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CLIENTE: Gilberto Gil
VEÍCULO: O Liberal - Belém
SEÇÃO: Magazine
DATA:
31/07/2008
Gil confirma que deixa a Cultura
É O ADEUS
O ministro cita
música dos Beatles
para admitir que vai
deixar o MinC
ocupado com a escolha de seu
sucessor. "O importante é que
o dia em que não estiver mais
no Ministério da Cultura, ele
sucessor) estará lá. A contri-
buição que tivermos dado es-
tará lá e a responsabilidade do
presidente da República como
ministério também estará lá.",
ministro da Cultura, Gil-
berto Gil, admitiu publica-
mente ontem que vai dei
xar o governo do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, Gil se
reúniri ainda ontem com Lula
no Palácio do Planalto, em Bra-
sília, para discutir sua saída
do ministério. "Vai ser notícia
quando tiver que ser", disse ele
se referindo a sua saída. "Vou
encontrar com o presidente
para tratar da data da minha
saída", afirmou Gil após parti-
cipar de debate sobre direitos
autorais.
Ao ser questionado, ontem,
sobre a possível saída do mi
nistro da Cultura Gilberto Gil
do governo, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva respondeu
que o cantor e compositor te
ria tido uma "recaída" depois
de fazer uma turnê do seu
novo disco. "O Gil teve uma
recaída, depois de retornar de
uma temporada com artistas.
Ele vai priorizar o que é impor-
tante para ele)", disse Lula an-
tes de iniciar o almoço oficial
com o presidente da Costa Ri-
Para anunciar sua saída, Gilca, Oscar Sánchez, no Palácio
citou a música "Let it Be", dos do Itamaraty.
Beatles: "Let it Be", cantarolou.
"Deixo as coisas acontecerem
As coisas vem e vão. Deixe es-
tar. Let it be."
Os rumores sobre a saída
de Gil do ministério existem
desde o início do segundo
mandato de Lula. O ministro
estaria encontrando dificulda-
des para conciliar sua agenda
política com a carreira artís-
tica. Ele já havia sinalizado
a Lula a intenção de deixar
o governo, mas o presidente
vinha tentando mantê-lo no
governo.
Segundo Lula, o "Brasil não
pode prescindir do Gil só na
política", comentou. Essa não
é a primeira vez que Gil cogita
deixar o governo e priorizar a
carreira artística. Porém, todas
as outras vezes que manifes-
tou o desejo de sair foi conven
cido por Lula a continuar no
ministério.
Gilberto Gil está no minis-
tério da Cultura desde o pri-
meiro mandato de Lula, em
2003.
SHOW
Ontem, Gil avaliou positi-
vamente sua passagem pelo
governo. "Acho boa. É uma
avaliação positiva. Estamos
exportando um conceito tec
nológico para outros países.
Conseguimos fazer do samba
de roda um patrimônio mun.
dial. Foram 4,5 anos impor-
tantíssimos para ministério",
disse ele.
Gil disse que não está pre-
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Há alguns dias, Gilberto Gil
retornou ao Brasil depois de
um giro internacional com seu
"Banda larga cordel". O "Banda
larga cordel" teve um primei-
ro ciclo (a turnê "Banda larga"),
no ano passado, quando as
músicas novas foram chegan-
do, "Não tenho medo da mor-
te", "Banda larga cordel", "Não
grude não"... Depois, o disco foi
gravado. O CD é um elemento
experimental no conjunto to-
do, um trabalho que Caetano
está conceituando como obra
em progresso. Tanto que, dois
meses depois do disco, muita
coisa já se transformou no
repertório. Na Europa, estava
fazendo "Garota de Ipanema"
e "Something", numa versão
samba-reggae soft, que não
sei se vou manter aqui no Bra-
sil. Lá, "Garota de Ipanema"
é uma coisa, aqui é outra. O
show se adapta aos contextos,
aos momentos, à itinerância
do próprio show. Há algumas
certezas: "Não tenho medo da
morte", "O oco do mundo",
"Banda larga cordel", "Despe
dida de solteira", "Gueixa no
tatame", umas oito ou dez
do disco novo. Fora isso, é
"Andar com fé", "Palco",
"Vamos fugir"..
Gil diz que obser-
va o futuro com a
paciência e a tole-
rância dos velhos, já
sem as ansiedades
ea urgência dos jo-
vens. "Nem tudo se
dará no meu tem-
po. Haverá novas
desconstruções. Se
espero ser descontru-
ido? Sim, espero que
no futuro alguém se
incumba disso (risos)".
Nas suas falas no pal-
co, Gil comparou Obama
a Lula ("Como se deu com o
presidente Lula no Brasil, Oba-
ma representa no mundo um
novo registro político-social"),
lembrou que os índios Cari-
ri já chamavam de samba as
reuniões musicias promovidas
pelos descobridores portugue
ses, antes mesmo da chegada
dos africanos, citou Adam
Smith ao falar do samba co-
mo patrimônio imaterial do
Brasil e questionou o conceito
de música de qualidade, defen-
dido por um ouvinte da rádio
numa pergunta:
"É uma idéia polêmica, os
conceitos de bom gosto são
discutíveis, as expectativas
"Deico
as coisas
acontecerem.
As coisas
vêm e vão".
dos diferentes setores são va-
riáveis. Há música de qualida-
de nos lugares em que não se
espera e música sem qua-
lidade nos setores iden-
tificados com a quali-
dade. Há a turma do
Pará, a oxente music,
o axé, o pagode,
o reggae, o rock...
Como vamos defi-
nir que a qualidade
está só em alguns
desses campos?
A posição mais
correta, a meu
ver, é a demo-
crática. Contri-
buir para o o que
você acha que
é de qualidade,
sem desrespei
tar o outro. Eu
procuro pôro
meu regador
no canteiro
da quali-
dade".