lo de exploração da televisão digital. É esta
uma discussão que independe da escolha
da modulação, do padrão a ser adotado. A
otimização do uso do espectro abre espa-
ço para que novas programações cheguem
aos telespectadores. Emissoras de interes-
se público hoje disponíveis apenas por as
sinatura poderão chegar às casas de mi-
lhões de brasileiros, assim como emissoras
comunitárias, universitárias e, natural
mente, novas redes de emissoras públicas
e comerciais. Abre-se aqui a discussão de
uma nova política pública para o audiovi-
sual brasileiro
O dinamismo da indústria audiovisual,
com a geração de mais e melhores empre-
gos, depende da criação de novos instru-
mentos legais para o setor que contemplem
preceitos constitucionais, como o estimu
lo à programação regional e a veiculação
da produção independente brasileira nas
emissoras públicas e comerciais, preceitos
amplamente adotados já em vários países.
A regulamentação desses preceitos cons-
titucionais assegurará a potencialização da
produção audiovisual brasileira e a expres
são da diversidade cultural do Pais na tele
visão aberta, meio de comunicação mais
acessível aos brasileiros e, se puder dizer,
acho que posso meio de comunicação mais
acessível a todas as populações do mundo.
Está aí a Copa do Mundo que não me dei-
xa mentir. Quase 2 bilhões de telespecta
dores assistirão aos 64 jogos da Copa na
Alemanha
A criação de novo marco regulatório pa-
ra o audiovisual e para a comunicação so-
cial brasileira envolve aspectos políticos,
econômicos e culturais que antecedem,
perpassam, acompanham e eu diria mes-
mo sucedem a implantação da tv digital.
Trata-se de um debate público necessário
cujos resultados são fundamentais para a
cultura e para a democracia
brasileiras e
para a consolidação do Pais como grande
produtor de conteúdos na era das conver
gências e da economia digital.
Vou ler agora para vocês um resumo de
pontos que o Governo e o nosso Ministé-
rio, como parte dos grupos, de vários, de
alguns dos grupos de discussão intragover-
no, vem examinando nessa questão. São
posições que estão sendo emanadas
dessas discussões que o Governo vem
fazendo
Desde o início do processo de desen-
volvimento do Sistema Brasileiro de Te-
levisão Digital se pactuou no âmbito
do Comité
de Desenvolvimento, que é
formado por 10 ou 12 Ministérios, e do
Grupo Gestor, que é um grupo de téc
nicos, envolvendo técnicos do Gover-
no, técnicos de entidades do setor téc
nico brasileiro, universidades, os 22 ins-
titutos que mencionei, que o que im-
porta no caso do sistema digital são a
robustez, a flexibilidade, a mobilidade,
a portabilidade e a interatividade.
Essas são condições, digamos assim, que
vão ser preechidas e buscadas pelo modelo
técnico a ser adotado. Há modelos que são
mais robustos, outros que são mais flexi-
veis e menos robustos, outros que têm mo-
bilidade. Eu até me referi aqui no início à
questão da robustez que todos os três sis-
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temas terão no Brasil ao adotarem técni-
cas desenvolvidas no País. Os três sistemas
só se tornardo suficientemente robustos
em termos das necessidades brasileiras caso
adotem tecnologias que forem desenvol-
vidas aqui no Brasil
Ao lado disso, se definiu que o Sistema
Brasileiro de TV Digital deverá permitir a
inclusão digital, portanto permitindo a ope
ração de outros serviços que não apenas a
radiodifusão: serviços de saúde, de educa-
ção, governo eletrônico, e assim por diante.
Considerou-se ainda que ele abre oportuni-
dades para a entrada em cena de novos agen-
tes na radiodifusão brasileira, ao mesmo
tempo que exige, dado o cenário de conver-
gência, marco regulatório claro para o setor
da comunicação social eletrônica e por con-
sequência para o setor das telecomunicações
quando as empresas de telecomunicações
aspirem a operar serviços assemelhados
Eis o caso: as telefónicas, através dos ce-
lulares, etc, através de todas essas possibi-
lidades eletrônicas que tem hoje, já dispu-
tam espaços importantes na difusão de
conteúdo, na difusão de programação em
competição clara e aberta com os teledifu-
sores, os radiodifusores tradicionais e os ou-
tros novos jogadores, digamos assim, que transformações.
estão surgindo por al
Segundo o decreto que disciplinou o
processo do Sistema Brasileiro de TV Di-
gital foram estabelecidos os objetivos que
devem ser atendidos com as pesquisas de
capacidade nacional, com o trabalho do
Grupo Gestor e com as decisões do Comi-
te de Desenvolvimento. Esse decreto evi-
tou consagrar privilégios no início do pro.
cesso, ao mesmo tempo que assegurou, e
isso é importante que seja frisado, assegu-
rou ao setor da radiodifusão o respeito aos
seus direitos adquiridos. Toda a questão
vem sendo discutida a partir dessas pre-
missas básicas
Com a percepção clara de que não é pos-
sível o Brasil desenvolver a curto prazo um
novo padrão, os trabalhos do Grupo Gestor
se orientaram para, por um lado, continuar
as pesquisas no sentido de identificar as ino-
vacões brasileiras que poderão ser incorpo
radas a um dos padrões existentes; por ou
tro lado, para fazer os estudos necessários
UM MUNDO ABERTO
Para Gil, o que interessa
no sistema digital é o que
ele pode oferecer em
robustez, flexibilidade,
mobilidade, portabilidade
e interatividade. A tv
digital, disse, é um mundo
aberto a inovações, a
desenvolvimentos e
para a implantação da televisão digital no
Brasil. Trata-se portanto de um debate com-
plexo, com diversas implicações.
As pesquisas realizadas apontaram ca-
pacidade brasileira de chegar a inovações
que poderão a ser incorporadas a um dos
padrões. Já falamos muito disso. Em geral,
os grupos precisam de um pouco mais de
"O dinamismo da indústria audiovisual, com a geração
de mais e melhores empregos, depende da criação de
novos instrumentos legais para o setor que contemplem
preceitos constitucionais, como o estímulo à programação
regional e a veiculação da produção independente
brasileira nas emissoras públicas e comerciais,
preceitos já amplamente adotados em vários países."
"Jornal da ABI
tempo para desenvolver protótipos e para
que os mesmos sejam integrados e testa
dos com os sistemas em questão, o euro.
peu, o norte-americano e o japonês.
Há um problema que vem sendo supera-
do com a extensão dos prazos iniciais, que
é exatamente o problema dos prazos. Hou-
ve naquele momento, quando o decreto foi
feito, uma pressão de prazos. O prazo inici-
al para que a decisão governamental fosse
tomada era até fevereiro deste ano; esse pra-
zo já foi estendido. Essa pressão de prazos,
portanto, já não é tão grande quanto era
antes.
Havia também a pressão, e ai por in-
teresses justificáveis dos radiodifusores, para
que já essa Copa do Mundo fosse transmi-
tida no Brasil a partir da televisão digital, já
com o processo de tv digital. Isso também
não foi possível. E esse adiamento causou
uma extensão favorável do prazo para que
essas discussões, essas análises técnicas e
esses aperfeiçoamentos fossem feitos.
E o que é esse processo
A- Esse processo implica em identificar
as inovações que poderão ser aproveitadas
Definir a partir do acompanhamento feito
pelo CPqD e pelo Grupo Gestor quais as
inovações têm maturidade para serem
aproveitadas em qualquer dos sistemas pré-
existentes
B-Seguir a pesquisa. Continuar o desen-
volvimento das inovações definidas para
que elas possam ser incorporadas em um
dos sistemas a curto prazo e manter linhas
de pesquisas que sigam investigando ou-
tras possibilidades de inovação a médio e a
longo prazo
A tv digital é um mundo aberto a ino-
vações, a desenvolvimentos, a transforma-
ções, etc., etc. Portanto, o papel da política
industrial brasileira nesse campo não se es-
gota na definição de qual padrão vai ser
adotado. É uma coisa que tem de seguir
adiante. Esses institutos todos envolvidos
têm de continuar suas bases de pesquisas,
tem de aprofundar essas pesquisas, têm de
desenvolver novos produtos, têm de dar va
zão a essa extraordinária criatividade que
demonstraram ter até agora.
C- Negociar política industrial com as
bases tecnológicas aprontadas e com o mo.
delo arranjado. Negociar com a indústria a
produção e os tempos.
D- Indicar o modelo de negócios. Con-
cluir qual o modelo de negócios emerge
com a implantação da tv digital. O que se
quer manter, o que se quer incentivar e o
que se quer evitar.
E-Definir o arranjo regulatório. Decidir
que modelo regulatório
a País adotará na
operação da tv digital. Quem poderá pres-
tar o serviço. Em que bases deverá prestar
o serviço. O que poderá ser realizado além
de televisão aberta. Como será a conces-
são da faixa de espectro necessária à trans-
Ministro Gilberto Gil missão. Como estará definida a situação
da tv pública na tv digital. Que novos agen-
tes poderão operar com base na tv digital.
Que serviços poderão operar. Interface, re-
de, regional quem programa, como progra-
ma e assim por diante.
F. Política de apoio à produção de con
teúdo de forma complementar. É preciso
articular a implantação da tv digital com
o desenvolvimento de uma política de pro-
Junho de 2006