CLIENTE: Gilberto Gil
VEICULO: O Estado de S. Paulo - SP
CLIPPING SEÇÃO: Caderno 2
SERVICE DATA: 04/04/2008
Música Show:
Rita Lee faz
pic-nic com
hits de rock
Cantora diz que não é saudosista e inclui
no roteiro a nova Tão, contra os chatos
Lauro Lisboa Garcia
Rita Lee, que completou 60
anos no réveillon, traz para São
Paulo a partir de hoje o show
Pic-Nic, que estreou no Rio e foi
a Belo Horizonte, Brasília e
Curitiba. No repertório, uma
nova canção, a oportuna Tão
(sobre pessoas chatas), que
apareceu na série de DVDs Bio-
graffiti. No mais, tem a clássica
Ovelha Negra e outra penca de
sucessos, que acumulou nestes
40 anos de carreira, muitos em
parceria com o marido Rober-
to de Carvalho, como Lança Per-
fume, Doce Vampiro, Flagra eou-
tras que não cantava havia tem-
pos, como Vítima, Corre-Corre
e Bem me Quer. O pic-nic em fa-
mllia também tem o filho Beto
Lee na banda, dividindo guitar-
ra e vocais com os pais.
O Caderno 2 reuniu algumas
perguntas de seus repórteres pa-
ra enviar por e-mail a Rita. Nem
todas couberam nesta página,
mas a integra da entrevista po-
de ser lida no portal do Estadão.
Fazer pic-nic hoje parece fora de
cogitação para quem vive nos
grandes centros, por circunstân-
cias que envolvem segurança, fal-
ta de espaço, de predisposição
para o sossego. Um show comes-
TV PÚ
BLI
CA
setítulo, Pic-Nic, erepertório pre-
dominantemente de antigos hits,
seus e de outros, é saudosista?
Não sou saudosista, dessas que
ficam dizendo que no meu tem-
po era melhor. Por outro lado,
tenho uma bagagem musical de
hitse sei que as pessoas adoram
ouvir, então não vou ficar ten-
tando ser moderninha e fazer
um show eletrônico com um re-
pertório só de músicas inéditas.
Quando salu Blograffiti você disse
que talvez as canções inéditas (co-
mo Täoe Dinheiro, que estão no no-
vo show) ficassem só como bônus
dos DVDs. Agoradizqueestão pron-
tas para serem gravadas. Quantas
mais tem concluídas para fazer um
CD?Ecomo vaiser: "melo bossa-no-
va-e-rock'n'roll", mais "novela" ou
mais "cinema", já que uma é
"amor" e o outro é "sexo"?
O que Roberto e eu mais gosta-
mos de fazer em música é com-
por, temos várias em estado tos-
co pré-arranjadas, mas já com
um pé no nosso estúdio caseiro
ainda sem data para lançar. No
Pic-Nic vamos apresentar ape-
nas a punka Tão que no Biogra-
ffiti estava ainda no berçário e
agora está toda arranjadinha.
Além de "pessoas chatas" e dinhel-
roquetemaste interessam hojepa-
ra explorar em letras de canções?
Eu e minha vidinha besta.
Quem você acha que mereceria
umas alfinetadas se fizesse Ar-
rombou a Festa 3 ou Arrombou o
Cofre 2 hoje? Por que?
De três em três anos atualizo
a letra, a última se chamava
Arrombou a Mídia... Um dia te
mostro.
Marta Suplicy está subindo nas
pesquisas como candidata à Pre-
feitura da cidade outra vez. Seu
voto é dela de novo? Por quê?
PÁG.: D12
RITA, AOS 60 - "Respeitem meus cabelos brancos pintados de vermelho"
Não pretendo mais votar,che-
ga de voto obrigatório, respei-
tem meus cabelos brancos
pintados de vermelho.
Você diz que anda reclamona e que
isso deve ser da idade, mas que o
prazer de trabalharcom música per-
manece "intactofeitoumfarabimor-
tal". Quer dizerque-dentro do espí-
rito da inquietude inerente ao rock-
aos 60 anos, bem resolvida na car-
eira artistica, sem pressão de gra-
vadoras, você tem impeto de come-
teralguma ousadia emtermosmusi-
cais que não cometeu antes?
Um trabalho só instrumen-
tal, talvez...
Por falar em idade, tem gente que
atinge um certo patamar e não tem
mais paciência para dar entrevista
porque acha que já disse tudo o que
precisava ou devia. Perfeitamente
compreensível, mas por outro lado
seoartistanaofaznada de diferente/
interessante, a gente também não
tem muito o que perguntar. Você se
incomoda, a esta altura da carreira,
de "ter de dar uma entrevista" só
porque precisa divulgar um show?
Meu, minha grande salvação
é dar entrevista por e-mail,
sei que alguns colegas seus
me acham meio "insuporta-
bou" por conta disso, mas pen-
sa bem, é muito mais prático
para os dois lado, é ou não é?
AS PERGUNTAS DA EQUIPE
Eliana Silva de Souza: Algumas ve-
zes você disse que não agüentava
mais cantar Ovelha Negra. Pelo vis-
to, o tempo a fez mudar de opinião e,
enfim, a ovelha negra que não ia
mais voltar, voltou pra ficar. O que
maisrenasceu emvocê que antespa-
recia definitivamente abandonado?
O que eu disse foi que não
agüentava ouvir uma grava-
ção comigo cantando Ovelha
Negra, mas ao vivo ela sempre
me deu prazer. Também nun-
ca disse
que estava penduran-
do as chuteiras da Ovelha Ne-
gra. O que renasceu em mim
foi o encantamento que é tro-
car fralda e dar banho numa
criança, no caso minha neta.
Antonio Gonçalves Filho: O disco
Tropicalia, eleito pela revista Rol-
ling Stone o segundo maior disco
brasileiro de todos os tempos, com-
pleta 40 anos em maio. Você e os
Mutantes participam de très faixas
desse disco, sintonizado com a cul-
tura pop internacional e, ao mesmo
tempo, dedicado à preservação de
idéias defendidas pelos modernis-
tas de 1922, especialmente a dava-
lorizaçãodacultura brasileira. Hoje,
vivendo num mundo globalizado,
onde o nacionalismo tem gerado
tantos equívocos e guerras, como
você analisaomovimento tropicalis-
ta e as relações do rock, fundamen-
talmente libertário, com o caráter
programático do tropicalismo?
O tropicalismo foi a semente
mais genial que foi plantada
na minha cabeça, viver aquilo
de perto me ensinou a ser o
que sou hoje, uma Joana
d'Arc sessentona que não
tem pudores em desfilar por
quaisquer avenidas musicais.
Camila Molina: A era do rock é
marcada por uma forte ligação en-
tre some imagem. As artes plásti-
cas a inspiram? Com qual artista
brasileiro você acha que sua músi-
ca tem alguma relação?
Sempre fui fa dos trabalhos
de Antonio Petico que conhe-
ço desde adolescente.
Jotabe Medeiros: A sra, acredita
realmente que o Keith Richards
cheirou as cinzas do pai dele? Isso
tornaria o rock'n'roll uma atividade
literalmente antropófaga ou só vale
se for carne crua?
Putz, marquei a mó toca com
as cinzas do meu pai, joguei
tudo no mar... Carne crua
nem pensar, não como cadá-
veres de animais, mas pratico
o autocanibalismo devoran-
do as peles dos meus dedos.
Flavia Guerra: Você certa vez dis-
se que os homens adoram as lou-
cas, mas se casam com as outras.
Ainda é assim? Hoje você está
mais para as loucas ou para as ou-
tras? Ou uma "outra louca"?
Geralmente a esposa, quando
não está com dor de cabeça
por conta dos deveres do lar,
só faz papaie mamãe. Já a lou-
ca descaralha o cara. Rober-
to diz que hoje sou "loucasou-
tras" as quais nunca haverá
de desvendar totalmente.
Dib Carneiro Neto: Hoje há umaten-
dência, por modismo ou necessida-
dede juntarforças, de cantoresfaze-
rem shows/CDs com convidados,
que nem sempre seguem a mesma
cantou
linha do anfitrião. Você
com Gal Costa, Elis Regina, João Gil-
berto Gilberto Gil, Caetano Veloso,
Cássia Eller, Ney Matogrosso, Zélia
Duncan e outros mais. Com quem
mais gostaria de dividir o microfo-
ne, por mais inusitado que fosse?
Com Carmen Miranda!!!!! Mi-
nha musa já está no céu, quem
sabe rola um "ao vivo" quando
eu for pra lá também... Masse-
rá que eu vou pro céu?
Livia Deodato: O que você sugere
num dia de trânsito caótico nestaci-
dade? Fazer um pic-nic sentada à
beira do Rio Tietê ou nas novas cal-
çadas cinzas da Avenida Paulista,
que perdeu várias árvores? Quem
você convidaria e o que levaria?
Então você está convidada pa-
ra um pic-nic no Tom Brasil ou
na minha casa, caso contrário
vamos esquecer o assunto.
Etienne Jacintho: Seu programa no
GNTfoi bastante criticado (pelome-
nos nos bastidores). Como foi a ex-
periência pra você?
Lhe garanto que quem criticou
mais do que todos fui eu.
Ubiratan Brasil: Quem você temou-
vido ou diria que vale a pena ouvir
hoje no pop brasileiro?
Nada, em casa só ouço música
instrumental, da clássica à
eletrônica..
Serviço
. Rita Lee. HSBC Brasil (1.800
lugs.). Rua Bragança Paulista,
1.281, tel. 4003-1212. 6. e
sáb., 22 h (shows extras dias
25 e 26/4). R$ 60 a R$ 130
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