CLIENTE: Gilberto Gil
VEICULO: O Popular - Goiânia
SEÇÃO: Magazine
CLIPPING
SERVICE DATA: 31/01/2008
BATUTA DOS
MARACATUS
AMANHÃ, NA
ABERTURA DO
CARNAVAL DE
RECIFE, NANÁ
VASCONCELOS
COMANDA 600
TAMBORES DE 14
NAÇÕES DO RITMO
PERNAMBUCANO
LAURO LISBOA GARCIA
À
São Paulo Agencia Estado
$ 19 horas de amanha.
o percussionista Nand
Vasconcelos pisao
palco montado no marco zero
do Recife para comandar 600
tambores de 14 nações de
maracatu, unidos na festa de
abertura do carnaval Dessa vez,
as convidadas serdo as cantoras
Marisa Monte,
Elza Soares e Lia
de Itamaracá. E o sétimo ano
consecutivo que Naná abre o
Carnaval na capital
pernambucana nessa função Ele
teme que seja o último já que o
mandato do prefeito João Paulo
Lima e Silva (PT) termina este
ano e o projeto que começou
em 2001, é criação do núcleo de
cultura afro da prefeitura
Nanh mal saiu do hospitale
surpreendeu muita gente
pulando nos ensaios" que no
da para ser de outro jeito Com
Bostamos cando
pular pra reger", diz, rindo, o
musico. Em dezembra quando
Naná passou sete dias internado
na UTI por complicações
pulmonares, admiradores fiéis se
uniram em preces por sua
recuperação "Cada maracatu
traz seu lider espiritual no
candomblé. E todos os
candombles acenderam velas,
tocaram muito tambor e rezaram
muito para minha melhora,
conta "Foi impressionante como
isso repercutiu em mim. Acredito
muito nissa
*Todo tambor transmite o
som da terra', diz Nana
Vasconcelos. A principal
façanha do percussionista
nestes sete anos, em que vem
regendo a abertura do carnaval
do Recife, foi unir as nações de
maracatu, rivais por natureza
Pelo menos quando ele está por
perto "No domingo, que é o dia
deles mesmos concorrerem, af
o pau quebra", diz, rindo, o
percussionista
O convite da Prefeitura do
Recife para tocar o projeto
coincidiu com a saída de Nana
da direção artistica do
Panorama Percussivo Mundial
(Percpan), que dividia com
Gilberto Gil em Salvador Ao
mesmo tempo em que divergia
sobre os rumos do festival, que
se desvirtuava do conceito
original, havia a solicitação dos
pernambucanos, ressentidos
por terem percido Naná, já
então um cidadão do mundo.
para a Bahia
Agora, segundo ele próprio,
começa a fase de um novo Nana
"Estou me sentindo realmente
com uma energia incrível. Esse
pessoal do maracatu me deu
muita força. Quando você toma
um susto desses, acaba vendo as
coisas por outro ângulo", diz.
Depois do carnaval, Nana
retoma seu projeto em que extra
células ritmicas da água. O CD
está programado para sair este
ano pela gravadora Biscoito
Fino
"O projeto começou no mar
e agora estou gravando as coisas
que têm de ser gravadas feitas
aqui em casa, porque tema
piscina. Ai eu gravo direto no
computador as células ritmicas
Metade do disco já está pronta
Estou fazendo todos os arranjos
montando os ritmos no tempo
certo para depois levar para o
estúdio onde a orquestra vai
gravar as partes de cordas que
estou fazendo no tedada
A ligação de Nana com a
agua com de longer
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Diversidade sonora
"Era um desafio unir os
maracatus, porque eles são
como escolas de samba, uma
não se mistura com a outra
Pedi que reunissem todos os
mestres pra falar comigo
Queria saber se eles aceitavam
que eu comandasse o barco
Para minha surpresa, eles
concordaram", lembra o
percussionista "Tem mestres
muito antigos, muito radicais
tradicionais. Aceitaram, mas na
prática ficava um querendo
comer o outro Foi difícil
controlar para todo mundo
tocar junto ,
Nesse meio tempo, alguns
preconceitos foram quebrados
"Não são todos, mas alguns
mestres de maracatu ja
confraternizam. Mudou muito,
eles são mais unidos. Hoje ja
tem mulheres e muita gente
branca tocando maracatu, coisa
que não existia. Antes, era só o
pessoal das comunidades que
participava', aponta Nana
em experiências muito
interessantes. Num de seus
shows antológicos, o misico
dividia a platéia em duas para
reger uma cena de precipitação
chuvosa na floresta: metade do
público reproduzia com as
Cordas vocais em som continuo
o ruido do rio em movimento a
outra metade, com palmas
descompassadas provocava o
efeito da água da chuva batendo
no rio Impressionante. Em
outras ocasiões já tocou cabaças
com diferentes porções de água.
Em 2006, criou a trilha ritmica
para o álbum Marde Sophia, de
Maria Bethânia, que ela
classificou de "a grande marca
do disco". Sem se repetir em
nenhuma das faixas em que
participou, Nana conseguiu o
resultado ideal para a cantora ao
reproduzir sons do mar que
ninguém obteve antes com
nenhum instrumento
Para as novas experiências
aquáticas que vem registrando
para o novo CD tanto os sons do
mar quanto da piscina. Naná
extraiu utilizando apenas o
proprio corpo. Mais
especificamente as mos e os
braços, cujos movimentos
producer tanto sons agudos
como graves, conforme a
posicho dos membros. Essas
células nurricas depois são
montadas em sequência
harmônica no computador Parte
dessa experiência já se tornou
pública, numa parceria de Nand
com o flautista César Michies
intitulada Encanto das Águas
"Acho que o que tenho
feito quebrou muitas
barreiras. Comecei a
ensaiar com os batuqueiros
onde eles vivem, nas
favelas, nas comunidades
carentes. Isso fez uma
grande diferença. Comecel
também a representá-los na
prefeitura, levando suas
reivindicações por melhores
condições de vida
Para evitar cair na
monotonia dos batuques. Naná
procura diversificar a cada ano
O show da festa de abertura. Ja
misturou os maracalus com
banda de rock, orquestra
sinfonica, com cinco teclados,
com a banda municipal. "Cada
ano experimento uma coisa,
para levar uma novidade para
eles." No ano passado foi Maria
Bethania Agora as cantoras
Marisa Monte, Elza Soares e
Lia de Itamarach vio enfrentar
o desafio de entrar no contexto
do maracatu. Marisa deve
cantar canções dos Tribalistas e
de Tim Maia. Com Elza, Nana
acertou músicas como A Came,
Lato d'Água e Rop da Felicidade
"Isso cabe perfeitamente no
ritmo do maracatu. Ela vem
arrebentando al." JA Lia vai
cantar cirandas. "Vai ser uma
homenagem a ela, que se
dedicou a vida toda para que a
ciranda esteja viva hoje. E a
cirandeira mais famosa, a que
mais mantém o lirismo da
ciranda."
."
Hoje, Recife tema
programação de carnaval mais
diversificada e atraente, com
musica da boa. Nos vários
palcos da capital
pernambucana vai rolar de
tudo. Além de grandes talentos
da terra - Alceu Valença,
Antonio Nobrega, Silverio
Pessoa. Lenine, DJ Dolores,
Nação Zumbi, Spok Frevo
Orquestra, Mombajó vai ter
show de Vanessa da Mata. Zeca
Baleira, Elba Ramalho Milton
Nascimento, Richard Bonna,
Moraes Moreira, Manu Chao,
Roberta SA, Luiz Melodia, Rita
Ribeiro e uma infinidade de
Outros nomes. São mais de 500
artistas
fa
Era um
desafio unir
Se o frevo e o maracatu têm
seu territorio legitimado, o
carnaval multicultural, como a
própria cidade, tem também
sua faceta pop. Ofestival
Recbeat, no Cais da Alfândega,
mantém a boa reputação com
shows de rock e pop de diversas
vertentes. De sábado a terca
entre outros, vdo passar por ali
Marina de la Riva (SP). Móveis
Coloniais de Acaju (DF). Fino
Coletivo e Davi Moraes (RJ).
Panico (Chile), Devotos (PE).
Metaleiras da Amazônia (PA)
Chris Murray & Firebug
(Canada/SP), Pato Fu (MG).
Les Frères Guisse (Senegal) e a
sensacional Orquesta Tipica
Fernández Ferro (Argentina)
com seu tango racudo de
atitude roqueira. Tudo de graça.
os maracatus,
porque eles
são como
escolas de
samba,
uma não se
mistura com
a outra
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NANÁ VASCONCELOS