CLIENTE: Gilberto Gil
VEICULO
CLIPPING SEÇÃO: Caderno 2
SERVICE
DATA: 03/11/2007
: O Estado de S. Paulo - SP
Música Livro:
"Quero saber
mais sobre
Raul Seixas"
Autor de 1001 Discos... esquece do rock
brasileiro, mas dá destaque à MPB
são fracos: a irmã de Caetano,
Maria Bethânia, emplacou Am-
bar (1996), mesmo ano de Alfa-
gamabetizado (Carlinhos Bro-
wn), também na lista.
Artistas das outras constela-
goes entraram na lista: Pia
zzolla, Baaba Maal, Madre.
deus, Tom Waits, Zappa, Bue.
na Vista, Youssou N'Dour. Ob
viamente, o leitor vai dar pela
falta de muita gente, como
Tom Zé, Secos & Molhados,
Raul Seixas. Mas o fato é que os
ingleses e os americanos, de
uns 10 anos para cá, começa-
ram a incluir
nos seus créditos
teóricos o peso da múslea do
Brasil na produção internacio
nal. Nojornal The Guardian, no
dia 28 de agosto, Alexis Petri.
disfaz um longo artigo sobre a
criatividade da música brasilei-
rados anos da ditadura.
O volume 1001 Discos para
Ouvir Antes de Morrer não é um
livro inútil. Só pelo levantamen-
to historiográfico (as fichas téc-
nicas dos discos, as fotos de ca-
pa, as listas de músicas, mais de
900 imagens) já seria uma res
peitável fonte de referencia.
LENNY BRUCE
Para muita gente, com a chegada
da nova era da internet, MP3.IP-
dse badulaques eletrônicos para
ouvir e fazer musica, a noção de ál-
bum está em xeque-mate. Qual
sua opinião sobre isso?
Boa questão. É claro, agora
que as pessoas podem baixar
faixas Individuais de um ál- Você acha que os musicos mais mo-
bum de forma tão barata, a dernos, hoje em dia, devem soarco-
idéia de um disco como uma mose pertencessematodo lugarea
seleção de faixasjuntadas dell nenhum ao mesmo tempo?
beradamente por um artista Pessoalmente, eu não quero
pode ser... quadrada e fora de perder minhas origens. Quero
moda. O álbum tem um futu sempre saber de onde vim,
ro? Eu acho que sim, acho que porque é uma parte importan-
haverá sempre gente suficiente do que sou, algo que carre-
te que queira o pacote musical
inteiro que um álbum te di,
mais do que faixas indivi-
duais. Mas eu só estou falando
aqui por causa da música.
Uma das glórias de alguns dos
elepes sobre os quais
você vai
ler em 1001 Discos é o trabalho
de arte que vem com eles. Pen.
se na capa no primeiro disco
de Elvis, no Ziggy Stardust de
Bowie ou mesmo em Dummy, Porque não tem jornalista sul-ame-
do Portishead. É uma das ricano entre os críticos de sua lista
.
grandes responsáveis pela for. Não há uma razdo específica
ma como os álbuns
"funciona - é só a questão do que pude-
ram" historicamente -os fas mos contatar naquele mo-
devoram as capas, as notas do mento, e aqueles que pude-
encarte, e mesmo os miolos do ram dar o retorno para a gen-
vinil como seu devorassem a te de que estavam disponí-
música também. Acho que es. veis e interessados. Eu procu-
se lado da coisa não vai desa- rei contar com um amplo es-
parecer- basicamente, as pespectro de escritores, e conse-
soas querem baixar musica guimos envolver jornalistas
barata e colocar nos seus iPo- de toda a Europa até a África
ds e muitos deles não estão do Sul e a Austrália.
preocupadas com a embala
gem. O que, no meu modo qua-
drado e fora de moda de ver as
coisas, é uma vergonha.
garei por toda minha vida,
Acredito na preservação da
identidade musical das dife-
rentes culturas, e não gosto de
música que abandona comple-
tamente suas raízes. Acho
que é possível para um artista
moderno falar para pessoas
no mundo todo sem perder o
contato com suas raízes. .
HENDRIX - Dons quase sobrenaturais em Are You Experienced (1967)
BELLE AND SEBASTIAN
If you're feelings
Jotabe Medeiros
Paixão dos anglofalantes, as
listas de melhores sempre dio
o que falar-geralmente parao
mal. Mas listas de folego, pela
abrangência, têm menor chan
ce de ser alvo da maledicência.
É o caso desse novo livro
1001 Discos para Ouvir Antes de
Morrer (Sextante, R$ 45,50,
960 páginas), um baita com-
pêndio editado por Robert Di
mery. O volume compilaos dis-
cos considerados mais rele-
vantes por 90 jornalistas e cr-
ticos de música (primordial-
mente do Hemisfério Norte).
O organizador fez um gran-
de esforço mundializante, ten
tando enxergar além de seu
umbigo (isso ndo era comum
até pouco tempo atrás). O re-
sultado ilustra que nunca se as
sumiu com tanta ênfase o quan-
to a música brasileira fol e é
influente. "Eu vou procurar sa
ber mais sobre Raul Seixas",
prometeu Robert
Dimery, em
entrevista ao Estado por
e-mail, esta semana.
Surpreendentemente, há um nu-
mero muito expressivo de músi-
cos brasileiros no seu livro: Caeta-
no Veloso, Tom Jobim, Maria Be.
Como ve hoje as mudanças do thânia, Bebel Gilberto, Gilberto
mundo da música, os processos Gil, Carlinhos Brown, Mutantes.
eletrônicos. Eoque achou da estra. Todos são de uma corrente aqui
tégia de lançamento do disco in batizada de MPB. No há quasero-
Rainbows do Radiohead (lançadock. Você conhece Raul Seixas, um
na internet e cujo preço é determi- pioneiro do rock no Brasil?
nado pelo comprador)?
Bem, é verdade que a maior
Quanto mais ferramentas para parte dos artistas brasileiros
fazer música, mais jeitos de as apresentada é da MPB. Te
pessoas terem acesso, melhor mos Os Mutantes lá também,e
.
A experiência com websiteseo você vai achar dois discos do
marketing direto aos fás sema Sepultura, cujo rock soa pode
Um respeitável número de
discos brasileiros engrossa a
lista final: Francis Albert Sing-
tra & Tom Jobim (1967), Beach
Samba (Astrud Gilberto, 1967),
João Gilberto & Stan Getz (am
bos, 1968), Caetano Veloso (Cae-
tano Veloso, 1968), Mutantes
(1968), Clube da Esquina (Mil
ton & Lo Borges, 1972), Constru-
ção (Chico Buarque, 1971),
Ogum Xang (Gil & Jorge Ben
5
Você acredita que sua pesquisa pa-
ra1001 Discosé um tipo de trabalho
de historiador? Você tem esse tipo
de ambição? Ou é apenas um ponto
de vista jornalistico? Você procura
também um sentido musical?
Bem, no posso reivindiear ser
um historiador musical, tenho
medo! Você levantou um ponto
interessante. Nossa ambição
PRESLEY
rando achar mais sobre músi
cade fora da Inglaterra Esta
dos Unidos e a música brasile-
ra é uma que quero saber mais
NA LISTA-Belle and Sebastian, em 1996, e Elvis com disco de 1956
procurei achar música nova balbo fantástico). Agora, há
jor, ), Brasil a
Ben, 1976), Gravado ao Vivo notar 1001 dimplesmente jun- que eu poderia ajudar a difun- certos discos que você sim-nos, independentes. Toda a éti-
, , no
dir uma palavra a respeito. plesmente tinha de colocar
Canecao( Tom/Vinicius/Toqui-
nho/Miúcha, 1977), Vento de
Maio (Elis Regina, 1978).
a respeito. Agora, você me indi-
ca um nome novo. Eu vou pro-
curar
ou influentes de um abrangen-
te leque de géneros musicais
dos últimos 50 anos. Alguns fo-
pouco chateadas se não os
ndo os de Radiotexeiterte. A decisão Seixas, Devo dizer que gosto
Mutantes - to jovem, tantas -
intervenção de uma compa- roso. Mas estou sempre procu-
nhia de discos, como os Aretie
Monkeys fizeram em seu pri
meiro disco, me lembra o punk
eclodiram vários selos peque
rock nos anos 1970, quando
. a
cado'faça você mesmo'éineri
Hadiscos muito vanguardisticos e
experimentals no seu livro, e tam-
soas pagarem quanto quise-
Quase tudo entre os anos ram grandes hits; outros atra-bém discos mais comerciais, como tles: Getz Gilberto Justified rem pelo disco deles son para
do Justin Timberlake; Crazy. mim como uma idéia original
tas, você teve alguma responsabili plo. Grandes hits. Mas que originais estão a milhas de dis-
das as escolhas de criticose jornalls- SexyCool, do TLC, por exem- numa indústria em que idéias
dade no balanço final?
ramos ter algo "deixado
pa tância (elum disco muito, mul-
Fico feliz que tenha mencio-
nado que há um monte de dis- definitivamente, uma decinaria
com qualquer banda, es-
ratrás" na lista também. Foi, to bom, por sinal). Não funcio-
cos experimentais no meu li- sio política. As vezes eram pecialmenteas que estão come da no ano que vem. Vamos ti
Sim, vai sair uma edição revisa-
vro. Garimpel a lista inicial os jornalistas que nos suge- çando, mas para um grupoesta-
de 1001 discos com um torna-
do criativo que atende pelo vezes Tristan e eu é que suge- para quem o dinheiro não é tempo, e vamos trocar por al
rar alguns álbuns que achamos
riam "clássicos perdidos", as belecido como o Radiohead - que não resistem ao teste de
nome de Tristan de Lancey ríamos algum. Acho que realmente
uma preocupação - guns que achamos mais vigoro
(2000). Os baianos, de fato, não brea boa música que eu gostoe vro, e eu acho que fez um tra- equilíbrio da listanal no acho que é um passo interes- sos permanecer o número
(é tive a palavra final é . E o
, e
sante e criativo. Por sinal, a cabalistico: 1001..
idéias, tanta energia.
1960 e 1970. Nos anos 1990,
surge Caetano Veloso, com Cir-
culado (1991); o Sepultura com
parece com Arise (1991) e Roots
(1996); um outsider, o iugoslavo
Suba (que viveu em São Paulo e
morreu num incendio), conse
gue a proeza de emplacar seu
único disco, São Paulo Confes-
sions (1999). Ea filha de João Gil
berto, Bebel, marca o início do
século com Tanto Tempo
Voce já está planejando um novo
Com o mesmo número cabalisti
volume para um futuro próximo?
co, 1001?
planeta quando foram lança
dos. Mas, ao fazer isso, inevita-
velmente nos criamos um livro
que habilita o leitor a traçar
uma história da música popem
todas suas formas gloriosas,
de Sinatra nos anos 50 aos Wht
te Stripes hoje. Primeiramen-
te, sou um fa de música. Como
editor do livro 1001 Discos, eu
procurei difundir a palavra so
banda inglesa The Charlatans
decidiu fazer exatamente a
mesma coisa, mas eles tiveram
ama sorte de anunciar seus pla-
nos apenas algumas horas an
tes do Radiohend, e o Radio
head atraiu toda a atenção.
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