT em seu governo, mas pre-
tende fazê-lo com o propósito de abrir mais
espaço para os partidos aliados, e não pa-
ra aumentar a eficiência do governo. Nem
isso, porém, será fácil. Os dirigentes pe-
tistas têm feito uma brutal pressão sobre o
Palácio do Planalto para manter os minis-
DANIELA TOVIANSKY
40 16 de fevereiro, 2005 veja
Na Esplanada
Os ministros estão longe de
obter aprovação unânime,
mas a maioria dos cientistas
políticos acha que eles podem
ficar em seus cargos
Aldo Rebelo
(Coordenação Política)
Luiz Dulci (Secretaria-Geral)
Eduardo Campos
(Ciência e Tecnologia)
Gilberto Gil (Cultura)
Marina Silva (Meio Ambiente)
Dilma Rousseff
(Minas e Energia)
Ciro Gomes
(Integração Nacional)
Márcio Thomaz Bastos (Justiça)
Celso Amorim
(Relações Exteriores)
Walfrido Mares Guia (Turismo)
O ministro Gilberto Gil (à esq.)
e a ministra Dilma Rousseff
estão na lista dos ministros
que, segundo a maioria
dos cientistas políticos ouvidos
por VEJA, devem ficar no
governo; Luiz Dulci e Marina
Silva (acima) também
estão nesse time
tros do PT e nomear mais um,
o deputado João Paulo Cunha,
que deixa a presidência da Ca-
mara nesta semana. Querem João
Paulo no lugar de
Aldo Rebelo, do
PC do B, que comanda a articulação polí-
tica do governo.
A ida de parlamentares para o gover-
no é uma peculiaridade do presidencialis-
mo brasileiro que ajuda a transformar os
governos numa multidão de políticos e
num deserto de técnicos na equipe de pri-
meiro escalão. Em toda a história republi-
cana, o Brasil sempre teve o artificio da li-
cença parlamentar, mecanismo que auto-
riza um político a assumir um ministério
ou outro cargo sem renunciar seu man
dato no Congresso. É uma prática típica
do parlamentarismo, mas virou norma no
presidencialismo brasileiro. Nas grandes
democracias de regimes presidencialistas,
como os Estados Unidos, quem assume
um cargo no Poder Executivo precisa, obri-
gatoriamente, renunciar a seu mandato par
ERNESTO RODRIGUESIAE