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CLIENTE: Gilberto Gil
VEÍCULO: O Sul - P. Alegre
SEÇÃO: ****
DATA:
0 ministro da Justiça, Tarso
dir o julgamento das pessoas
envolvidas em casos de tortura
durante a ditadura militar. Em
ato público organizado pelo
Ministério da tiça no Rio de
Janeiro para lembrar os 30
anos da Lei de Anistia, Tarso
cobrou do STF (Supremo Tri-
bunal Federal) agilidade na
análise de ação da OAB (Or-
dem dos Advogados do Brasil),
que questiona a extensão da
lei. "O que fará uma anistia to-
tal, ampla geral e irrestrita é
exatamente curar essas feridas.
Curar essas feridas pela conci-
liação democrática, pelo reco-
nhecimento do direito das pes-
soas e pela capacidade que de-
ve demonstrar o Estado demo-
crático de direito de processar
aqueles que diretamente reali-
zaram torturas nos porões do
regime militar", disse Tarso.
Segundo o ministro, a ideia
de que punir torturadores seja
"revanchismo" é falsa. "É uma
fraude esse argumento. É men-
tiroso. Nós não estamos pedin-
do que os torturadores sejam
torturados. Nós estamos pe-
dindo que eles sejam julgados e
aquilo que eles fizeram seja ex-
posto à sociedade brasileira",
destacou Tarso.
Na ação que corre no STF, a
OAB alega que servidores e mi-
TARSO VOLTA A PEDIR JULGAMENTO
DOS TORTURADORES DA DITADURA.
FÁBIO ROSSI/AG
PET
PÁG.: 02
RECONCILIAÇÃO política só vai acontecer quando torturadores forem
litares envolvidos com tortura,
morte e desaparecimento de
militantes políticos não pode-
riam ser beneficiados pela lei.
O STF pediu à Procurado-
oria-geral da República um pa-
recer sobre o caso. Na semana
passada, o procurador-geral
Roberto Gurgel disse que deve-
ria concluir seu parecer em cer-
ca de 15 dias. O relator do caso
no STF, ministro Eros Grau,
ANOS DE
levados aos tribunais, afirma Tarso.
não revela quando deve levar o
tema ao plenário, mas a expec-
tativa é de que o questiona-
mento da OAB seja julgado
ainda este ano.
Em fevereiro passado, a Ad-
vocacia-geral da União havia
manifestado em parecer ser fa-
vorável à não punição dos
agentes de Estado acusados de
tortura durante a ditadura mi-
litar. A posição é defendida pe-
lo o advogado-geral da União,
José Antonio Dias Toffoli, e pe-
lo ministro da Defesa, Nelson
Jobim, sob a alegação de que os
atos cometidos na época con-
figuram crime político e não
crime comum.
Para Tarso e o secretário Es-
pecial de Direitos Humanos,
Paulo Vanucchi, porém, os tor-
turadores devem ser responsa-
bilizados criminalmente.
A Câmara dos Deputados
aprovou há 30 anos a Lei da
Anistia, que permitiu a volta ao
Brasil de políticos, servidores
públicos, artistas, estudantes e
professores perseguidos pelo
regime militar. Aprovada no dia
22 de agosto de 1979, a lei só
foi sancionada pelo então pre-
sidente João Baptista Figueire-
do seis dias depois.
O projeto de lei havia sido
encaminhado ao Congresso pe-
lo próprio Figueiredo, em ju-
nho daquele ano, por pressão
da opinião pública. A vigência
da lei permitiu a volta ao País
de políticos como Leonel Bri-
zola e Miguel Arraes, professo-
res caso de Fernando Henrique
Cardoso e José Serra, artistas,
como Caetano Veloso e Gilber-
to Gil, e ex-lideranças estudan-
tis, como Vladimir Palmeira e
José Dirceu. No total, a lei be-
neficiou imediatamente mais
de 4 mil pessoas, entre militan-
tes que foram presos, exilados
ou perderam empregos no ser-
viço público em decorrência da
opção política de oposição à di-
tadura militar. A lei concedeu
perdão a atos praticados a par-
tir de 9 de abril de 1964, quan-
do o governo militar editou o
Ato Institucional número 1,
que formalmente justificativa o
golpe militar que depôs o então
presidente. Toão Goulart.
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