VANCUARDA Pág. 18 EDIÇÃO XIII/ ANO 2008
CULTURAL
O MINISTRO DA
TROPICÁLIA
NO PONTO EQÜIDISTANTE
ENTRE OS TRÓPICOS
y Ardo Pedrosa
ministro da Cultura do Brasil veio finalmente ao Amapá. Um acontecimento inédito que vai
O
are the properti.com på vilas
do leitor nenhumad nunca antes de 28 de abril de 2008, o Amapá recebeu um minis-
tro da Cultura do Brasil. Até presidente da França já esteve por aqui, mas ministro da Cultura...
NUNCA!
E o ministro, provocador da quebra desse ineditismo absurdo que já vai tarde, tinha que ser
exatamente o tropicalista e doce bárbaro baiano Gilberto Gil.
também pelos bons e .
o lançamento do Programa Mais Cultura do MinC, mas estimulado
esses?! Ora, o mais soberano e cultural de todos - só o bloco dos para aras ressentidos contesta essa
afirmação - vem do ruflar das asas do Brilho de Fogo no Sambódromo, quando a Beija-Flor de
Nilópolis, ao bater no peito, fez converter espetacularmente em seu enredo as nossas potenciais
exuberâncias, conquistando assim o título de campeã do Carnaval 2008. Esses ventos-olha o bloco
Janeiro, fizeram um xiriguidum por lá e estão aqui de volta trazendo na sua insustentável leveza o
dos parauaras ressentidos ai do novo - são ventos do nortel Ventos que foram à cidade do Rio de
cordial ministro Gilberto Gil para dar pessoalmente aquele abraço" na nossa gente e nesse pedaço
de floresta e cultura amazônicas que estão a pulsar naturale literalmente no meio do mundo.
ENTREVISTA ESPECIAL
Gillerto Gll
Não creio que seja conveniente
aqui tecer considerações se a
história cultural brasileira tem
do generosa ou não com a Região
Amazônica. Apesar do
Se oriente, rapar
Pela rotação da Terra em torno do Sol
Oriente - Giberto G
de abril deg
Vanguarda:
contemporánea do turismo, dos
grandes fluxos culturais ligados
aos negócios e do entretenimen-
to. Isso era uma coisa absoluta-
mente inexistente até bem pouco
tempo. Hoje, manifestações co-
mo its de Parintins já são reco
Inicialmente eu queria saudara natural que essa região tem donamentals, com políticas públi-
vinda do ministro da Tropicália - resto do Brasil, por causa das cas que digam respeito direta
cu prefiro chamá-lo assim - 20 suas caracteristicas geográficas, mente a cultura, politicas indire-
nosso Estado. E, aproveitando o ecológicas etc., e mais ainda portas em outros setores que possam
ensejo, queria convidá-lo - eu sei causa da sua condição demogra- rebater na cultura, como agora,
que não está na sua agenda - a fica, uma região de imenso por exemplo, está tentando fazer
visitar o monumento Marco Zero território e pouca população, o ministro Mangabeira Unger
do Equador, que é o ponto mais comparada a outras regiões do Ministério para Assuntos nhecidas pelo
Brasil dessa
dimensão importante da
emblemático de Macapá, por onde Brasil, enfim... Mas não quero Estratégicos) em trazer uma
passa
a linha imaginária que divide aqui cometer injustiças, uma vez nova dimensão de desenvolvi- Amazônia. A proporção em que
Uma tenhamos capacidade de transfe-
seguinte: nós, que moramos na exponenciais da vida cultural nova dimensão de
o mundo. E a minha pergunta é a que temos representantes mento para a Amswoh
rir populações de outros lugares
Amazónia, e, sobretudo, no amazônica, pra citar um: o poeta mento, de fortalecimento do do Brasil para a Amazônia,
Amapá, sempre estivemos muito Thiago de Mello - é amazonico e empreendedorismo local, do populações interessadas no
em
menos nos últimos 50 anos, a
região. A capacitação da
isolados do resto do Brasil, e-pelo tem dado uma contribuição médio e micro negócio para a Co nas suas várias possibili-
Amazônia, para que ela pessa dades, poderemos a partir dai
começar pela Bossa Nova, passan-
do pela Tropicália, que faz 40 anos
novos processos económicos e
compartilhar novas tecnologias, capacitar melhor as populações
amazónicas para o exercicio de
suas vidas
as nas várias formas de
ção da cultura brasileira ocorre-
modelos de negócios, na medida
ram ou ganharam ressonância no
em que seja devidamente cultura e nas várias formas de
implantado na Amazônia, e que produção. Obviamente que isso
chamado eixo Rio-São Paulo. O
ela responda positivamente a
que nos da Amazônia - e eu digo
não é trabalho para um governo
"nós porque eu também sou com
esses novos estímulos. Isso só para uma gestãos, mas
positor popular - podemos esperar do
deverá impactar o fator cultural trabalho para uma sucesso de
governo Lula, para que seja rompido
governos daqui pra frente. É
Amazônia, e no resto do Brasil.
esse isolamento?
como o professor Mangabeira
Essa é a nossa expectativa com a
diz: "É preciso ter os marcos
cultura. Manifestações recentes iniciais, os processos iniciais que
como as que ocorrem em antecipem... Seja uma prestação
Parintins, que até bem picos
amazon
anos eram absolutamente nico no Brasil e desse futuro
ignoradas. A contribuição indi- brasileiro na Amazônia
extraordinaria à cultura do
Brasil. Pra citar outro, na área da
amazonico e tem dado extraordi-
nária contribuição à música. Nós
temos ainda no Pará músicos,
maestros,
cupitul amazone ositores...
Na
temos o Teatro Amazonas que, ao
longo da história, tem prestado
serviços inestimáveis à vida
cultural brasileira. Então, de
certa maneira, ainda que, no no
nivel, mas na medida necessária,
o país tem fruido um pouco da
cultura. E isso evidentemente
que precisa ser intensificado
,
ENTREVISTA ESPECIAL
GG
O país tem fruído
um pouco da dimensão
amazônica na sua cultura.
E isso evidentemente
que precisa ser intensificado
com ações governamentais,
com políticas públicas
que digam respeito
diretamente à cultura.
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CULTURAL
Gilberto Gil
Mos: Chico Terra