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Documents from Gilberto Gil's Private Archive

Instituto Gilberto Gil

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Brazil

  • Title: Documents from Gilberto Gil's Private Archive
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    CLIENTE: Gilberto Gil VEÍCULO: O Globo - RJ SEÇÃO: Segundo Caderno 31/08/2009 CLIPPING SERVICE DATA: ESTAÇÃO ÁFRICA . Continuação da página 1 Em música e palavras, um continente complexo Durante três noites, debates e shows abordaram questões políticas, raciais e culturais sem perder a diversão de vista Hudson Pontes Marco Antonio Teixeira Antes do show de Gilberto Gil na sexta-feira, primeiro dos três dias do Back2Black, o fes- tival reuniu num debate o mú- sico irlandês Bob Geldof e o escritor sul-africano Breyten Breytenbach, com mediação do escritor angolano José Eduardo Agualusa. A questão central foi a complexidad África e como o mundo - e a própria África - deve lidar com esse dado. - A África reúne 53 países, com dois mil idiomas. São duas mil teologias, duas mil economias, dois mil teatros - listou Geldof. — Não podem ser pensadas como unidade. Para Breytenbach, presiden- te do Gorée Institute, a ideia de Estado-Nação não preen- che as necessidades específi- cas dos povos africanos: Como pensar outras for- mas de organização? Talvez os blocos econômicos que já exis- tem sejam um caminho. Mas antes de responder a qualquer pergunta, devemos saber a quem a África pertence. Hoje, os povos não têm beneficio so- bre o que é tomado da África. Geldof questionou a própria aplicação direta na África do conceito de democracia. - E se a democracia não for uma ideia universal, e sim local? individualismo funcionou pa- ra nós, para nossa economia. Bem, pelo menos até o ano pas- sado - brincou. - A África criou uma cultura de comparti- lhamento, até porque atraves- sou condições no qual o indiví- duo não sobreviveria. O para- digma do século XXI é a coope- ração, não a competição. Por is so, a África está muito à frente A sexta-feira seguiu com shows de Gil e do senegalês Youssou N'Dour - antecedido por uma breve apresentação YOUSSOU N'DOUR e Marisa Monte: "Seven seconds" e "Vapor barato" MV BILL: o rapper fez defesa da afirmação negra em verso e em prosa Marco Antonio Teixeira Hudson Pontes GELDOF FALA, observado por Breytenbach (à esquerda) e Agualusa N'Dour, o cineasta sul-africano Gavin Hood, a cantora Angeli- que Kidjo, do Benin, e o rap- per carioca MV Bill falaram do papel da arte e da educação e abordaram questões raciais. do hondurenho Aurelio Marti- nez. Com seu afro-pop que al- ternava momentos incendia- rios - a formação da banda in- cluía três percussionistas e um baterista - e outros de aguda melancolia, N'Dour fez um óti- mo show, que teve a participa- ção de Marisa Monte. Ela fez um dueto com o cantor em seu hit "Seven seconds", no qual ci- tou "Vapor barato". No fim, Ma- risa, Gil e o senegalês se uni- ram em "Blowin' in the wind". O sábado foi aberto por um debate no qual, com a media- ção da cineasta Kátia Lund, Debate tratou de questões como política de cotas Bill se declarou a favor da política de cotas, que vê como um paliativo temporário. Ho- od ressaltou o mal que elas fa- zem à autoestima de um povo, mas disse que, no balanço fi- nal, o resultado da aplicação das cotas na África do Sul é ED MOTTA participa do show da Banda Black Rio, atração do sábado lher, educa a família", diz ela), não vê, porém, um futuro muito promissor na segmentação: - Aprendi que não devo cul- par minha cor de pele por qual- quer fracasso meu. Não acredi- to numa sociedade dividida en- tre negros e brancos. Acredito no melting pot. Se continuar- mos pensando a sociedade co- mo pretos e brancos, vamos todos dar de cara na parede. Logo após o debate, Bill vol- tou ao palco para seu show. Em verso, para a plateia atenta, ele defendia as mesmas ideias - de afirmação do povo negro e positivo. Sobretudo as que obrigam as empresas a con- templarem proporcionalmen- te todas os grupos étnicos que compõem o país. Quando perceberam que não poderiam recrutar sua mão-de-obra apenas daquele grupo de garotos brancos bem educados, as companhias pen- saram: "Ei, temos que investir na educação desses outros grupos" - contou Hood. Angelique, que trabalha com uma fundação que atua na edu- cação de mulheres africanas ("Quando você educa uma mu- de denúncia do que ele qualifi- cou como genocídio de jovens negros da periferia que apre- sentou no painel. A apresenta- ção teve a participação da rap- per Kmilla, ao lado de uma ban- da que incluía naipe de metais e violino, além de DJ e bateria. Graça Machel cancelou participação no evento A Black Rio, atração seguin- te, homenageou Tim Maia lem- brando canções como "Sosse go" e "Gostava tanto de você", mas investiu também em re- pertório além-Síndico. Nas par- ticipações especiais, eles fo- ram do soul-funk ornamentado de Ed Motta à dureza de rap- pers paulistanos como Mano Brown. A noite se encerrou com a festa que uniu os rit- mos/danças kuduro (DJ Zno- bia), krumping (DJ Goofy) e funk (Sany Pitbull). O baile não esquentou a plateia como de costume. O público, aliás, com- pareceu mas não chegou a lo- tar a capacidade de 5 mil pes- soas da Estação Leopoldina. Ontem, o debate "A África na construção do mundo" reu- niu a economista Dambisa Moyo, do Zâmbia, e Gil, com mediação do historiador Al- berto da Costa e Silva. A ativis- ta moçambicana Graça Ma- chel, mulher de Nelson Man- dela e uma das presenças mais esperadas do Back2Black, par- ticiparia da mesa, mas cance- lou sua vinda ao Brasil por mo- tivos de saúde. Entre as atra- ções musicais do último dia, estavam Dona Ivone Lara, Mart'nália, Margareth Mene- zes, Angelique Kidjo e a cuba- na Omara Portuondo. O GLOBO NA INTERNET O GALERIA Veja mais imagens oglobo.com.br/cultura
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