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CLIENTE: Gilberto Gil
VEÍCULO: Jornal da Tarde - SP
Variedades
18/06/2009
PÁG.: 3D
Cenas do filme 'Loki': Arnaldo com Rita (alto), pintando em Juiz de Fora e tocando no breve retorno da banda
Cinema
Mais louco é
quem me diz
Enão é feliz
Documentário 'Loki',
que estreia amanhã nos
cinemas, relembra vida
do líder dos Mutantes
FERNANDA BRAMBILLA
fernanda.brambilla@grupoestado.com.br
"Um criador", nas palavras da can-
tora Zélia Duncan. "Um sábio",
definiu Tom Zé. Depoimentos
emocionados ditam o tom de ho-
menagem a que se resume o docu-
mentário Loki-Arnaldo Baptista,
cinebiografia que reverencia o
criador e cérebro dos Mutantes.
A vida do músico e compositor
é contada desde sua infância até
os dias de hoje. Debilitado após
tentativa de suicídio, em 1981, ele
vive recluso em Juiz de Fora (MG)
ao lado da mulher Lucinha Barbo-
sa. Conforme a montanha-russa
de sua vida é revista, Arnaldo,
uma figura fragilizada, desafia li-
mitações motoras e pinta um qua-
dro inspirado por lembranças
que afloram dos depoimentos de
familiares, músicos, amigos e ima-
gens de arquivos diversos
A proposta partiu do diretor
Paulo Henrique Fontenelle, que
assina olonga, em meio a uma pes-
quisa para um programa sobre a
vida de Arnaldo Baptista do Canal
Brasil, em 2005. "Fiqueifascinado
com a história e perplexo ao perce-
ber que as pessoas não ligavam o
nome à pessoa, ou à música", con-
FIQUE ATENTO
LOKI - ARNALDO BAPTISTA
DIREÇÃO:PAULO FONTENELLE
Documentário biográfico mostra
a trajetória do criador da banda
"Mutantes' com depoimentos de
músicos, amigos e familiares
INDICADO PARA
Quem é fã de rock
nacional e curte
histórias reais cheias de drama
CONTRA-INDICADO
Quem não gosta do som
experimentaldos Mutantes
ou não curte depoimentos
PRESTE ATENÇÃO
São bem bacanas os
depoimentos de Kurt Co-
bain edo filho de John, Sean Lennon
tou o diretor, que abraçou a ideia
de transformar os 30 minutos de
programa em uma cinebiografia.
"Chegamos a 500 horas de grava-
ção de uma história que estava to-
talmente perdida."
A época áurea dos Mutantes, o
sucesso precoce e a turnê no exte-
rior evocam uma nostalgia inevi-
tável frente à imagem alegre dos
jovens artistas. "Foi uma juventu-
de tão bonita, e conseguimos recu-
perar isso", diz o diretor. Rita Lee
não quis filmar. "Ela não gosta de
falar no assunto.
Entre as imagens raras, um re-
fresco élembrar a participação do
trio no Festival da Record de 1967,
quando dividiu o palco com Gil-
berto Gil em Domingo no Parque.
Mas se falta a palavra de Rita,
sobram casos curiosos contados
por quem acompanhou a banda,
sua ascensão e ruptura. Afranque-
za cortante dita o testemunho de
quem viuArnaldo Baptista se ren-
derà depressão após o fim do casa-
mento com Rita e a separação do
grupo, corrompido pelas drogas.
"Tive carta branca para tratar os
aspectos mais ácidos, o problema
com as drogas e o acidente quase
mortal. Arnaldo se dispôs a tudo,
sempre com uma tranquilidade
imensa", recorda Fontenelle. Na
tela, o que se segue são vās tentati
vas de retomar a carreira solo eem
outras formações
Para dissipar a tristeza, o show
dos Mutantes com Zélia Duncan
em Londres em 2006, uma home-
nagem à Tropicália, é uma reden-
ção ao músico e espectador. O fil-
me não se propõe, porém, a des-
trinchar polêmicas. Passa por as-
suntos como a saída de Rita da
banda ou o terrível salto da janela
par a quase morte sem dar deta-
lhes. Arnaldo aprovou: "O filme
preencheu uma lacuna. Parece
até que completou a minha histó-
ria", disse ao diretor.::
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