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Documentos do Arquivo Pessoal de Gilberto Gil

Instituto Gilberto Gil

Instituto Gilberto Gil
Brasil

  • Título: Documentos do Arquivo Pessoal de Gilberto Gil
  • Transcrição:
    D10-O ESTADO DE S.PAULO Caterso2_ZAP! SEXTA-FEIRA 26 DE FEVEREIRO DE 1999 A rapper Lauryn Hill é a rainha do Grammy Concorrentes masculinos tiveram de se contentar com categorias exclusivas de homens rês horas que entrar para a história. Recordes foram que brados, tendencias consagra- das e tabus encerrados. Mas nada se compara vitória de Lauryn Hill, de agora em diante conhecida como a Rainhado Grammy, Sema cantora, a pper, compositora e produtora, a pre- miação do Grammy teria sido lembra- da apenas como o ano da mulher", ró- tulo que já tinhsido aplicado ao even- to do ano passado, que, no entanto, nem dekongecomprou-se à Lavade minina de quarta-feira De fato, as mulheres não deram chance ao sexo outrora forte nas prin- cipais categorias de melhor allsum à melhor música de rock A vitória femi nina não chegou a ser uma surpresa Na verdade, faltaram surpresas o Grammy, que foi orquestrado de for ma a consagrar os artistas escalados para cantar entre a distribuição dos premios O ano das mulheres marcou um novo recorde de Grammys ganhos porum artista feminino. Lauryn Hillle vou cinco gramofones dourados, ba- tendo a marca anterior de quatro Grammys registrada por Carole King em 1971. Ela agon soma, no total, se te Grammys, pois tinha faturado dois. em 1907 pelo grupo Pugees. Madonna, que recebeu tres Grammys e foi tanto a melhor vestica da noite, num modemerimo kimono escarlate, quanto a mais desafinada, em seunúmero de abertura da premia- ção, já pode se considerar, nos 40 anos, parte da velha guarda. Até en- tão, ela só tinha ganho um Grammy em categorianbo-musical - melhor vi- deo em 1901. Sento fosse por Lauryn Hill, teria sido sua consagração. Mas sua vitória diz mais respeito à longevi dade de sua carreira do que a qualida- de artistica de seu novo album. Madonna, dessa vez, era a represen tante estilosida indústria contraamo lecagem de uma rapper novinhaemul to abusada. Enquanto Madonna prech- sa agradecer-emulto, como fezaore- ceber o Grammy de melhor album pop-aos produtores de seus discos, que mucam seu modelito musical co mo se ela fosse uma top model semes. tilo próprio, dá para reconhecer uma identidade não-descartável em das as cantoras que se apresentaram, trilha do filme Titanic levou quatro Lauryn Hill. Ela não vai virar tecno foi a country Shania Twain quem fez Grammys, incluindo o de canção do nem oriental no próximo álbum.Odis um show próximo do rock. A elimina- ano. Trata-se de um lançamento de co do ano mostra uma tremenda per çho de diferenciais 1997, que já figura sonalidade, deve-se à massifica- em listas de piormu- Mas algumas mulheres são mais ção da indústria, sica da década. Mas iguais que as outras. Shania Twain e que pensa em ter- também foi o single Dixie Chicks deveriam ser, supostamos de discos de mais vendido durant mente, artistas de country music, Celi- platina obtidos por te o ano passado, o ne Dionde música pop e Alanis Moris meio de crossovers sette e Sheryl Crow cantoras de rock - cruzar as barrei que demonstra a coerênciamercanti- Há dez anos, ninguém confundiria es ras entre os estilos, listado Grammy ses gêneros musicais. Então, como é agradando a todos Ja premiado com que elas som de forma similar? Se o country de o Oscar de melhor Sheryl Crow ganhou o Grummy de Sheryl Crow érock, canção, o endosso melhor álbum de rock. Mas The Globe Celine Dion é heavy metal. do Grammy ao hit de Celine Dion re- Sessions nio passa de um disco de Pensando bem, Celine Dion é hea presentou o reconhecimento da indis country music. Por outro lado, de to- vy metal de ouvir. Sua participação na tria do disco à Hollywood. Os silbuns MADONNA ERA A MAIS BEM-VESTIDA DA NOITE Ela gravou CD na casa de Bob Marley, na Jamaica Album-solo de estréia combina o rap liquido com a interpretação quase religiosa GREG KOT Rolling Stone urante tres semanas, no outo- no de 1997, Lauryn Hillmu com o fato de estar criando canções para outras intérpretes. Inicialmente, escreveu uma música chamada E. Factor, que acabaria sendo um dos Carros-chefe de The Miseducation of Lauryn Hill, para um grupo de rock. Até compus num tom bem acima do meu, para outra canton, e inclui um solo de guitarra no final", conta. Masa letra sobre uma relação complicada- "Ikeep letting you back in/ How can! tal como posso me explicar?) - fex Lauryn compreender que estava criando um manifesto tão pessoal que só ela poderia interpretar Gong original, a casa que Bob Marley construiu em Kingston, na Jamaica Lauryn estava bem longe de su casa em South Orange, New Jersey, mas não conseguin imaginar lugar melhor Assim que a ideia do álbum come para seu álbum solo de estréia, The cou a consolidar-se, uma onda de boa- Miseducation of Lawrm Hillindicatos sobre o nome do produtor tomou dos para dez prêmios Grammy. conta do meio artistico e chegou-se a "Odisco ainda estava na minha ca falar em Wyclef Jean, do Fugees. Mas beca", diz a cantora, mãe de dols fl- Lauryn não pensou em ninguém, s Thos com Rohan Marley, um dos finela mesma "Esse album acabousen lhos de Bob. "Quando comecei a gra- do um projeto extremamente pes- vir o disco em Nova York e New Jer sal justifica. sey,muita gente me falava sobre uma Ela encheu seu estúdio de Nova guinada na cureira, mas as vibraçoes não eram boas".conta "Queria um lu- gar com boas vibrações, um lugar em que me sentisse em casa, em familia, em Tuff Gong" culasse os elementos do hip hop, mas fosse exposta à musicalidade, queper- cebesse que as duas coisas não são mutuamente excludentes", explica. Lauryn Hill partiu de improvisações com os musicos. "Não é fácil para uma muller estar no co mando, porque de inicio, há muito respeito", diz. Além disso, tenho umalin gungemum tanto in tuitiva, que só quem meconhecebemen tende, mas os músi cos mais velhos ge malmente compreen- diam exatamente o York com todo tipo de instrumento musical que já tinha ouvido numa gra- vação, entre eles uma espineta. Sua educação musical começou em casa, em New Jersey, com seus pais, queu- Mas houve um momento em que viamsoul clássico, funke R&Beela in- The Miseducation of Lauryn Hull del sistiu para que seu primeiro disco-so- xou de ser um projeto para ser realida lo fosse um álbum de hip hop, com as de. "Era nossa primeira manhã na Jaraízes, a integridade e o som de um dis- maicae vitodas aquelas crianças dan co antigo. "Queria que a garotada es cando e gritando ao redor de Lauryn", conta Gordon Williams, engenheiro de gravação e braço direito de Lauryn. "Ela estava com uns 15 netos de Bob Marley, filhos de Ziggy, Ste- phen e Julian, começou a cantar um verso de um rapes crianças repetiam a ultima palavra de cada frase, cheias de ritmo." A música, Lost Omes, tinha nascido alguns minutos an tes como uma linh sincopada, que Lauryn improvisou num sintetizador de ritmos: "It's funny how money que eu queria e me devamotomouno- changes a situation." Essas acaba ta que eu estava procurando. De iní riam sendo as primeiras palavras do cio, nem mesmo Gordon Williams en- álbum, na musica que contém a frase tendeu o que Lauryn estava querendo mais vendidos em 1998 foram trilhas 'I was hopeless, now I'm Hope Road" fazer. "Era como se estivéssemos mon- cinematográficas (Eu estava sem esperança agora estando um enorme quebra cabeça, mas Diante dessa avalanche de consertou na Rua da Esperança). Lauryn es só ela sabia a imagem que apareceria vadorismo, o prêmio máximo de tavamesmo, no sentido literale figur no fim", diz Lauryn Hill ganha outro sentido que do: Tuff Gong está instalado no mume Em Nova York, Lauryn deu os últi- não somente o de ponto alto do ano ro 56 da Hope Road. mos retoques em faixas como To das mulheres". A própria artista se As sessões no Tuff Gong foram a Zion, sobre seu primeiro filho, nasci- deu conta no palco, ao receber o mola mestra para saborosa mistura do em agosto de 1997, que combina Grammy mais cobiçado da noite: dis- de inovações eletrônicas e instrumen- uma batida marcial com o estilo fla co do ano. "É uma loucura, porque is tal ao vivo de The Miseducation of menco da guitarra de Carlos Santana to éhip hop", disse. Lauryn Hill, que combina também o A voz de Lauryn percorre amúsica em estilo do início dos anos 70 com a bati agudos inusitados que chegam a lem- da dos anos 90, o rap liquido com a in- brar a grande Minnie Riperton. "Que terpretação quase religiosa. São 14 fni rin que fosse uma música com duplo xas que tem como uma autobiogra- sentido, em que Zion não só represen- fia, ajomada de uma mulher jovem da tasse meu filho como esse lugar sagra- inocencia para a desilusão e, final do queria que fosse uma canção revo mente, para a paz interior trazida pelo lucionaria sobre um movimento espi- autoconhecimento. Amantes sem co- ritual, sobre minha transformação es ração e artistas sem alma são os obstá- piritual, da ida de um lugar para outro culos que ela encontra ao longo do ca por causa de meu filho. minho. A presença de Deus no dia-a- ToZion é apenas uma das várias fai- dia e as alegrias do lar e dos filhos são xas inspiradas pelas Escrituras ou decisivas. No fim da estrada, à espera por hinos religiosos. "As pessoas pen delauryn Hill, havia um pote de ouro. sam que gospel é um coral com gente The Miseducation of Lauryn Hillven batendo palmas e cantando alto, mas deu mais de 400 mil cópias na semana o gospel é a música inspirada pelos de seu lançamento nos Estados Uni Eragehos, boa parte de The Misedu dose estreou no 1. lugar na parada da cation of Lauryn Fru surgiu assim, Billboard, do conforto que en extra das passa Nada mal para um álbum que gens da Badia, porque pessoas muito Laurynsó pretendia começar a gravar próximas, minha avó entre elas, ti- depois de compor as canções. The Mi- nham morrido",conta. seducation of Lauryn Hill começou As músicas também foram uma es a ganhar forma quando a cantora en- cerrou sua turnê com os Fugees, no O que faltoudeenergianas apresen- fim de 1996, embora ela ainda não sou- tações desanimadas do rock pop-babesse disso. Ela járaumaestrela,gra lada de cinema de Aerosmith e Alanis ças ao sucesso do álbum do grupo sobrou no show de Ricky Martin, San The Score, mas isso não lhe bastava performance foi uma das poucas "Quando você está no melodatempes pausdidas de pé pela plateia-até por lade, é difícil enxergar o que há na sua Beck. Vencedor do Grammy de mis frente", diz, referindo-se as tumultus ca latina, o ex-Menudo foi o mais rodas relações de sua vida particular queiro entre os astros da música pop Lauryn fez algumas colaborações ameri reunidos no Shrine Audito com Aretha Franklin e CeCe Winanse rum. começou a compor, consolando-se No momento em que o rap come mom 20 anos de gravações oficiais, The Miseducation of Lauryn Hill tomou-se o primeiro álbum de hip- hop a ganhar o Grammy de disco do ano. Não é demais lembrar que, até re centemente, hip hop não era nem se quer considerado uma forma musical autêntica, apenas uma colagem dedis cos e que o Rap só virou uma catego riado Grammy em 1968 Rock - Jáo rock, se não morreu nun- capareceu tão velho. No ano das mu lheres, que também foi o ano do rap, os roqueiros vencedores mostraram frosenrugadas em vez da imagem de adolescencia rebelde: Jimmy Page, Robert Plante os integrantes do Ae rosmith já passar dos 50 anos de idlade. Sobrou para os trintões do Me tallica, veteranos do Grammy, conti- nuar o legado do gênero-o grupo le vou seu quarto Grunmy na categoria heavy metal. pécie de revelação. "Acabei falando muita coisa que as pessoas não sa- biam sobre mim." Pode até parecer que Lauryn queria atingir os amantes egoístas e os dirigentes da industria fonografica, que ela menciona em canções como Forgive Them Father e Superstar, mas ela nega segundas intenções. "Para viver bem, você na joga pérolas aos porcos e essa lição que estou aprendiendo toc dias." (Tradução de Ruth Helena Belinghini) ENCONTROU BOAS VIBRAÇÕES PARA GRAVAR EM TUFF GONG
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