Bali
quórum mínimo é de 257 deputados
presentes. Chinaglia tem apoio oficial
das bancadas do PT, PMDB, PTB, PL,
Prona e PSC. Sem infidelidade, ele es-
taria matematicamente eleito, princi-
palmente se fosse mantido o apoio ofi-
cial do PSDB. Mas isso, parece, ele per-
CONGRESSO A eleição do presidente da Câmara deu. Mas conta, ainda, com o voto se-
virou um caso de esquizofrenia política
creto e, com ele, a tentação que ocupa
permanentemente as cabines indevas-
sáveis das eleições: a traição.
POR MAURICIO DIAS
FREUD EXPLICA.
EXPLICA?
disputa para a presidência da
Câmara dos Deputados que
começou sonolenta com a
candidatura única do deputa-
do
Aldo Rebelo, do PCdoB,
tornou-se, no meio do caminho, mais
trepidante e, na reta final, um horripi-
lante caso de esquizofrenia política.
A
Marcada para o dia 1º de fevereiro, a
eleição para a escolha do presidente da
Câmara o terceiro cargo mais impor-
tante na hierarquia da República - tem,
agora, uma disputa entre três candida-
tos. Entraram no jogo, Arlindo China-
glia, do PT, e Gustavo Fruet, do PSDB.
Talvez o doutor Sigmund Freud, se
vivo fosse, se debruçasse com prazer so-
bre esse caso. O enredo básico é o se-
guinte:
- Aldo Rebelo é o candidato preferi-
do de
Lula. Uma candidatura que tem
como principal porta-voz o deputado
Rodrigo Maia, líder do PFL, que vem a
ser o partido de maior oposição ao pre-
sidente da República.
Arlindo Chinaglia, candidato do PT
(partido do presidente) e da base gover-
nista (que apóia o presidente) lançou-
se em oposição direta ao candidato que
Lula gostaria de ver eleito.
- Gustavo Fruet surgiu na última ho-
ra ou, mais exatamente, no momento
em que o PSDB, partido ao qual Lula in-
fligiu pesada derrota eleitoral, anunciou
apoio à candidatura de Chinaglia.
O furdúncio ideológico que, temporaria-
mente, torna pardos todos os gatos des-
sa história, não interessaria ao doutor
Freud. É mais uma questão de oportu-
nismo político do que propriamente
uma expressão de viés psicanalítico.
Comunista de ações e tons concilia-
dores, Rebelo busca a reeleição. Ele
disputou e ganhou a presidência da Câ-
mara após a renúncia do deputado Se
verino Cavalcanti, que pulou da cadei-
ra, no último momento que dispunha,
para interromper um inevitável pedi-
do de impeachment.
Importantíssima para o governo, a vi-
tória de Rebelo, em 2005, pôs um freio
no avanço da oposição, no auge da crise
política formada pela descoberta do cai-
Essa palavra atormenta a recém-lança-
da candidatura Fruet, um dos astros das
CPIs contra o governo e o PT. É aponta-
do como representante da “terceira via”
e tem no deputado Fernando Gabeira,
um ex-guerrilheiro dos anos 1970, seu
porta-bandeira. Gabeira é do Partido
CASO CLÍNICO. O velho Sigmund, abaixo, talvez se interessasse pela disputa entre Rebelo e Chinaglia
Verde, que tem no cantor
e compositor Gilberto Gil,
ministro da Cultura de Lu-
la, sua grande estrela.
Fruet sabe que vai lidar
com a infidelidade. O líder
do partido na Câmara, Ju-
tahy Magalhães, foi o res-
ponsável oficial pelo apoio
do PSDB a Chinaglia. Mas
não agiu sozinho. Por trás
dele, moviam-se os gover-
nadores José Serra (que teve apoio do PT
para eleger a presidência da Assembléia
de São Paulo) e Aécio Neves (que indi-
cou o vice na chapa de Chinaglia).
Sobram, assim, evidências de que a
eleição para a presidência da Câmara é,
também, uma preliminar da eleição de
2010 para a Presidência da República.
xa 2 do PT. Ela, no entan-
to, criou uma situação
inusitada pelo ineditismo.
A presidência da Câmara,
geralmente ocupada por
um parlamentar da maior
bancada na casa, caiu nas
mãos do um representan-
te de um dos partidos, o
PC do B, de bancada dimi-
nuta: sete apenas.
A candidatura de Arlin-
do Chinaglia tornou-se um catalisador
das insatisfações com Lula e com o go-
verno. Chinaglia é um parlamentar ati-
vo que já trocou sopapos (com o depu-
tado Inocêncio Oliveira, que vai votar
nele) em defesa do governo. A decisão
da competição na Câmara é definida pe-
lo voto da maioria presente mais um. O