CLIENTE: Gilberto Gil
VEÍCULO: Jornal de Brasília - Brasília
Política
CLIPPING SEÇÃO:
SERVICE DATA: 02/12/2007
PRIMEIRO ESCALÃO GOVERNO TEM ARESTAS A APARAR E HAVERÁ TROCAS NO MINISTÉRIO
Outra dança das cadeiras
FABIO POZZEBOMABR
Márcio Falcão
O
uando os senadores
terminarem de ana-
lisar a prorrogação
da Contribuição Provisória
sobre Movimentação Financei-
ra (CPMF), o presidente Lula
voltará suas atenções para um
tema que tem evitado a todo
custo: a reforma ministerial. A
previsão é de que pelo menos
quatro integrantes do primeiro
escalão do Governo deixem a
Esplanada dos Ministérios ano
que vem. Os motivos são os
mais diversos: desde disputa
por mais espaço no Governo de
partidos da coalizão até a elei-
ção municipal de 2008.
Estão cotados para serem
substituídos os ministros de Mi-
nas e Energia, Nelson Hubner;
da Cultura, Gilberto Gil; da Pre-
vidência, Luiz Marinho; e do
Turismo,
Marta Suplicy. Se con-
firmada a saída desses ministros,
essa será a segunda mudança
ministerial no segundo mandato
do presidente Lula. A primeira
ocorreu em março deste ano,
quando Lula empossou cinco
novos gestores.
assado, o presidente
foi obrigado a trocar o co-
mando da coordenação política
do Governo. Walfrido dos Ma-
res Guia não resistiu à de-
núncia da Procuradoria-Geral
da República, que o acusou de
operar um esquema de desvio
de verbas públicas. O deputado
José Múcio
Monteiro
(PTB-PE) foi quem assumiu a
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Secretaria de Relações Insti-
tucionais.
Motivos
Por causa da pressão do
PMDB, a substituição de Minas e
Energia deve ser a primeira. As
articulações já começaram. O
presidente fez um convite in-
formal para o senador Edison
Lobão (PMDB-MA) assumir a
Pasta. Desde maio, os peeme-
debistas lutam para retomar o
comando do setor energético, que
atualmente é tocado pelo petista
Hubner, que ainda ocupa o cargo
interinamente. Eles perderam o
ministério com a saída de Silas
Rondeau, suspeito de receber
propina de uma construtora. "É
claro que o PMDB quer seu
espaço de volta o mais rápido
possível e Lobão é um bom no-
me", avalia o líder do PMDB no
Senado, Valdir Raupp (RO).
A situação dos ministros da
Na Cultura, foi o ministro Previdência, Luiz Marinho, e do
Gilberto Gil quem resolveu dei- Turismo, Marta Suplicy, é bas-
xar o Governo alegando can- tante parecida. Os dois devem
saço. Gil se recupera de cirurgia, sair do Governo para disputar as
realizada há um mês, para a eleições municipais de 2008. Pe-
extração de um calo nas cordas la lei eleitoral, eles podem per-
vocais. O ainda ministro afirma manecer até março como mi-
que a agenda ministerial atra- nistros se quiserem concorrer.
palha a recuperação. specia Marinho, inclusive, está enga-
lizei a minha em cantar, e jado em sua campanha pela Pre-
ultimamente tenho usado mais feitura de São Bernardo do
para falar", declarou o ministro. Campo, berço político do pre-
Dois nomes são apontados co- sidente
Lula. O ministro reco-
mo possíveis sucessores: o donhece a pré-candidatura. "É um
atual deputado federal Frank chamado que o partido faz. Se
Aguiar (PTB-SP) e de Juca Fer- for de fato uma vontade da
reira, atual secretário-executivo cidade, eu, no momento opor-
do Ministério da Cultura e braço tuno, tomarei a decisão".
direito de Gil na administração.
A saída da ministra do Tu-
AGENDA MINISTERIAL TEM PREJUDICADO A RECUPERAÇÃO DE GIL
rismo é a mais incerta de todas.
Marta vive um dilema entre per-
manecer no Turismo e abdicar de
ser a principal liderança política
do PT na capital paulista para a
eleição municipal - o que poderia
manter sua indicação ao Planalto
- ou sair do ministério e enfrentar
uma batalha contra o ex-gover-
nador Geraldo Alckmin (PSDB).
Se deixar a Pasta, a ex-prefeita
arriscaria jogar fora qualquer
chance de disputar a Presidência
da República dois anos depois.
As especulações em torno de
possíveis dos possíveis substi-
tutos de Marinho e Marta ainda
não começaram, mas a expec-
tativa é de que sejam nomes do
próprio PT.
4 trocas em 5 anos
Insegurança
Apesar de o presidente Senado, Ideli Salvatti.
Lula afirmar que não gos-
ta de realizar Reforma
Ministerial, nesses quase
cinco anos de mandato já
se deparou por quatro ve-
zes com esta questão.
Dos 36 ministros de 1º de
janeiro de 2003, apenas
cinco se mantêm até hoje
e
no mesmo cargo: Celso
Amorim, das Relações
Exteriores; Gilberto Gil,
da Cultura;
Marina Silva,
do Meio Ambiente; Luiz
Dulci, da Secretaria Ge-
ral da Presidência; e ge-
neral Jorge Félix, da Se-
gurança Institucional.
A pasta com maior ins-
tabilidade na Esplanada é a
da Secretaria de Relações
Institucionais. Desvincula-
da em 2004 da Casa Civil,
ganhou status de ministério
a fama de ser o cargo
mais inconstante do Exe-
cutivo. Por lá, nestes três
anos, já passaram cinco
ministros. O que mais cha
ma atenção é o fato de que
apenas um, Aldo Rebelo
(PC do B), ter conseguido
ficar mais de um ano no
comando da Pasta.
Entre os 11 partidos
que compõem a atual base
aliada do Governo Lula,
nove já estiveram à frente
de algum ministério. São
eles: PT, PTB, PSB, PDT,
PCdoB, PV, PMDB, PP co
PR. Ficaram de fora, o PRB
eo PSC. A cota ministerial
de cada partido tem que ser
proporcional à sua bancada
no Congresso. Agora, nin-
guém nunca vai estar com-
pletamente satisfeito. Mas
acredito que o presidente
Lula tenha feito um ex-
celente trabalho em todas
as reformas que realizou",
avalia a líder do PT no
Outra curiosidade é
que quase todos os mi-
nistros da coordenação po-
lítica deixaram o cargo por-
que foram promovidos.
Jaques Wagner (PT)
saiu da articulação para
disputar o Governo do esg-
tado da Bahia e ganhou.
Tarso Genro, ex-ministro
da Educação e ex-presi
dente do PT, foi levado para
o Ministério da Justiça. O
único que saiu em maus
lençóis foi Walfrido dos
Mares, que deixou o cargo
ao ser denunciado pela
Procuradoria-Geral da Re-
pública. (MF)