Teatro: Celulari
estrela montagem
exemplar do 'Don
Juan' de Molière 6
O GLOBO
SEGUNDO CADERNO
SÁBADO, 12 DE ABRIL DE 1997
Uma dança de
giros clássicos
Nova coreografia de Deborah Colker põe bailarinos numa roda gigante
Perande
Adriana Pavlova
m vez da parede de alpinismo,
E
uma roda gigante de ferro estili
zada. No lugar de moscas ensur-
decedoras, a placidez dos son
de Mozart, Schubert e Strauss. Os pel
meiros sinais do novo trabalho da com-
panhia liderada por Deborah Coller dão
a pista de que a coreograda nunca este
ve tão berena, mesmo sem deixar de la
do sua principal pesquisa: o desafio a
gravidade. Depois de Velox", o come
tado espetáculo de 95 no qual ela pos os
bailarinos para dançar numa parede.
Deborah transformou uma roda de ferro
no trunfo de sua nova criação, ainda
sem nome, mas com estréin marcada
para 24 de julho em Porto Alegre e tem
porada carioca a partir de 5 de setem.
bro, no Teatro João Caetano, dentro da
série "O GLOBO em movimento
- A roda é um instrumento para um
estudo de fisica, com conceitos biskos
da minha pesquisa coreografica, como
forca e peso - diz Deborah, que tam
hem dança no espetáculo. - Em elma
de uma roda é necessário ter muito ti
gor e precisão. O desafio é malor por
que, ao contrário da parede, a roda não
é estética, é preciso dominar antes de
sun
e
No palco da sede da companhia, na
Fundição Progresso, a roda de ferro es
pecialmente criada pelo cenografo Grin
go Cardia reluz enquanto está sendo
desvendada por Deborah e sua trupe de
12 bailarinos. O novo brinquedo chegou
na cerca de um mês e, a partir dai, cles
vêm colocando em prática todas as
Ideas remoldas na cabeça da coreogra
fa desde que ela, passando férias com
os filhos em Orlando, nos Estados Uni
dos, em dezembro de 95, olhou para
uma roda gigante e decidiu transformar
o palco num parque
Corpos do bailarinos funcionam
como carrinhos da roda
Os bailarinas que em "Velox" eram
homens-aranhas, por se transformam
em carrinhos de brinquedo que gira len-
tamente no som da valsa "Conto dos
bosques de Viena" de Stras de ins
meu repertorio de Ins-
piração está aumentando a verticalida-
de de "Velox" se transformou em algo
mais suave, é como estivéssemos thu
tuando, todos dentro de uma camara
lenta. Escolher a musica clisica como
ponto de partida ajuda também a sotis
ticar os movimentos
Ainda é cedo para que o espetáculo
esteja pronto e acabado, e a coreograda
se apressa em dizer que tem muito tra
balho pela frente ale julho, De concreto,
porém, está claro que finalmente Debo-
rah se dobrou aos clssicosO universo
mais tradicional no está apenas a tri-
lha escolhida (que tem também os sam
plers de antes da trinca de músicos Ber
Ceppas, Alessandre kassine Sergio
Meckler, agora seguindo um estilo mais
jazzístico), ela usa explicitamente pas
308 classicos misturados ao atletismo e
aos gestos cotidianos dos outros dois
trabalhos da companhia fundada em
1994
Como menina dos olhos da coreógra
la e futura sensação do espetáculo, a
parte da roda gigante lo escalada sabia
mente para o lim. Mesmo assim, Debo
rah ndo quer que ela seja a única estre
la, optando por criar quatro planos co-
reográficos simultaneos. Seus discipu-
los dançam na frente da roda dentro,
atrás delas, as vezes, pendurados em
duas escadas no final do palco.
- como fosse um dicer.com
dizel
OS BAILARINOS DA Cia. Deborah Colher dancam dentro fora da roda gigante estilizada durante o ensaio na sede da companhia, na Lapa
Pop: Daúde e
produtor do Soul II
Soul vão a Londres
mixar novo CD.14
Gilberto Gil
estréia o show
"Quanta' em SP
Palace lotado aplaude
o espetáculo que chega
ao Rio no dia 24
SÃO PAULO
C
om o Palace lotado e mub
ta gente famosa na pla
téia (estavam lo escri-
tor e compositor Arnaldo
Antunes, o diretor de TV Jayme
Monjardim, o escritor Marcelo
Rubens Paiva, entre outros). GI-
berto Gil estreou o show de lan
çamento de seu disco conceitual,
Quanta", anteontem em São Pau-
lo (o espetáculo estréia da 24 no
Canecko). Emoldurado por um
cenário com ares científicos, que
Imitava estruturas moleculares
feitas de ossos, o cantor entrou
no palco às 22h interpretando
"Ciência em si". parceria com Ar
naldo Antunes. Seguram-se mais
cinco canções do novo disco:
Atimo de po", "Ciência e arte
(de Cartola e Carlos Cachaça),
"Quanta", "Estrela" e "Dança de
Shiva". Em seguida Gil entou
"Buda nago", aplaudidissima,
sim como "Retavela"
Depois de vendedor de caran-
guejo e "Graça divina', ele foi
acompanhado pelo público em
"Palco" Continue na pga
A fase pagode
'black-tie' da
cena lírica
Graças aos três tenores,
a
música clássica vive
'boom' de popularidade
Sergio Augusto
i Te Kanawa no Munici
pal, Marilia Pera em "Mis
ter class". CDs da Opera
Collection em todas as
bancas de revistas. O belcamlov
ve, entre
nós, um momento pelvi
legiado. Estamos apenas seguin
do uma tendencia mundial.
"Rent", uma verslo nova-lorquina
de "La bohème", percorre o inte
rior da América depois de fazer
carreira na Broadway, Com
chancela da Disney, um musical
Inspirado na "Alda' de Verdi, com
musica e letra de Elton John e
Tim Rice, subir ao pake breve
mente. A Sony Classics acaba de
lançar nos EUA uma coleção de
CDs com o acervo da Columbia
Masterworks, que remonta soin
cio do século, oferecendo rell
quias, cuidadosamente digitaliza
das, de Bidu Sayko Marcella Se
brich, Giuseppe Campanari, Elea
nor Steber, Eileen Farrell e outros
bambas da opera
Estúdios levam ao cinema
óperas de Mozart e Wagner
Como a moda também é moi
le, Hollywood ja se rendeu aos e
cantos do drama lirico. Entre os
projetos da Sony para este anoth-
para uma nova versão de "A flo
ta mágica". O Wagner de "Tristo
e Isolda" é um dos trunfos da
TriStar para a próxima tempora
de. "Diva", aquele thriller que ha
16 anos revelou o cineasta Jeatr
Jacques Belnelx, terá sua porção
operistica ampliada no remake
programado para a voz e o caris
ma de Diana Ross. Antes de Faye
Dunaway assumir também na tela
a master class de Callas, a New LI
ne Cinema talvez já esteja rodan
do uma biografia da divina grega
estrelada por Meryl Streep.
Agradeçam aqueles tres teno-
res, Luciano Pavarotti, Placido
Domingo e José Carreras que em
grupo e individualmente ajuda
ram a popularizar a opera em
cala planetária, ainda que para is
so a tenham transformado numa
espécie de pagode blackle. Nun-
ca se viu algo igual - nem nos
tempos de Caruso ou Mario Lan-
Continuano piga 7