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Documentos do Arquivo Pessoal de Gilberto Gil

Instituto Gilberto Gil

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Brasil

  • Título: Documentos do Arquivo Pessoal de Gilberto Gil
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    CLIPPING SERVICE CLIENTE: Gilberto Gil VEÍCULO: Primeira Página - São Carlos SEÇÃO: Variedades DATA: 19/10/2008 Iniciativa “É no palco que refaço as energias”, diz Gilberto Gil Cantor inicia turnê nacional este fim de semana, no Rio de Janeiro. HENRIQUE PORTO/G1 Forró, reggae, samba-de-roda.. É Gilberto Gil de volta aos palcos brasileiros na estréia da tume "Ban- da larga cordel", mesmo nome que batiza seu primeiro CD de canções inéditas em 11 anos. Os cariocas terão a oportunidade de conferir o novo espetáculo neste fim de se- mana, no Vivo Rio. E, dessa vez, verão o artista por inteiro, não mais tendo que dividir a agenda entre a música e os compromissos como ministro da Cultura. "É dificil dizer, mas é possível e provável que essa experiência politica influencie minha obra da- qui por diante", avaliou o compo- sitor, recém-chegado de uma tem- porada no exterior, que incluiu Canadá, Estados Unidos, Japão, Argentina e Paraguai Ainda com disposição de ro- dar o mundo tocando e cantan- do, Gil conta que as excursões hoje são menos extensas do que em outros tempos (“já sou um ra- paz de 66 anos"), mas reconhece que o palco é o lugar de recarregar as energias. "É ali o grande ban- quete, é onde me farto", explica. Gil recebeu a equipe de repor- tagem do GI em sua produtora, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e *conversou com exclusividade so- bre o novo disco, música, tecnologia e politica. Confira tre- chos do bate papo também em video Como foi o processo criativo de seu último disco? Gilberto Gil Em "Banda larga cordel" reuni canções que compus nos últimos 11 anos, com exceção de "A faca que o queijo", que já existe há mais tempo. Ve- nho mexendo com gêneros pro- priamente brasileiros e esse dis- co, mais uma vez, reitera isso. Não o vejo como uma novidade em si. É como "Parabolicamará" ou "Quanta"... Esse último, sim, era um disco ambicioso no sentido conceitual, querendo discutir questões científicas e artísticas. O Sr. acabou de retornar de uma excursão internacional. Como é a receptividade do seu tra- balho como músico no exterior? Gil - O que acontece é o se- guinte: temos na Europa, no Ja- pão e nos Estados Unidos um público que já tem referências da música pop brasileira, com certa ênfase na bossa nova, que é o elo mais firme. É o que eles mais co- nhecem e o que mais identificam como música brasileira. Apesar disso, muita gente também vem seguindo o pós-bossa nova, se interessando pelo tropicalismo e por artistas subsequentes ao mo- vimento, como Ivan Lins, Djavan, Carlinhos Brown, Marisa Monte, Lenine... Todo esse pessoal tem hoje um pequeno nicho desse ter- ritório brasileiro no exterior. Eu sou um deles. No meu caso, estamos falando de fas que vêm se acumulando há 20, 30 anos. Já é um pouco como no Brasil. E como anda a disposição fisi- ca para mais uma turnê? Gil-Não é mais como no tempo de "Refazenda" e "Refavela", em que fazia 200 shows por ano e passava por 60 ou 70 cidades. O "Banda larga" deve ir a umas 20 cidades, que já está de bom tamanho. Antigamen- te, fazia nessas excursões quatro ou cinco shows seguidos. Agora não pode ser mais assim. Eu sou um rapaz de 66 anos (risos). Mas o palco é o lugar de refazer as ener- gias. E o grande banquete. É ali que cu me farto. Ali eu danco, canto, toco, mostro minha poesia, mostro minha música, minhas composições e arranjos, a forma de me relacionar com os novos timbres e novos instrumentos. De onde vem esse seu interes- se por ciência e tecnologia? Gil - É um fascínio que te- nho desde criança. Gosto de e es- tar ligado ao pioneirismo disso tudo e de acompanhar essa trans- ferência que o Homem tem feito para o mundo mecânico, para as máquinas. Essa concessão de es- paço que damos aos mundo au- tomático e matemático, que vai tomando conta da vida da gente. Como já previa Nietzsche, é a consciência dando espaço para novas formas de vida e novas for- mas de Humanidade. Tenho mui- to interesse por ciência, ciberné- tica, nanotecnologia e biotecnologia. Sou um curioso, fico acompanhando essas possi- bilidades: onde a ciência, a técni- ca, a filosofia e a politica estão indo? Fico ligado nessa transfor- mação conjunta que a Humanida- de vai sofrendo Você é um dos grandes entu- siastas da internet. Como se dá essa relação entre sua obra e a rede? Gil-Sou um disponibilizador, disponibilizo minha obra para es- ses experimentos. Não gosto de ser um artista com sua própria visão fechada das coisas, uma visão de exploração de um determinado ter- ritório seu. Quero reexperimentar e abrir espaços. A internet mostra muito claramente que é isso o que está acontecendo. Três meses após sua saída do Ministério da Cultura, como o Sr. avalia esse trabalho? Gil-Posso dizer que me pre- ocupei com elementos básicos enquanto gestor da cultura no Brasil. Como fazer essa associa- ção entre economia, cultura e dis- tribuição de renda. A questão das verbas: continuar fazendo um tra- balho convencional de repasse ou incluir novas áreas? Identifi- car os incluídos e excluidos nes- se processo, avaliar se esses re- cursos estão sendo distribuídos para alguma coisa realmente rele- vante. Como investir em novas áreas e instrumentalizar novas potencialidades que não estão nos museus e nas bibliotecas. Cuidar da cultura que ainda não é consumida porque não encon- trou espaço para se expressar ou porque não chegou àqueles eco- nomicamente deprimidos. Esse foi o papel do Ministério, evidente- mente junto de outros setores da sociedade. Levamos esse discur- so sob a necessidade de haver um reprocessamento em função des- sas emergências, dos novos ne- cessitados dos recursos públicos e privados para a cultura. O Sr. carrega alguma espé- cie de culpa com relação à sua gestão política ? Gil-Não. Qual seria a culpa de ter desejado, tentado e, de al- guma forma, conseguido realizar um trabalho público para o Esta- do brasileiro? o Sr. acha que o trabalho como ministro vai influenciar seu processo criativo daqui pra fren- te? Gil-É dificil dizer, mas é possi- vel e provável que sim. Muita coisa ficou na memória e no coração: as imagens da nossa gente, as mani- festações e expressividade cultural brasileiras, nossas heranças indige- nas, africanas, européias e asiáticas. Isso tudo acabou me impressionan- do muito. Claro que já tive essas ex- periências como artista. Mas, como ministro, tive a oportunidade de ver além das platéias. Acho que, de al- guma maneira, vai impactar simofu- turo da minha criação da minha música, da minha poesia e do meu discurso. É natural que assim seja.
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