CLIENTE: Gilberto Gil
VEÍCULO: O Liberal - Americana
*****
CLIPPING
SEÇÃO:
SERVICE DATA: 04/03/2008
GILBERTO GIL
Cantor se conecta
ao transcendental
PIRACICABA O teórico cul-
tural Steven Johnson esteve no
Brasil no final do mês de feve-
reiro para participar do evento
multimídia Campus Party, que
discutiu os novos paradigmas
da tecnologia e do mundo virtu-
al. Em uma de suas entrevistas,
o autor de celebres "bíblias" do
mundo moderno como "Emer-
gência - A Dinâmica em Rede
em Formigas, Cérebros, Cidades
e Softwares", afirmou que o pró-
ximo desafio virtual do planeta é
aprofundar-se sobre a metafísica
e o espiritual, já que nas outras
áreas do conhecimento o mun-
do conectado já havia se apo-
derado e até mudado conceitos
anteriormente arraigados.
Caso falasse português e esti-
vesse no show que o cantor
Gil-
berto Gil fez no Sesc de Piracicaba
no último sábado, Johnson pro-
vavelmente ficaria surpreso com
a desenvoltura do tropicalista
baiano em conectar mundos vir-
tuais e espirituais no repertório de
sua nova turnê, apropriadamente
chamada de "Banda Larga". Res-
gatando músicas de várias épocas
que tecem visões distintas (ora
pessimistas, ora reverentes) sobre
o avanço científico, Gil botou to-
do mundo para dançar num Sesc
lotado e devotado ao composi-
tor. Espantosamente entrosada
após uma rápida turnê européia
no final do ano passado, a banda
segurou os grooves afros de can-
ções como "Toda Menina Baia-
na", "Palco" e "Aquele Abraço", que
costuravam a coluna vertebral
do espetáculo que ia do trans-
cendental ("Não tenho medo da
morte/ Mas de morrer" ou "Drão,
o amor da gente é como um
grão/ Uma semente de ilusão/
tem que morrer para germinar")
ao mundano via web ("Um bar-
co que veleje nesse infomar/ Que
aproveite a vazante da infomaré/
Que leve meu e-mail até Calcutá/
Depois de um hot-link/Num site
de Helsinquel Para abastecer").
DESFILE DE SUCESSOS
Apesar do conceito fechado do
show (espírito e tecnologia se
complementando), em nenhum
momento Gil se distanciou de
sua reverente platéia, que foi
brindada com um desfile de
sucessos ("Não Chores Mais",
"Esperando na Janela" e "This is
Love", de Bob Marley), para que
as idéias complexas e conceitu-
ais fossem injetadas sem que is-
so prejudicasse o remelexo das
cadeiras de meninos e meninas
dos 15 aos 70 anos.
De sua iluminada geração,
Gil não é o que anda em me-
lhor forma como criador (e
olha que o nível anda bem bai-
xo!), mas ao vivo ele é sobera-
no, um pajé moderno que mais
de 40 anos após ter gravado o
primeiro disco ainda comunga
dos conceitos de deglutir o no-
vo (a tecnologia) para explicar
o eterno (a vida). (LA)
PÁG.: 19
Ocultar TranscriçãoMostrar Transcrição