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CLIENTE: Gilberto Gil
VEICULO: Diário do Nordeste - Fortaleza
Mãe Menininha
do Gantos
SECÀO: Caderno 3
17/02/2007
A matriarca do
Candomblé
Fé ancestral
Descendente de escravos de ori-
gem nigeriana, Mãe Menininha
ganhou este apelido ainda pe-
quena, pelo fisico franzino. Foi
criada em uma casa que respira-
va os ares da religião, na sede do
terreiro do Gantois, fundado pela
bisavó na capital baiana, em
1849. Aos 28 anos, assumiu o ter
reiro de sua tia e antecessora Pul-
quéria. Foi através desta, que Me-
nininha foi iniciada nos rituais do
candomblé, ainda criança, e
guiada até chegar ao posto mais
alto na hierarquia da religião - O
de alorixá - responsável por ditar
regras e comandar todo o funcio-
namento da casa.
Não tardou para que os do
mínios da mãe-de-santo se es-
tendessem para além do Alto
do Gantois (nome herdado de
um francés, antigo proprietário
do terreno), localizado no
atual bairro da Federação. Ar-
tistas, políticos e toda sorte de
adeptos do candomblé, da Ba-
hia e do resto do país a ela se
ligaram e por ela foram adota
gênero biográfico dos como filhos,
favoreceu o indivi Antes de qualquer viagem, o
dualismo das clasescritor Jorge Amado sempre
ses dominantes. A
vida em livro ain
ouvia suas recomendações. O
compositor Dorival Caymmi e o
político Anton Carlos Maga
ninha, uma relação ainda
lhães mantiveram, com Meni-
maior de dependència, consul-
tando-a para cada passo que
ensaiavam dar e seguindo à ris-
ca seus conselhos. Entre outros
famosos frequentadores do ter-
reiro, ainda com Mäe Menini-
nha a frente, se encontram to-
cius de Moraes; os tropicalistas
do o clä Caymmi; o poeta Vini-
Gilberto Gil, Caetano Veloso,
Maria Bethania e Gal Costa;
publicitário Duda Mendonça; o
jornalista Nelson Motta e a es.
critora Zélia Gattai
nomes das artes, rendeu a Me.
A relação com os grandes
nininha declarações de admira-
ção que lhe garantiram uma so
brevida poética. O velho Caym-
EDIOUROI
CORRUPIO
320 PÁGINAS
R$ 59,90
Mãe Menininha de
Gantois
Cida Nóbrega e
Regina Echeverria
O A mais famosa
mãe de santo do
Brasil, Mãe
Menininha do
Gantois, ganha
biografia que deixa
entrever os
caminhos do
candomblé no país
DELLANO RIOS
Reporter
em dar forma a biografias e livros MÃE
de lembranças como "Cazuza: 56
MENININHA
as mäes são felizes" (com Luci- uma de suas
nha Araújo) e "Furacão Elis". "filhas", a
cantora
Maria
da é, na maioria das vezes, a vida
de um "grande homem" letrado
ou com influência sobre estes
nos períodos da história que o ler
e escrever ainda engatinhava.
Baiana de origem pobre,
Maria
Escolástica da Conceição Nazare-
th (1894-1986) rompe com essa
lógica pela expressividade de sua
trajetória. No livro, ela é chama-
da pelo nome que a tornou co-
nhecida - "Mäe Menininha do
Gantois: uma biografia" é um re-
lato sobre a vida e a obra da mãe
de-santo mais famosa do país.
O livro foi escrito a quatro
mãos pela tradutora Cida Nóbre-
ga, responsável pela biografia das
maes-de-santo Maria Bibiana do
Espírito Santo e Mäe Senhora do
Axé Opo Afonjá; e pela jornalista
Regina Echeverria, especialista
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Bethânia:
divulgadora
da fé e dos
costumes do
candomblé,
apoiada na
popularidade
junto a
famosos das
artes e da
política FOTO:
DIVULGAÇÃO
ACENCIA A TARDE
my escreveu para ela uma can-
ção que leva seu nome, em que
se ouve versos como "a mão da
doçura 'tá no Gantois". Em seus
escritos, Amado a definiu como
"uma filha de escravos que se
fez rainha, orientando o povo
baiano com exemplar dedica
ção e perene bondade".
Contra o preconceito
Para além das relações - por ve-
zes, motivadas por puro modis
mo - dos olimpianos brasileiros
com a mãe-de-santo, "Mile Meni
ninha de Gantois . uma biogra
fai" é um relato das lutas e con
quistas dos devotos do candom-
ble no século XX.
Na primeira parte do livro,
as biógrafas voltam no tempo
para contar história dos ascen-
dentes de Menininha, da cria-
ção do Gantois e, por conse-
qüência, das dificuldades de se
sustentar uma fé de origem
africana. Condenado como
crendice, o candomblé, até
meados do século passado, era
vítima de severa perseguição
policial. Em fins da década de
20, quando a mãe-de-santo as-
sumiu seu terreiro, era comum
ver rituais serem encerrados
bruscamente pela polícia.
Na década seguinte, a restri-
ção arrefeceu com uma Lei de
jogos e Costumes que, se não
respeitava de todo o culto afro,
pelo menos encontrava espaços
e horários específicos para sua
Mäe Menininha foi uma das
prática. Nos anos seguintes,
principais líderes religiosas a
lutar pela discriminalização do
candomblé e sua expansão, o