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Documents from Gilberto Gil's Private Archive

Instituto Gilberto Gil

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Brazil

  • Title: Documents from Gilberto Gil's Private Archive
  • Transcript:
    ração imensa pelo Lula, que pediu para ele ficar. O Gil foi picado pela mosca da politi- ca. Música ele gosta muito, mas não escu- ta. Se ligo o rádio, fala: "Pra que rádio?" E também não gosta de se ouvir, é tímido. O que mudou na vida de vocês quando Gil se tornou ministro da Cultura? A primeira mudança foi o terno, que ele ama. Monta- mos um apartamento funcional em Brasí- lia, mas não compensava eu ir porque o Gil viaja muito. Nos fins de semana ele vai pro Rio e quando tem show vou junto. Viagem de ministério não vou, não tenho muita função, só como companhia mesmo. Entraria para a política? Nunca. Politica é coisa pra homem, eles têm mais paciência. E politica é tempo. Mulher é mais práti- ca e lúcida, quer resolver tudo na hora. Há exceções, claro. A Dilma Roussef ministra- chefe da Casa Civil] é uma grande mulher comandando os ministros com sabedoria. Você e o Giljá passaram por crises? Nunca. Já fui ciumenta, brigona, implicante, agora sou menos. Tenho ciúmes de certas pes- soas com ele, mas nada perto do que era antes. Hoje tenho preguiça de discussão. Como lida com os boatos de traição? As vezes recebo e-mails de pessoas falando para eu ir apurar, muito fora do Brasil. Brin- co que, se alguém sabe de alguma coisa, não me diga, porque não vai adiantar. Talvez volte a roer unha e não quero. Não tem es- sa de um ficar atrás do outro. “Acho que foi a idade, desisti de ser chata. Ser go na Bahia. As crianças acabam sendo usadas pa- chata é foda” ra mandar recado, fazer chantagem. Depois que elas crescem parece que todo mundo cres- ce junto. Hoje a Sandra almoça em casa. E você era uma menina, ela estava com o Gil havia 12 anos... Menina, 20 anos, inse- gura. Ai vê a ex-mulher, que já teve filho, fica criando monstros. Mas tudo passa. Fa- lo isso não porque sou legal, se elas fossem umas chatas não seriam bem-vindas. Pelo que você e o Gil brigam? Brigar é muito raro. Mas discuto com ele sobre me- mória, falo uma coisa e ele esquece. Para quem não o conhece, é fácil brigar com o Gil, ele fala alto, discorda. Tem gente que se assusta e eu falo: "Para de falar assim" Mas é o jeito dele. A gente se gosta, não tem essa de jogar na cara um do outro. De onde vem essa tranquilidade? Não vem de criança, eu sempre criava problema. Acho que foi a idade, porque desisti de ser chata. Ser chata é foda. Prefiro ter amigos e viver na paz. Preguiça é o meu maior defei- to, que acaba sendo uma qualidade. Quem tem preguiça não se mete em encrenca. Você é muito assediada? Era menos, quan- do na Bahia as pessoas queriam estar no camarote. Agora sou mais, porque a pessoa também tem um recado para o Gil. Quando conseguem ficar juntos? O Gil não gosta de jantar fora, de ir ao cinema. Ele só faz isso quando viaja. Eu já gosto de uma mesa com amigos. Ele gosta de solidão, de ficar contemplando, como o Dorival Caymmi. Eu já quero falar no telefone, passar e-mail, ligar o MSN. Se ele está quieto, lendo, ligo a televisão e fico quieta do lado. Embora não pareça, gosto de ficar Como é o relacionamento com as ex-mu- Theres? Com a Belina, a primeira, sempre foi tranqüilo. A Nana (Caymmi] é só alegria. E fala: "Como você agüenta aquele preto horroroso?". A Sandra foi dificil, porque foi a última. Depois foi ficando suave. As fi- lhas dela, a Preta e a Maria, moraram comi- 20 | PÁGINAS VERMELHAS em casa, conversando até 3h da manhã. Gosto de ir para o sitio em Ara- ras [R], o Gil fica tocan- do. Tentamos ficar sozinhos lá, mas, no ca- minho, liga o Jorge Mautner, uma amiga e acabamos chegando em oito pessoas. É mais fácil fora do Brasil. Fomos para a Sui- ça, uma lua-de-mel. De manhã ele traba- lhava, à noite nadávamos, víamos filmes. Como se conheceram? Em 1978, trabalhava na Levi's do Shopping Ibirapuera, em São Paulo, e ganhei do gerente uma viagem para Salvador. Fui com uma amiga e, saindo de um show da Baby Consuelo, pedimos caro- na. Um carro parou, e nele estavam o Gil e a Regina Casé. Eles nos deixaram no hotel e falaram para irmos à praia da Boca do Rio. No dia seguinte, conhecemos Caetano e Vera Zimmerman. O Gil me disse: "Fiz u- ma música com seu nome" Aí cantou "Flo- ra" e me cantou. Linda, falava de jaqueira (“Imagino-te jaqueira, postada à beira da es- trada, velha, forte, farta, bela, senhora"). Vol- tei, ele ligou e começamos a namorar. Ele estava casado com a Sandra (Gadelha, terceira mulher, mãe de Preta e Maria Gil)? O casamento estava no fim, não separei ninguém. Ninguém tira ninguém de nin- guém. Depois de um ano, em 1980, fui mo- rar com o Gil em um sítio em Jacarepaguá. E seus pais? Meu pai ficou abalado. Mas, do mesmo jeito que achava uma loucura, passou a não achar. O Gil é um doce. Mas era casado, preto, baiano, músico, com trancinhas no cabelo, tinha sido preso com maconha, exilado, era muita informação para uma família tradicional de italianos. Como era a vida no sítio? Uma delícia, ele ficava fazendo música, acordávamos tar- de, iamos para o Baixo Leblon ver os ami-
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