4 campinas sexta-feira, 6 de junho de 1997
ACONTECE MÚSICA
Gilberto Gil canta e discute ciência e arte
Marcos RibollFolha Imagem
da Redação
O show está menor, mas o con-
ceito é o mesmo: discutir a ligação
entre ciência e arte. "Quanta", no-
vo espetáculo de Gilberto Gil, será
apresentado hoje e amanhã no Red
Eventos, em Jaguariúna.
Além das músicas, o público po-
derá apreciar um debate. Pelo me-
nos é dessa forma que Gil define o
show: uma provocação para fazer
o espectador pensar sobre as diver-
sas ligações entre a filosofia, a tec-
nologia, a religião, a física, enfim,
ciência e arte.
O músico retirou três músicas do
show que foi lançado no Palace, em
abril: "Dança de Shiva", "Pílula de
Alho" e "Atimo de Pó".
"Pretendi dar um maior dina-
mismo ao espetáculo. Após as pri-
meiras apresentações, fizemos as
mudanças. Creio que agora o show
está estável", disse Gilberto Gil em
entrevista a Folha
Serão 12 músicas já conhecidas
pelo público e 12 do CD novo
-que éduplo e tem 25 canções.
"Palco", Expresso 2222" e "Re-
favela" são as mais conhecidas que
estão no roteiro do show.
Gil quebrou um silêncio de cinco
anos com "Quanta" -seu último
disco solo com músicas inéditas ti-
nha sido "Parabolicamara".
No novo CD, Gil tenta unir temas
aparentemente distintos e home-
nageia tanto Tom Jobim e Milton
Nascimento como César Lattes
(um dos mais importantes físicos
brasileiros). Fala de átomos e ven-
dedores de caranguejo. Observa o
conhecido e tenta uma incursão
pelo desconhecido.
Debate
"Pretendi estimular um debate
sobre
essa aproximação da ciência
earte", disse (leia texto ao lado).
Segundo Gil, as músicas do novo
disco preferidas pelo público são
"Pela Internet", "Estrela" e "Graça
Divina". Esta carrega os versos
"Graça divina no dom que a retina
tem/de reter a dor/graça divina no
dom que a aspirina tem/de aspirar
ador".
Versos que representam a síntese
do pensamento de Gil em "Quan-
ta": a divindade, o humano e a qui-
mica se entrelaçam para resolver
um mal (a dor).
Arthur Maia (baixo), Celso Fon-
seca (guitarra), Raul Mascarenhas
(saxofone), Paulo Calazans (tecla-
dos), Jorge Gomes (bateria), Gus-
tavo Leite e Leonardo Reis (per-
cussio) são os músicos que fazem
parte do coro de Gil nesse "deba-
te". Uma discussão que busca não
apenas provocar, mas encantar
um público sedento pelas novida-
des de um dos astros da MPB.
FOLHA DE S.PAULO
Show: "Quanta", de Gilberto Gil
Quando: hoje e amanhã, às 22h
Onde: Red, em Jaguariúna, rodovia
Campinas-Mogi Mirim, km 130,5
Quanto: pista setor B:R$ 40; pista setor A:
R$ 50; pista setor vip: R$ 55,camarotes R$
65 por pessoa
MÚSICA E FILOSOFIA O músico Gilberto Gil (foto) fala para alunos da Unicamp (Universidade
Estadual de Campinas). Ele esteve ontem na universidade onde participou de um debate
entre música e ciência com o fisico Newton Bernardes, o filósn nubem Alves ea mancro Rer
sobre a relação
Músico tem
encontros
da Redação
Gilberto Gil quer iniciar
um extenso debate entre a
união de ciência e arte com
OCD "Quanta"
Em várias cidades, além
do show, o cantor e compo
sitor está participando de
debates com professores e
músicos.
Leia os principais trechos
da entrevista concedida pe-
lo músico à Folha.
Folha - O público está con-
seguindo assimilar essa dis-
cussão entre ciência e arte?
Gilberto Gil - Ainda é mui-
to cedo. O show tem pouco
mais de um mês. Há músi-
cas que estão sendo bem
aceitas, como "Graça Divi-
na".
Folha - Um CD duplo foi o
suficiente para esgotar o as-
sunto?
Gil - Não. Foi o começo de
algo maior. Não estou com-
pondo nada agora porque a
turnê está atingindo muitas
cidades, mas não encerreio
assunto ciência e arte com
esse disco. A idéia continua
existindo
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