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Documentos do Arquivo Pessoal de Gilberto Gil

Instituto Gilberto Gil

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Brasil

  • Título: Documentos do Arquivo Pessoal de Gilberto Gil
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    CADERNOS DO DO-IN ANTROPOLÓGICO seria também, por implicação lógi- ca, fazer com que o Ministério fosse um órgão voltado para uma cliente- la preferencial, para o atendimento exclusivo da assim chamada "classe artístico-intelectual", com todos os seus rituais de criação e consagração. E não é para isto que estamos aqui. Não foi para isto que nos engajamos num governo cujo objetivo maior é a recuperação da dignidade nacional brasileira, o que, entre outras coisas, significa uma concentração incansá- vel no problema da inclusão social. O que nós queremos é justamente isto: incluir. Incluir na cultura, fran- queando a todos o acesso à produ- ção e ao consumo dos bens e servi- ços simbólicos. E incluir pela cultu- ra, como setor dinâmico da econo- mia, como atividade econômica ge- radora de emprego e renda. Daí que a nossa visão de cultura seja a mais ampla e realista possível, levando em conta, radicalmente, tanto a unidade quanto a multiplici- dade cultural brasileira, em suas di- versas regiões geográficas e camadas sociais. Como disse no meu discurso de posse, quando falamos de cultu- ra, estamos empregando a palavra em sua acepção plena. Em seu senti- do antropológico. Cultura como a dimensão simbólica da existência so- cial brasileira. Cultura como o con- junto dinâmico de todos os atos cri- ativos de nosso povo. Como tudo aquilo que, no uso de qualquer coi- sa, se manifesta para além do mero valor de uso. Como aquilo que, em cada objeto que um brasileiro pro- duz, transcende o aspecto meramen- te técnico. Cultura como usina de símbolos de cada comunidade e de toda a nação. Como eixo construtor de nossa identidade. Como espaço de realização da cidadania. Cultura como síntese do Brasil. E isto num espectro amplo. Num espectro que, para dizer sinteticamen- te, vai da tradição à invenção, do cul- tivo da memória à aposta no novo. Porque temos de preservar o que de melhor criamos e construímos ao lon- go de nossa vida histórica, sob pena de girarmos a vácuo, de nos perder- mos num presente instantâneo e desfigurador e de, assim, não reco- nhecermos mais o nosso rosto. Na verdade, tentaram nos fazer acredi- tar, nesses últimos dez anos, que os Estados e as culturas nacionais eram seres em vias de extinção. Que a globalização dissolveria os Estados e converteria cada alma nacional num mito inútil. Mas não é isto o que estamos vendo. As questões e os in- teresses nacionais se encontram hoje
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