CLIENTE: Gilberto Gil
VEÍCULO: O Globo - RJ
CLIPPING SEÇÃO: Rio
SERVICE DATA: 23/08/2009
Festival africano dará vida à gare da Leopoldina
Back2Black reunirá atrações nacionais e internacionais em shows, conferências, danças e exibições de filmes
Marco Antônio Cavalcanti
Jacqueline Costa
• Desativada em janeiro de
2001 e muito pouco usada des-
de então, a gare da Estação Leo
poldina vai ganhar vida de no-
vo. Da próxima sexta a domin-
go, esse patrimonio arquitetôni-
co do Rio será transformado
numa pequena África para dar
lugar ao Back2Black Festival.
Nomes nacionais e internacio-
nais estarão reunidos em
shows, conferências, discus-
sões, apresentações de dança,
projeções de filmes. Não impor-
ta a atividade, o objetivo é re-
lembrar o continente como ber-
ço da civilização e valorizar sua
importância global.
A escolha do lugar não foi à
toa. Connie Lopes - diretora
da Zoocom Eventos, empresa
responsável pela concepção e
realização do festival expli-
cou que a antiga estação foi
eleita para sediar o Back2Bla-
ck por sua história, arquitetu-
ra e centralidade. A expectati-
va é que cerca de cinco mil
pessoas circulem por lá a cada
noite do evento.
- Escolhemos a Leopoldina
porque é um ponto estratégi-
co, perto de todos os bairros.
E é um espaço que tem que ser
Poderi reali-
zados tantos eventos culturais
aqui. Assim como o Porto, é
uma área que merece atenção
especial -- diz Connie, ao lado
da sócia, Julia Otero.
O festival mostrará que não
é preciso ir tão longe para co-
nhecer a cultura, a politica e a
divisão geográfica da África,
entre outras particularidades
do continente. Convidada para
assinar a ambientação do even-
to, a cenógrafa Bia Lessa fez o
que define como uma instala-
ção, batizada de "Somos todos
africanos. Somos todos huma-
nos. Back to Black". Usará ma-
pas, textos e fotos. Tudo foi fei-
PÁG.: 27
to com muito cuidado para não
ofuscar a grandiosa arquitetura
da Leopoldina, tombada em
1991 pelo Instituto Estadual do
Patrimônio Cultural (Inepac).
O trabalho de Bia e sua equi-
pe, cuja montagem começou
na segunda-feira, inclui a dis-
tribuição de nada menos do
que 140 imagens, cada uma
com três metros de altura por
1,80 metro de largura. Estam
padas em tecido, as fotos mos-
trarão paisagens, pessoas, tri-
bos. Espalhados pela gare es-
tarão 13 televisores, com três
fones cada, que exibirão docu-
mentários sobre a África. Per-
to do teto, será possível ler es-
tatísticas sobre o continente.
E gigantescos mapas darão
um panorama populacional,
político e linguistico dos paí-
ses. No fundo do palco, ficará
um painel coberto por flores
vermelhas e amarelas.
- Nossa preocupação é dar
ao espectador a noção do di-
verso Mostrar a pobreza, a ri-
queza, as etnias, as contradi-
cões. Também não queria es-
conder a Leopoldina, que eu
acho o melhor espaço do Rio
de Janeiro. É a entrada do su-
búrbio e da Zona Sul, é um lugar
de convergência - afirma Bia.
Painel simulará o
pôr do sol africano
Do lado de fora da estação,
na saída para o estacionamen-
to, ficará um painel gigantesco
coberto por uma lycra na fren-
te e formado por 200 lâmpa-
das superpotentes. A ideia, su-
gerida por Connie, é simular a
luz do pôr do sol africano.
A intenção não foi fazer
um sol cenográfico, mas mos-
trar uma luz acachapante, po-
derosa, dourada e que deixa
todo mundo lindo como o sol
da África - continua Bia.
Um dos trens que estão para-
dos na plataforma de embarque
e desembarque abrigará uma li-
vraria e uma boate. No lugar da
capela da estação, ficará o estú-
dio do fotógrafo João Wainer.
Haverá ainda quatro bares es-
palhados pelo evento e um es-
paço de convivência com cerca
de cem mesas.
É impressionante como Con-
nie tem na ponta da lingua no-
mes, números e mil informa-
ções sobre a África. Antes de
dar ao evento a sua forma final,
ela caiu na estrada e viajou por
Senegal, Moçambique, Angola e
África do Sul. Seu interesse pelo
continente surgiu há quatro
anos, quando montou a editora
Língua Geral, associada ao es-
critor angolano José Eduardo
Agualusa, curador das confe-
rências do evento.
Há dois anos estamos tra-
balhando no projeto. Na ver-
dade, a ideia é até um pouco
mais ampla. A gente quer, um
dia, fazer um musical cujo te- BIALESSA, ladeada pelas organizadoras do Back2Black, Connie Lopes e Julia Otero, na Leopoldina
ma será a origem do universo
através da mitologia africana.
Até chegar lá, resolvemos fa-
zer um festival anual. Vale a
pena falar numa coisa que va
mos mostrar nos mapas: a di-
visão. A África foi dividida em
territórios, e não por etnias, o
que deveria ser motivo de
rande reflexão para que
dia o continente tivesse paz -
explica Connie.
A Estação Leopoldina fica
na Rua Francisco Bicalho s/n
Os preços (cheios e promo-
cionais)
são R$ 80 (palestra e
show); R$ 60 (show); R$ 130
(combo dois dias de palestras
e shows); R$ 160 (combo três
dias de palestras e shows). Es-
tudantes e professores da re-
de pública pagam meia. A clas-
sificação etária é de 16 anos e
as bilheterias abrem a partir
das 12h do dia do evento. O es-
tacionamento custa R$ 10. Pa-
ra saber mais: www.backtobla-
ckfestival.com.br.
Confira a programação do evento
. DIA 28: Das 20h às 21h30m, . DIA 29: Das 20h às 21h30m, do mundo. O futuro", com a econo-
será realizada a conferência conferência "Cultura e desenvolvi- mista Dambisa Moyo, que condena
"Construindo utopias", com o mento", com o cineasta sul-africano o envolvimento de celebridades
cantor e ativista irlandês Bob Gavin Hood - que venceu o Oscar com a causa africana e diz que a
Geldof, respo
ega- e melhor
estrangeiro por inica chance do continente para o
festival Live Aid, benefício "Tsotsi", em 2005; o cantor Youssou desenvolvimento é o investimento
da Etiópia, e pelo Live 8, em prol N'Dour e MV Bill. A mediadora será interno e a conscientização dos go-
de toda a África; o escritor e pin- a cineasta Katia Lund, co-diretora de vernos locais: a ativista política
tor sul-africano Breyten Breyten- "Cidade de Deus". Shows: MV Bill, Graça Machel, viúva do ex-presi-
bach, um dos grandes nomes na às 22h, e Banda Black Rio, às dente de Moçambique, Samora
luta contra o Apartheid e e que 23h30m, que fará uma homena- Machel, e terceira mulher de Nel-
hoje preside o Gorée Institute, gem a Tim Maia, com Ed Motta, son Mandela; e Gilberto Gil. Alberto
no Senegal. O mediador será Jo- Mano Brown e Ice Blue (os dois úl- da Costa e Silva será o mediador. As
sé Eduardo Agualusa, premiado timos do Racionais MCs). À 1h, ha- 19h, começa a celebração do sam-
escritor e cronista angolano, de verá o Encontro das Periferias: o ba, com Mart'nalia, dona Ivone La-
grande sucesso em Portugal. As funk carioca (com o DJ Sany Pitbull ra, Luiz Melodia, Marina Lima, Ma-
22h, Gilberto Gil faz um show e bailarinos), o kuduro de Angolaria Gadú, Margareth Menezes e Ro-
acústico. As 23h30m, o senega- (com DJ Znobia e bailarinos) e o drigo Maranhão. Da África, se apre-
lês Youssou N'Dour, considerado krumping de Los Angeles (DJ Goofy, sentam Angelique Kidjo (Benin),
por muitos "a voz da África", se Miss Prissy, Deuce).
Paulo Flores (Angola) e Mayra An-
apresenta, com participação de
drade (Cabo Verde). De Cuba, virá a
Marisa Monte
dama Omara Portuondo.
• DIA 30: Das 17h às 18h30m,
conferência "A África na construção
Hide TranscriptShow Transcript