olhos. Tanto que a última remo-
delação das figuras, há alguns
anos, até hoje gera polêmica.
Ô Salvador, você encheu
o Zé Pereira de uns bonecos
muito feios. Tem que voltar
aos anteriores alfineta Pau-
lo César Souza, presidente do
segundo bloco mais tradicio
nal da cidade, a Bandalheira,
ao encontrar o colega.
Bem mais jovem -- tem ape-
nas 35 anos - o bloco faz um
desfile no mínimo peculiar.
Congestionamento de foliões
não é problema: ninguém o
segue. Inspirado nas bandas
militares, o bloco sobe e des-
ce as ladeiras em marcha ace
lerada, levando seu baticum a
áreas onde nenhum outro soa,
como os bairros pobres e o
asilo municipal. O baticum,
aliás, é um capítulo à parte.
Para integrar a banda, basta
chegar na concentração com
uniforme - camisa branca e
calça e gravata pretas -eins-
trumento. Bandalheira total —
mas com todo o respeito.
Zé Pereira e Bandalheira
não aposentam a batucada
depois do carnaval. É comum
apresentarem-se também no
grande evento seguinte da ci-
dade, a Semana Santa. Não se
conversa com ouro-pretano
que não diga "você tem que
vir aqui na Semana Santa". As
duas igrejas matrizes da cida-
GRUPO FAZ
SERENATA na
Rua Direita:
uma das
surpresas
da antiga
capital
mineira
BLOCO DO
CAIXÃO: para
não limitar o
número de
foliões, faz a
festa só com
concentração,
sem desfilar
pelas ruas
de – a de Nossa Senhora da
Conceição e a do Pilar -- re
vezam-se na organização da
festa, e, como se pode esperar
de uma rivalidade que data
dos conflitos entre paulistas e
emboabas, uma faz de tudo
para superar os feitos da ou-
tra. Portanto, os tapetes de ser-
ragem são cada vez mais lon-
gos e as celebrações, mais ela-
boradas. Deduz-se pela pró-
pria data que não é uma festa
no estilo "vou me acabar",
mas uma oportunidade de ver
que a fé promove belos espe
táculos
Depois de mostrar sua força,
a religiosidade deixa o calen-
dário a cargo da cultura, que
Divulgação/25-12-2003
ultrapassou as duas semani-
nhas do já consagrado Festival
de Inverno, dedicado às mais
diversas artes, e hoje é repre
sentada também por eventos
dedicados exclusivamente ao
cinema, ao
jazz e à literatura.
Caçula, o CineOP chega este
ano à sua terceira edição; na
estrada desde 2002, o Tudo é
Jazz caiu no gosto do povo
promovendo shows gratuitos
de músicos badalados como a
pianista Diana Krall, e cabe ao
Fórum das Letras pôr o povo
para pensar ao lado de escri-
tores como Sérgio Sant'Anna
ou Marçal Aquino no fim do
ano, antes que se comece a só
pensar em carnaval outra vez.
Evento atrás
de evento
Como se não bastasse
o patrimônio histórico,
Ouro Preto tem festas e
festivais para todos os
gostos, durante o ano in-
teiro. Confira a seleção
abaixo e programe-se.
CARNAVAL: Cerca de 30
blocos desfilam pelas la-
deiras da cidade no fe-
riado. Há de cortejos tra-
dicionais, como o Zé Pe
reira, aos muitos coman-
dados pelas repúblicas
de universitários
SEMANA SANTA: Um quilo
métrico tapete de serra-
gem e a fé dos morado-
res são as principais
atrações da festa, que in-
clui ainda shows.
CINEOP: Desde 2006, os fil-
mes nacionais, clássicos e
contemporâneos, inva-
dem a cidade durante
cinco dias de junho.
FESTIVAL DE INVERNO: Em
julho do ano passado,
230 mil visitantes confe
riram as atrações, entre
shows, debates e espetá-
culos voltados à cultura
afro-brasileira.
TUDO É JAZZ: Há seis anos
que, em setembro, o jazz
soa nos teatros e praças
públicas de Ouro Preto.
FÓRUM DAS LETRAS: Orga-
nizado pela Ufop, o fó-
rum promove debates
sobre literatura em no-
vembro, há três anos,