GUIA NOVOS CDS
Madame Saatan ***
Madame Saatan Roquenrou Beibe
Hard rock com toque feminino e letras
confusas sem perder a agressividade
WWW.
NO BRASIL, FAZER HARD
rock mais elaborado
não é missão fácil. Para
muitas bandas, parece
que basta arrebentar os
instrumentos e gritar
no microfone. Resultado: tosqueira.
Como Madame Saatan, banda do Pará
que tem uma mulher nos vocais, é dife-
rente. Além de autora de todas as letras
deste primeiro CD, que está sendo lança-
do de forma totalmente independente,
Sammliz tem o maior vozeirão. Como
microfone em punho, a loura tatuada é
agressiva e lembra, em alguns momentos,
a Pitty dos tempos de Inkoma. Destaque
para o início meio balada da música "Ele
Queima Ela Sorri". E para a química
en
tre os músicos, que se entendem até mes-
mo quando interrompem a pauleira para
deixar rolar uma batucada na música
"Cine Trash". Bem que as letras podiam
ter um tanto mais de lógica." "Eu sinto a
solidez de um corpo estranho/Em meus
olhos agora/O tempo dispara, suicida
personagem em nós / As horas, silêncio ,
lugar", canta Sammliz em "Molotov".
"Messalina" parece fazer menção aos
tempos do Império Romano, mas não dá
para garantir que seja isso. Com "Prome-
teu", acontece a mesma coisa: o mito gre
go dá titulo à faixa, mas a letra não conta
uma história. Mesmo assim, a banda agi-
ta e deixa a esperança de que não esteja
sozinha por aí. Confusões assim são boas
de encontrar.
CHRISTINA FUSCALDO
Guillemots */
Red Polydor UK
Banda britânica cai na armadilha
pop em segundo álbum
EM 2006, QUANDO AS
guitarras e o revival do
pós-punk pareciam ter
dominado a Gra-Breta-
nha, o Guillemots foi
uma grata surpresa com
sua estréia, Through the Windowpane. O
disco era carregado de faixas emotivas e
melodias bem trabalhadas, de clima qua-
se onírico. Natural, portanto, que a ex-
pectativa pelo sucessor desse disco, que
ganhou o Mercury Prize do ano, fosse
grande. Acontece que Red está fadado a
ser uma decepção retumbante. E não é
preciso muito para fazer essa constata-
ção. "Kriss Kross", que abre o disco e a
seguinte, "Big Dog" (essa é a mais cons-
trangedora), mostram que o líder Fyfe
Dangerfield resolveu apostar os tubos no
pop descartávele sem qualidade. Salvam-
se, ao menos, "Falling Out of Reach" e a
balada "Words". Triste dizer isso, mas
Redé forte candidato para figurar na lista
dos piores do ano. LEONARDO DIAS PEREIRA
MUDHONEY
Dois discos e show
na festa de aniversário
da Sub Pop
Garotos
Ícone do grunge de Seattle lança
dois discos para celebrar 20 anos
Mudhoney
Superfuzz
Bigmuff:
Deluxe Edition
Sub Pop
****
Mudhoney
The Lucky
Ones
Sub Pop
A GRAVADORA SUB POP E O MUDHONEY ESTÃO COMEMORAN-
do 20 anos juntos e não poderiam selar a parceria de forma
mais simbólica. A Sub Pop lançou simultaneamente no
dia 20 de maio dois discos de sua banda-patrimônio. O
primeiro é uma versão especial de Superfuzz Bigmuff, o
álbum de estréia. Lançado originalmente em outubro de
88, é o início e, ironicamente, o ponto máximo do que o
grunge viria a representar. As músicas não são sujas,
mas imundas e no melhor sentido da palavra. "if i
Think", "Burn It Clean", "Mudride” chegam a ser estúpi-
das de tão divertidas. Além dos clássicos, a nova edição
traz a sombria "The Rose" (da coletânea Sub Pop 200),
além de impagáveis versões demo e registros ao vivo.
O > segundo é The Lucky Ones, nono álbum de inéditas.
As músicas es
sestão estruturadas a partir do ritmo, e não ape-
nas de um riff, como antes. "Running Out", por exemplo,
está firmemente enraizada no garage rock dos anos 60, só
que sem o elemento punk. "New Meaning" traz o humore
a ironia que se tornaram marca da banda, sobre uma batida
dançante e certa aura mod. O Mudhoney amadureceu, o
ímpeto puro do começo continua ali, só que agora é mais
abrangente. Citando "Im Now", a faixa de abertura: "The
past makes no sense / The future looks tense" (algo como
“O passado não fazia sentido/O futuro parece tenso"). Para
uma banda que do nada, eles che bem longe. E,
enquanto houver espaço para um rock genuíno, eles estarão
por aí, os mesmos garotos elétricos de sempre. CARLOS MESSIAS
Download: Vídeo
Damn Laser Vampires
***
"Next Time You Ride"
Uma das bandas mais originais da
cena indie gaúcha, o DLV mistura
Psychobilly e atitude punk. Nes
te clipe de "Next Time You Ride",
POR MÁRCIO CRUZ
dirigido pelo próprio trio, Ronal-
do Selistre empresta seu vocal
poderoso a um demônio de moto
cicleta que apavora a estrada de
Cachoeirinha (reduto dos aman-
tes do motociclismo perto de Por-
to Alegre) e clama por salvação
gritando "Johnny" (Cash?).
Ari Borger ****
AB4 ST Records
Jazz-funk de gente grande marca
novo disco do pianista
SE A PALAVRA "TECLA-
BORGER dista" faz você lembrar
de Luiz Schiavon com
um sintetizador verme
lho no pescoço ou do
cãozinho dos teclados
mandando brasa no forró, esqueça, com
Ari Borger o buraco é mais embaixo: Pia-
no Steinway, órgão Hammond B3, Fen-
der Rhodes e clavinete são os instrumen-
tos que fazem parte da cartilha desse
pianista que consolidou sua carreira
acompanhando - e gravando com os
mais importantes artistas de blues do
Brasil. Apesar desse histórico-Ari che-
gou a gravar seu próprio disco de blues
em 2001, época em que morou em New
Orleans - AB4 navega pelos suingantes
caminhos do jazz-funk. No melhor estilo
Jimmy McGriff, Lonnie Smith e compa-
nhia, Ariarrasa seu Hammond nos funks
"Na Pressão", "Acid Groove", "Soul 61"
"No Caminho do Bem", aquela mesmo
do Tim Racional. Em "Señor Blues",
"Blue Monk" e "Tributo a Oscar Peter-
son", impossível não ficar impressionado
com sua técnica ao piano, impossível
também não lembrar de Ramsey Lewis
na belíssima "Trip Song". O bom gosto
na escolha de instrumentos, timbres e
sonoridade vintage, imprescindível ao
estilo, é a cereja do bolo.
RODRIGO PIZA
Al Green ****
Lay It down Blue Note
Lendário soulman volta à forma com novo
comparsa, ?uestlove, do The Roots
AL GREEN VOLTOU CO-
mo se nunca tivesse ido.
Não que ele estivesse
sem fazer nada bom,
mas seus últimos dois
discos, I Can't Stop
Everything's Ok, soam mais como bons
trabalhos de alguém meio sumido. Lay It
Down soa exatamente como Al Green
deveria soar. Está lá a bateria marcada, o
soul sensual que corteja o ouvinte com
cordas elegantes e o inconfundível false-
to. Após 62 anos, Al Green parece mais
Al Green do que nunca: nos gemidos de
"All I Need", nas harmonias e no alcance
vocal que ele esbanja em "No One Like
You". Grande parte da culpa é de Ahmir
"?uestlove" Thompson, baterista do The
Roots e produtor do disco. Profundo co-
nhecedor da música do mestre do soul,
ele fazo esperado com perfeição e adicio-
na modernidade na medida. As partici-
pações dos metais do Dap Kings, de John
Legend e, principalmente, Corinne Bai-
ley
Rae em "Take Your Time" são à altura
da obra do reverendo - que ganha com
este álbum versículos fundamentais para
seu evangelho.
FILIPE LUNA
***** Clássico /**** Excelente / *** Bom/** Regular / * Ruim Rankings supervisionados pelos editores da Rolling Stone.
Hide TranscriptShow Transcript