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Documentos do Arquivo Pessoal de Gilberto Gil

Instituto Gilberto Gil

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Brasil

  • Título: Documentos do Arquivo Pessoal de Gilberto Gil
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    ESPIRITUALIDADE Fascinado pela música desde os 9 anos, quando ganhou um carrinho de plástico por ter vencido um festival de calouros em Santo Amaro (bairro de São Paulo), Carlos Buby esperou meio século para realizar seu sonho: gravar suas próprias composições. O CD "Ter- ra de Deus Repentista", com 15 faixas de sua autoria, foi lançado em dezem- bro, em um show no Sesc Pompéia, na cidade de São Paulo. Cerca de 600 pessoas lotaram a cho- peria do espaço para acompanhar o rit- mo contagiante de Buby. Seu repertó- rio inspirou-se tanto na umbanda como nos contrastes de sua terra natal, o ser- tão nordestino. O resultado é uma rica mistura, revelando um música popular vibrante, temperada com ritmos africa- nos, e que passeia do xote ao baião, da balada ao samba. Carlos Buby nasceu em Alagoas como o menino nordestino Sebastião Gomes de Souza, na fazenda Belo Ho- O RESULTADO de seu repertório é uma música vibrante, temperada com RITMOS AFRICANOS, e que passeia do xote ao baião, da balada ao samba rizonte, ex-propriedade da usina de cana Santa Terezinha, em Colônia Leo- poldina. Com 7 anos, sua família tro- cou Alagoas por São Paulo. Viveu sua infância e adolescência na Vila das Be- lezas, em Santo Amaro. Foi nesse bairro paulistano que ojo- vem artista compôs sua primeira mú- sica ("Negro, que Tens Para Estar Tris- te?"), aos 15 anos. "Não tinha instru- mento, batucava na mesa para dar o rit- mo e guardava a melodia na memória", diz. Marcado pelas injustiças sociais do Nordeste e pela opressão do regime militar instaurado em 1964, o conteú- do de suas letras era político. Mesmo sendo jovem, sua alma já se preocupa- va com o sofrimento humano. Em 1967, participou do Primeiro Fes- tival Colegial da Música Popular Bras- leira, promovido pelo radialista Mário 22 Ferraz. O prêmio era promissor: um elepê seria gravado com as 12 melho- res canções. Dentre as 600 músicas ins- critas, duas eram de sua autoria. Am- bas foram premiadas: "Onde Está Deus que Não Ve?" ganhou o primeiro lugar e "Última Razão" levou o terceiro. Mas seu tom não estava de acordo com a ditadura. “Fui obrigado a levar minhas músicas para a censura antes da gravação. Quando voltei para bus- car a aprovação, fui retido e interroga- do", recorda ele. Depois de quatro ho- ras, as autoridades o liberaram. Porém, suas músicas foram proibidas. "Fui for- temente encorajado a não compor mais letras desse gênero. Fui embora cala- do. Essa castração gerou um período de frustração e sofrimento que me le- vou à busca da espiritualidade." Buby, no entanto, nunca abandonou Planeta JANEIRO 2008 a música. Inspirado pela vanguarda da época - Chico Buarque, Gilberto Gil, Geraldo Vandré, Caetano Veloso e Vi- nícius de Moraes -, continuou compon- do músicas reivindicatórias, como "Terra de Deus Repentista", que dá nome ao recém-lançado CD. Nos anos 70, montou o conjunto “Ma- rechais da Vila" - mais uma alfinetada nos generais. O grupo da Vila das Be- lezas cantava sambas na noite paulis- tana. Mas seu sonho continuava ser gravar suas próprias músicas. Carlos Buby fundou o Templo Gua- racy em agosto de 1973. "Em 1977, pa- rei de me apresentar como músico e passei a me dedicar integralmente à umbanda. Com o crescimento do tem- plo, pensei que jamais poderia retomar a carreira artística", conta. Em 1985, entrou em cena Mario
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