2 VOCÊ
CAPA
Carimbó
CULTURA & ARTE
já foi alvo de
preconceito
Pinduca conta o quanto
batalhou para que o ritmo
fosse reconhecido no Pará e
no restante do Brasil
S
endo a música pre-
ferida pelos pes-
cadores marajoaras,
embora não conhe-
cida como carimbó até então,
o ritmo atravessou a baía de
Guajará com esses pescadores e
veio dar em praias do
Salgado
paraense. Mas por sua raiz po-
pular, o ritmo nunca teve gran-
de apelo nos grandes centros
urbanos da região Norte. "As
pessoas não aceitavam. Acha-
vam que isso era música de
roça, de roceiro.
. Ninguém da ci-
dade curtia”, diz Pinduca.
Foi assim já em 73, quando
ja to disco. A con-
lançou o primeiro
quista dos
paraenses foi
dificil
. Ele conta que já cantou
para 12 pessoas, já levou vaias
e recebeu um copo de cerveja
na cara. "Os clubes da socieda-
de não me chamavam. Era uma
questão social mesmo. Naquele
tempo as pessoas
soas diziam que o
Pinduca era um músico que to-
cava muito em gafieira”.
As dificuldades, porém, não
causaram amarguras no cantor.
Ele sabia que era tudo uma
questão de tempo. Essa perse-
verança se reflete no compor-
tamento de Pinduca. Após 72
anos, mais de 40 só de carreira
buição amen
artística e uma vasta discogra-
fia, o músico comemora a longe-
vidade
sua generosa contri-
à música brasileira com
lançamento de seu 33° tra-
balho, intitulado " Pinduca: Rei
do Carimbó Vol 33".O.COM
de lançamento está
o
programado
para hoje, no teatro Gasômetro.
Prova de que conseguiu u!
e
trapassar
fronte ao carimbó
nalidade imposta ao
tirar o ritmo do rodapé da his-
parecia destinado. Hoje, o ca-
cia pop
rimbó deixou de ser uma curio-
sidade "exótica” e virou referên-
entre a nova geração de
músicos. O
O grupo pernambuca-
no Nação Zumbi já flertou com
o gênero. Os cariocas Do Amor,
excelente banda que também
adora fusionar ritmos, vem to-
cando carimbó em seus shows e
o gênero certamente estará em
seu disco de estreia. "Sempre
achei que o carimbó tinha que
evoluir. Se não modernizar, não
anda”, sentencia.
"Já level valas e um copo de cerveja na cara", diz Pinduca sobre o início de sua carreira
Diário do Pará
sexta-feira Belém-PA 31/07/2009
GRANDES
MOMENTOS:
Natural da cidade de
Igarapé-Miri,
Aurino Quirino
nasceu em uma família de músicos.
Seu pai, José Plácido Gonçalves, era
professor de música e foi comele
que Pinduca aprendeu as primeiras
notas musicais. Seu José e dona
Luzia Tereza de Oliveira Gonçalves,
sua mãe, sempre forama fonte
de inspiração para os carimbos
de Pinduca
Ainda jovem, alistou-se
no Exército e seguiu carreira na
Polícia Militar até chegar a Tenente
Mestre da Banda de Música da PM.
Pinduca formou sua
própria banda em 1957.
Neste mesmo período, ao decorar
chapéus para uma quadrilha de
festa junina, batizando-os com
nomes caipiras, escolheu um para
sicomonome "Pinduca" escrito.
Estava criado o nome que o
tornaria famoso
Em 1973, gravou seu
primeiro disco, que chegou a
vender 15 mil cópias no Norte e
Nordeste do Brasil. De lá para cá, já
lançou mais 32 álbuns
Pinduca não é apenas o
Rei do Carimbó. Sirimbó, Lári-
Lári, Lambada e Lamgode são seus
outros ritmos
Pinduca é casado há
mais de 40 anos com Deuzarina
Santos Gonçalves. O casal possui
seis filhos.
Em 2005, Pinduca
recebeu do presidente Lula
edo ministro Gilberto Gil,o diploma
e Medalha da Ordem do Mérito
Cultural, na Classe de Cavaleiro.
Atualmente, Pinduca é
um dos finalistas do
I Festival de Música Popular
Paraense, concorrendo como
carimbó "Levanta a Saia".