CLIENTE: GILBERTO GIL
VEÍCULO
:
O ESTADO
CADERNO 2
06.01.2007
Beatriz Coelho Silva
RIO
SEÇÃO:
DATA:
A saída do ator Antônio Grassi
da presidência da Fundação Na-
cional de Arte (Funarte) "ainda
é assunto interno do Ministério
da Cultura". As palavras são do
ministro Gilberto Gil, anteon-
temantes da estréia do show Ca-
rioca, de Chico Buarque, no Ca-
necão. Cauteloso, ele não confir-
mou nem desmentiu a decisão,
lamentou que o assunto tenha
vazado, mas confirmou que hou-
ve uma sondagem ao músico e
professor José Miguel Wisnik
para ocupar o cargo. “Ainda não
conversamos porque ele está
de férias”, informou o ministro.
A Funarte é o órgão do governo
que executa políticas públicas
do MinC, especialmente nas
áreas de pesquisa e produção.
Osboatos
sobre a saída de Gras-
si do cargo que ocupa desde
2003, começaram a circular no
fim do ano e, na quinta, veio a
confirmação pelo secretário de
Políticas Culturais do Ministé-
rio da Cultura, Alfredo Mane-
vy."Gil considera o trabalho de
Grassi excelente, mas quer dar
novo rumo ao setor."
As reações vieram de todos os
lados. "Grassi ressuscitou a Fu-
Av. narteeinjetou oxigênionas artes
cênicas", disse o ator Juca de Oli-
veira. "Não sou petista, mas reco-
nheço a qualidade do trabalho de
Grassi. Se ele sai para outra área
tão relevante, será ótimo. Se sai
do governo, é ruim porque estare
mos recomeçando mais uma
vez", afirma a atriz Cristiane Tor-
loni. "Não votei no PT, mas aqui
DE S.PAULO-SP
Politica Cultural
Saída de Grassi ainda é
'assunto interno', diz Gil
Ministro da Cultura não confirmou nem desmentiu que o ator va deixar a Funarte
e também se recusou a comentar um possível convite a José Miguel Wisnik
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não importam partidos nem pes-
soas e sim as políticas. Não
pode
mos perderum bom time.
A atriz Marília Pêra torce
para que eles se entendam.
"Sou uma atrizesó tenho a pre-
tensão de fazer esse governo
gostar de teatro: o Lula, dona
Marisa e Gil. Gostaria que eles
se entendessem, embora a es-
colha do Wisnik também seja
ótima, nada há contra
ele."
Paulo Betti, que é do PT, se
empenhou por Grassi, mas lem-
bra que a decisão é de Gil. "Omi-
nistério é dele. Ele escolhe o ti-
me." A atriz Renata Sorrah dis-
corda. "Em mais de 30 anos de
carreira, nunca vi uma gestão
tão boa, para todos os setores.
RICARDO AYRES/AE. 20/5/2002
GRASSI - "Não tenho apego ao cargo, mas quero ver projetos andando"
Votei no Lula, me empenhei pa-
raque o Gil ficasse no MinC, mas
com toda a equipe", reclama. Gi-
selle Tiso, mulher e produtora
do
corda. "A mesma visibilidade
que Gil deu ao MinC, Grassi deu
& Funarte. Sóavolta do Pixingui-
nha, que levou músicos de gêne-
ros e estilos diversos a vários lu-
gares do País, já evidencia a im-
portância do trabalho dele", diz
ela. "A atuação de Grassi corres-
ponde aos propósitos do PT e de
Lula na área cultural."
Segundo Grassi, aí pode es-
tara raiz da questão, pois o asses.
sor da Presidência para Assun-
tos Internacionaise ex-presiden-
te do PT, Marco Aurélio Garcia,
já afirmou que o presidente
Lula gostaria de "despeti-
zar" o governo. "Deve ser
coincidência que eu eo secre-
tário de Articulação Institu-
cional do MinC, Mário Mei-
ra, também do PT, esteja-
mos para sair", comenta o
ator. "Não tenho apego ao
cargo, que sacrifica minha
carreira de ator (ele está na
novela 'Paixões Proibidas', da
Rede Bandeirantes), mas gos-
taria de verandar os projetos
iniciados há quatro anos. Os
editais de música, teatro, cir-
co, dança e artes plásticas de-
vem sair este mês. Em 2002,
não tínhamos dinheiro para
nada, agora há recursos para
tudo, já no início do ano."
Embora troquem elogios, a
relação entre Gil e Grassi tem
arestas. Este nunca reivindi-
cou a pasta da Cultura, mas a
escolha de Gil em 2002, desa-
gradou ao PT, que preferia al-
guém do partido. Quando Jo-
sé Dirceu era chefe da Casa Ci-
vil
, houve uma reunião na casa
rainfluenciá-lo, mas quase to-
dos os presentes, inclusive a
dona da casa, eram neutros ou
a favor de Gile José Dirceu ga-
rantiu que ele era a trunfo de
Lula para o setor. No fim do
ano passado,
quando Gil deci-
dia se ficava, a comissão decul-
tura do PT emitiu um docu-
mento que, em resumo, pedia
a sua permanência, mas caso
ele saísse, o melhor nome para
substituí-lo seria Grassi. Gilfi-
couea permanência de Grassi
no ministério é incerta..
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