2. SEGUNDO CADERNO
O GLOBO
Teatro cobra mais políticas públicas
Em assembléia, artistas denunciam a paralisia nas esferas federal, estadual e municipal
Guilherme Freitas
A
Indefinição sobre as
politicas poblicas para
o teatro nas esferas fe
deral, estadual e muni-
cipale o temor pela aprovacho
de alterações na Lei Rouanet
foram os principals temas da
assembleia da classe teatral
realizada na noite de segunda
feira, que atralu cerca de 200
representantes da categoria
20 Teatro Clara Nunes, na G
vea. A reunido fol promovida
por mais de dex entidades de
classe de todo o estado e con
tou com
as presenças do pre
sidente da Funarte. Celso Fre-
teschi, e do superintendente
de Arte e Educação da Secre
taria estadual de Cultura, Cal
que Botkay. A prefeitura não
mandou representantes
O tipo de pensamento expresso
pelo Mombojó é um dos alvos
da critica do compositor Ronal
do Bastos, que ve com descon-
fiança a llicenciamento público
de música. Segundo ele, "daqui
a dez anos esses músicos não
vão ter a obra deles com eles".
Isso sempre passa uma
Imagem moderna, mas uma
pessoa pode passar por moder-
na mesmo que defenda uma
ideia reacioniria. E defender a
fim do direito do autor é reacio
nário. Não há máquina ou siste
ma tecnológico novo que
fique você derrubar conquistas
como o direito autoral,
Segundo Bastos, a legislaço
brasileira prevé que o autor
de uma obra pode abrir mio
dos direitos sobre ela. Bastos
sugere como solução à queda
de venda de CDs a criação de
selos independentes
---Assim como festivalsestio
passando a ver associação ao
Creative Commons como regul
sito para as bandas, acho estra
nho a ligação a esse movimento
ter se tornado requisito pedido
por editais do Minic. É tomaro
movimento algo semi-oficial
Tudo bem o ministro, meu am
go, achar que a tecnologia val
mudar a Historia, mas ele não
pode institucionalizar isso
A advogada Deborah Sztan
berg, da Comissio de Direitos
Autorais da Ordem dos Advo-
gados do Brasil, sugere uma
ferramenta vista por la nos Es-
tados Unidos e no Canadá
- L, esto se tornando co
muns quilosques em que você
escolhe as músicas que quer
na internet e grava na hora
seu
CD, personalizada
O presidente da Associacio
Brasileira de Produtores de Dis
cos, Paulo Rosa, e enfitico na
critica licença pública
- No só o artista é titular
de direitos hi editores e produ-
tores que financiam a gravação
e a distribuição. Conteddo mu
sical é para profissionals que
querem ser remunerados,
CORPO A CORPO
GILBERTO GIL
"Vemos um esvaziamento
das politicas públicas
O produtor e diretor Dudu
Sandroni, que fazia parte de
mesa ao lado do diretor Anto
nio Guedes, citou como algu
mas das preocupações da
classe a interrupção do Fundo
de Apoio ao Teatro (Fate) que
ainda no foi homologado pela
prefeitura; a reduclo do pré-
mio Myriam Muniz, que teria
caldo dos R$ 27 milhoes anun-
clados pelo governo federal
para
R$ 6 milhoes; ea paralista sado ao propor que a verba
na Secretaria estadual de Cul para patrocinios esportivos
tura, que estaria em compassosasse da mesma faixa de ser
de espera enquanto no se de çka dos incentivos à cultura
fine o futuro do secretario Luz Na ocasião, a mobilização da
Paulo Conde cotado para a classe artistica forçou a alter
presidencia de Furnas
ção do projeto, mas a ameaça
agora, alerta Barata, está na
aprovação de uma lel que pare
tilharia os recursos da Cultura
com o Meio Ambiente
Vemos um esvaziamento
das políticas publicas para a
artes cênicas - diz Sandronl.
O presidente da Associação
de Produtores Teatrals do Rio, ,
Eduardo Barata, expressou o
temor da classe em relação
aprovação da Lei do Meio Am-
biente, um dispositivo seme
Ihante a Lei do Esporte que
causou polémica no ano pas
GIL AUMENTA A BANDA. Continuação do pada
A lider do PT no Senado,
Idell Salvatti, que participou
da reunião por telefone, ali
mou que o projeto da Lei do
Melo Ambiente está atualmen
te na Comissão de Finanças da
Camara e ainda precisa passar
Os filhos do Jornal
Classe critica fim de direitos autorais Nacional em análise
FRATESCHI esquerda, com Dudu Sandroni e Antonio Guedes na mesah "Politica pública para cultura não se faz só na hora de distribuir verba
clema da lentido do Orgãos
Compositor unlu música
popular e vanguarda
Concedido a compositores
brasileiros vivos, o Prêmio Shell
-que inclui uma quantia de R$
15 mil - já foi entregue a Do
rival Caymmi, Rita Lee, ze keti,
Moacir Santos, Chico Buarquee
Caetano Veloso, entre outros. A
unica homenagem póstuma fol
a Piadnguinha, em 1981
Tom Zé nasceu em 1933, em
Irard, Bahia. Em 1968, participou
de "Tropicalla ou panis et er
pela Comissio de Constitui-
res na mão disse Frateschi, censis" e ganhou o festival da
manifestando apoio à greve dos
e
Record com São, São Paulo,
- Temos que evitar a repe:
funcionarios federais da Cultu
a
meu amor". Unindo a vivencia
ticho de um filme ruim, como Salda do presidente anterior raque chamou de "luta Justa" da misica popular e o conheci.
aconteceu com a Lei do Espor António) Grassl. Mas os edi O superintendente de Arteemento musical adquirido com
te -- disse Idell.
tals já estao na run
Educaclo da Secretarin esta professores como o vanguardis-
A senadora afirmou que o Para Frateschi, o problema dual de Cultura, Calque Bot-
projeto do senador Marcelo Cri des políticas públicas para a kay, negou que a secretaria es lançou obras como o classico
ta Hans Joachim Koellreuter,
vella (PR-RJ) que permitiria o cultura não se resume a falta de teja parallsada e anunciou um "Estudando o samba" (1975). No
uso de recursos da Le Rouanet verbas, mas exige a redefinição projeto de aproveitamento da fim dos anos 80, o álbum fol
por igrejas, outro temor dos ar dos papeis das instituições estrutura dos Cleps de todo o
- A possibilidade de comer Politica poblica para cultu estado para fins culturals, Ins que voltou a chamar a atenção
o pro
pirado nos Centros de Educa sobre o artista, na época esque
jeto prosperar e remota tribuir verba. Precisamos discu cho Unificados (CEUS) criados ckdo. Em 2006, fol tema do docu.
O presidente da Funarte, tir as atribuições de cada um, pela prefeitura de São Paulo, o mentário "Fabricando Tom ze".
Celso Frateschi, compareceu à para fazer com que a atividade projeto promoveria a constru
reunido para se defender des artistica seja sustentável, para o clo de teatros dentro das uni
acusações da classe, que resta no precisar viver de pidades dos Cleps.
,
O prêmio será entregue nu-
ma cerimonia no Rio, ainda
sem data e local definidos,
A realidade vai à frente de tudo'
• A turné "Banda Larga serio inicio de uma
liberação de transmissão gratuita de shows
que Gilberto Gil pretende manter a partir de
agora. Num intervalo entre reuniões no Pa-
lacio Capanema como ministro da Cultura,
Gillou ao GLOBO sobre os rumos de sua
carreira artistica e como isso pode repercu-
tir em sua atuação no governo Lula.
O GLOBO A Modo de gravado e trots
missdo de seus shows me "Banda Larga"
wise manter os shows posteriores?
GILBERTO GIL: Estou querendo encaminhar
meu trabalho artistico cada vez mais para o
ambiente digital. Quero aproveitar todas as
possibilidades mais atuals de broadcasting
Lebcasting, podlasting.. tudo isso envolve a
grande mutação tecnológica pela qual at
net vem passado, que é a banda large Dal
nome da turna. Vamos ver como será esse
projeto em funcionamento na excursio da bo
ropa. No sabemos em que extensão vamos
conseguir leva-lo adiante. Mas, daqui para a
frente, sim, vou procurar fazer isso com todos
os meus shows. Todo mundo pode filmar, fo
tografar, transmitir por celular..
Como o artista que quer aderir a licence
publica resolve isso com surdoru?
GIL: Tem de haver negociação Acho que as
gravadoras estão transitando de uma posição
de resistencia absoluta contra isso para uma
postura de negociação e compartilhamento
Agora mesmo, a El resolveu por todo o re-
pertorio dela na Amazon.com (com venda sem
sistema de proteçdo ainda).
Quarta-feira, 13 de junho de 2007
Tom Zé ganha
homenagem em
prêmio de música
• A Banda Larga" poderia se refletir em ab
guma ação do ministro Gil a favor de lice
ca publica de indsica?
GIL: A Inklativa que o ministério está toman
do é de propor à Casa Civil (dla Presidencia de
Republica) e aos ministério da Educação e de
Clencia e Tecnologia, ou seja, todos que este
jam envolvidos en questes de direito do au.
tor, propriedade intelectual e patentes, uma re-
visão do marco legal brasileiro, que a legisla
cão brasileira de direitos autorais seja revista.
la encaminhamos essa proposta a Casa Civil, a
partir da nossa Diretoria de Direitos Autorais.
Autor de 'Estudando o
samba' é o 272
agraciado com o Shell
Uma das principais crilicas a licença públi-
ca de música é o eventual perda dos direitos
Goris. O que o senhor achado?
O senhor Meno licenciur publicamente GIL: O Creative Commons não exclui a remu
traballos seus, mas a Womer nido permitiu neração do artista. Uma das finalidades delee
Como seria essa negociatio?
estimular a circulação das obras, o que erano
GIL: Não sel ainda Primeiro, ndo tenho mais vas formas de remuneracho de seus autores
vinculos diretos com a Wamer, tenho contrato Em multos discos, uma duas, no mamo que
para a gravaço de mais um CD apenas Mas o trofalas sio mais divulgadas as outras ficam
acervo da minha obra está na mio deles. Por esquecidas. A circulação dos trabalhos por es
Isso, devo colocar minha obra à disposicioses novos melos possibilita a divulgação de to
por meio de novos fonogramas, que não este das as falsas, inclusive dessas abandonadas
Jam vinculados a Warner. Vou regravar todo o que praticamente foram para o lixo. A resposta
meu repertorio pela minha gravadora. Então essas críticas é a realidade. A realidade vai a
ele poderá ser posto em dominio público frente de tudo, Alessandra Duarte)
m sua 27 edição, o Pro
mio Shell de Musica val
para o compositor Tom
Ze. Participante da go
mese do tropicalismo e com
uma obra sempre provocado
ra, o balano folo escolhido do
dir formado pela cantora Zelia
Duncan, pelo guitarrista Ricar
do Silveira, pelo pesquisadore
produtor Rodrigo Feoure pe
los jornalistas Leonardo Lacho-
te (O GLOBO) e Marcia Vieira
(O Estado de S. Paulo
-Com uma noticia assim, o
que vem primeiro é a alegria
mals infantil. Fiz dez minutos
de pulo de Indio - conta o
másico. E uma redenção,
uma bênção de Mae Meini-
nha, um banho de civilização.
Livro de Isabel Travancas trata da relação da
juventude com o principal telejornal do país
D
André Miranda
Visão. A entrada da televisio na
vida social é algo de que não
uzentos e sessenta vão se lembrar, uma vez que a
questionários respon televisio começou a funcionar
melos entrevistas no Brasil (..) quando a maioria
mals aprofundadas, 16 ainda não tinha nascida
estudantes companhados de - Mesmo entre os jovens
perto e quase 10 milhões de es que têm acesso à internet, o
pectadores contemplados pela "Jornal Nacional continua sen-
pesquisa da jornalista e antro do uma referencia muito impor-
póloga Isabel Travancas. No tante. Em comparação com os
vro'luventude e televisio" (Edi- anos 70, por exemplo, a diferen-
tora FGV), que chega este més ça agora é que ele não é adnica
Is livrarias, Isabel se debruçou referência e dialoga com várias
sobre a forma como o publico midias -explica Isabel
asiste ao que ela própria define
como uma instituição do Bra Pesquisadora consegue fugir
silo Jornal Nacional", da Rede da aridez academien
Globo.
No livro, destaca-se a visão
Efez isso de maneira
mals interessante do que ape humana que a autora tem dos
nas preparar uma análise geral entrevistados. Eles são identit-
da recepcio por parte dos teles cados apenas por inicials --co-
pectadores a pesquisadora mo é de praxe em muitas meto
colheu joves universitarios pe- dologas-mas são retratados
ra entender como eles se rela de forma mais próxima e agra-
cionam com o telejornal.
dável do que se pode esperar
A escolha da Juventude co- de uma pesquisa academica.
mo objeto de pesquisa partiu Quando pergunto por que es
da curiosidade de Isabel em colheu essa carreira, Erespon
relação a seus alunos durante de que, além da influência do tr-
dez anos de experiência como mio mais velho, que é médico,
professora universitaria. Ela o fato de ter presenciado um
se questionava sobre qual acidente o marcou multo. Dois
reação deles a determinados carros bateram na estrada, e o
programas de TV
pal parou, mas mesmo o irmão,
-Existe um senso comum de estudante na época, no pode
não se interessam por informa Assim, quando Isabelafirma
que os jovens não leem, de que fazer muita coisa", relata els
ção. Antes de começar, eu tinha nos agradecimentos que uma
mesmo o recelo de descobrir pesquisa no é um trabalho so
que, na verdade, eles não vamo litario e individual, ela di Indire
Jomal Nacional. Mas descobritamente um recado a seus pos-
que vem, sim, o programa. Mulsivels leitores. No caso de
tos amam, multos odelam, mul- ventude e televisão deve se di
tos amam eodela Ninguém é zer que o resultado dessa pes
Indiferente todo mundo tem al quisa interessa a um universo
muito maior do que a obvia ac
go a dizer - conta la
A definicio para essa juventudera. Interessados milhões de
de pesquisadia está no terceiro espectadores que gostando ou
capitulo, que tem o sugestivo nio, assistiram em algum mo-
nome "Os hos de televisão": mento da vida o "Jornal Nacio.
"Este universo (..) tem idade em nal. É um livro para todos que
tomo dos 20 anos 6) Portanto, ouviram o mais famoso "bo
todos nasceram depois da tele noite" da televisão brasileira
Hide TranscriptShow Transcript