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CLIENTE: GILBERTO GIL
VEICULO: JORNAL DO BRASIL-RJ
PAIS
21.01.2007
Helena Chagas
• BRASILIA Nem o próprio
Lula, quando decidiu adiar a
formação do novo poverno pe
ra depois das eleições da Ca
mara, imaginava que fossem
mudar tanto assim as coorde
nadas políticas que vão nor-
tear a composição do Ministé
rio. Em menos de um mês, es
trelas subiram e cafram, parti
dos alteraram posições no
ranking do poder e demissio
nários mudaram de idéia.
CENÁRIOS • Em um mês candidatos perdem e ganham força e partidos alternam posições
A roda viva do novo ministério
O presidente se defronta
agora com um PT mais forte
do que imaginava, no rastro
da recondução de Ricardo
Berzoini à presidencia, da
ex-ministro
José Dirceu e
do inesperado folego de-
monstrado pela candidatura
de Arlindo Chinaglia à presi-
dencia da Câmara. Terá que
lidar também com uma mu-
dança de interlocutores no
PMDB, a partir do fortaleci-
mento do grupo da Câmara
1 por pressiona
O PT fortalecido quer Marta Su-
plicy na Esplanada. Vai ser dificil para
Lula escapar des pressões do próprio
partido Mudou o desenho inicial de
um PT abalado e, portanto, mais vul.
neráveld perca de espaços e a ser en
quadrado pelo presidente. A volta de
Berzoini mostra a vitalidade de um
grupo que parecia morto. A articula
ção que levou Chinaglia ao favoritis-
mo na Câmara também dá poder de
fogo ao PT, sobretudo se ele vencer.
O nome desse PT que voltou a ser
maioria é Marta, cotada inclusive
ra candidata à sucesso de Lula em
2010. Outros petistas que aparecem
na foto dos prováveis ministros, co-
mo o ex-governador do Acre Jorge
Vians, por exemplo, estão mais na co-
ta de Lula do que o partido Nas úl-
timas semanas, o presidente tentou
criar um critério que o livraria da
obrigatoriedade de nomear a ex-pre-
feita, embora goste muito dela disse
que no quer nomear ninguém que
seja candidato a prefeito em 2008, O
recado chegou, mas Marta no se deu
por achada: "Pode dizer ao presiden-
te que posso ser ministra e que só
sairei do cargo para uma candidatura
se ele me pedir", disse ela auminter
mediário. Seu nome está mais cotado
para a Educação, comandada pelo pe-
tista Femando
pasta das Cidades, ambicios pelo
PT, mas que hoje é do PP.
Mulheres agem
por maridos
A influência feminina na Espla-
nada deve evitar pelo menos duas
substituições que o presidente não
queria fazer, Gilberto Gil, já confir-
depois do acordo com o PT
de Chinaglia.
Muita gente ndo gostou
quando o presidente adiou a
O dado novo mais inespe reforma ministerial para de
rado é a mágoa de Aldo Rebepois da decisão na Camari,
lote dos partidos que
apoiam: o PCdoB e o PSB de
Ciro Gomes, outro persona
gem que andou tendo suas
escaramucas com o Planalto.
Tudo isso junto deve re-
sultar, em meados de feve-
reiro ou logo após o Carnaval,
numa equipe diferente da
quela imaginada logo depois
das eleiçoes
mado, só desistiu de sair
da Cultura
depois que sua mulher, Flora-que
achava que o marido deveria re-
nunciar para cuidar da carreira - foi
puxada num canto, durante um jan-
para uma conversa
olhos-nos olhos com a ministra
Dilma Rousseff. Dilma convenceu
Flora, e Flora convenceu Gil. Luiz
Fernando Furlan estava também
fora da pasta do Desenvolvimento
Industrial por vontade própria era
zões familiares. Mas Lula recebeu
um telefonema da mulher do mi
nistro, Ana, afirmando que apoiava
a permanencia do marido. O presi-
dente comemorou.
3 Lula quer
manter Bastos
O ministro da Justiça do coração
de Lula continua sendo Márcio
Thomaz Bastos, que há quase dois
meses tenta deixar o cargo e não
consegue. Agora, novo prazo foi
negociado até 15 de fevereiro. Se
não convence-lo a mudar de ideia
até lá, Laila tende a nomear Tarso
Genro, que já está fazendo as malas
para a troca. Só não deve levar con-
sigo, por decisão do presidente, a
coordenaçdo política que gostaria
de manter.
4 Aldo e Ciro:
questão delicada
Aldo Rebelo não será ministro,
mesmo que venha a perder a elei
ção na Câmara, o que ainda não se
pode afirmar. Assim como se recul
sa a desistir, ja mandou dizer a Lula
que recusará um ministério - que
poderia ser o da Defesa. Os petis-
modo geral, anda satisfeito
com a equipe, sobretudo com
o fato de ter um Ministério
com poucas "estrelas e com
mas agora estamos vendo mais técnicos do que politi-
que foi a melhor decisko, Ele
corria o risco de montar um sustentar uma coalizão de
Ministério e ter que montar dez partidos que já estão per-
Outro poucos meses depois - dendo a paciência, terá que
dis um auxiliar direto do pre mexer na Esplanada mais que
sidente da República. gostaria.
Lula tem dado sinais a in-
terlocutores de que, se de
pendesse apenas de sua von-
tade, mudaria pouco. De um
De acordo com as novas
condições dadas, as coisas
se encaminham mais ou me
nos assim:
tas estão adorando. Alguns dizem
que Aldo não seria ministro agora
nem que quisesse, pois teria quei
mado as caravelas na relação como
PT por suas duras criticas ao com
portamento do partido do presi-
dente no episódio da Câmara. Ciro
Gomes é outro que está em situa-
ção parecida. Aborrecido como go
verno, entre outras razões, por
causa da instalação de uma siderúr-
gica no Ceará, criticou a economia
e agora saiu na defesa de Aldo Re-
belo. Não é conversa de quem vai
ser ministro.
5 Banco Central
Guido Mantega fica e Henrique
Meirelles fica, mas o Planalto quer
mudanças na diretoria do Banco
Central. Devem ser substituidos
alguns diretores mais ortodoxos na
questões dos juros por outros mais
flexiveis.
uma onça em casa, mas é preciso
estar sempre cuidando para que ela
não morda o pé do dono".
O ex-ministro Delfim Netto ja
esteve mais perto de um ministé-
rio, embora possa vir a ser um as-
sesso especial no Planalto. Delfim
chegou a ser sondado por Lula para
ocupar a Agricultura, mas não se
interessou muito e o próprio presi-
dente recuou. A pasta agora pode ir
para outro partido aliado, O ex-czar
da economia, porém, poderia acei
, .
tar o Banco Central ou o BNDES,
mas parece que nenhum dos dois
lhe será oferecido. Nas palavras de
um palaciano, "Delfim é como uma
onça; todo mundo gostaria de ter
O PMDB leva
mais uma
Delfim, ministro 8 Situação estável
O PMDB, que já tem três pastas,
deve ganhar pelo menos mais uma.
E, se for mesmo uma só, o nome
sairá da Camara, provavelmente
Geddel Vieira Lima, que represen-
ta o novo grupo de interlocutores
do governo no partido-os ex opo
sicionistas e neogovernistas. O Se.
nado de Renan Calheiros e José
Sarney deve manter seu espaço
com Silas Rondeau (Minas e Ener-
gia) e Helio Costa (Comunicações).
A pasta da Saúde pode ser usada
ra unir o útil ao agradável: nomear
O secretário José Tempordo, cujo
trabalho e elogiado no governo,
mas que também agrada muito ao
governador do Rio, Sérgio Cabral.
As mudanças no Palácio do Pla
nalto serio pontuais, se houver.
Gilberto Carvalho, secretário par-
ticular, pede para sair, por razões
pessoais, mas Lula não deixa. Dil-
ma Rousseff fica onde está, embora
aliados de Jorge Viana achem que o
ex-governador do Acre tem perfil
talhado para a Casa Civil. Não se sa
be o que
Lula acha, mas ele vai pro-
curar outro lugar para Viana. Luiz
Dulci também não sai do Planalto,
mas como acumula duas funções
(Secretaria Geral e Secretaria de
Comunicação), pode conseguir se
livrar de alguma delas.