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Documentos do Arquivo Pessoal de Gilberto Gil

Instituto Gilberto Gil

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Brasil

  • Título: Documentos do Arquivo Pessoal de Gilberto Gil
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    ( CLIPPING SERVICE SEÇÃO: DATA: : Gilberto Gil : Revista Carta Capital - SP Plural 25/06/2008 PÁG.: 60 e 61 Plural DE QUEM É A MÚSICA? temas incidentais usados em programas como Zorra Total, A Escolinha do Profes- sor Raimundo e Hoje é Dia de Maria. "Não agimos motivados pela Globo, apenas te- mos um inimigo em comum", ele afirma. E diz que o levante sobre o Ecad é resul- tado de uma tomada de consciência: "A nossa ignorância como classe é respon sável por isso. Eu era relapso. A maioria INDÚSTRIA CULTURAL O dinheiro dos direitos dos músicos é assim, e vão sendo engam- autorais gera disputa entre Globo e Ecad belados. Não sabem nem o que é o Ecad. Fui assim, não sou mais". POR PEDRO ALEXANDRE SANCHES U mbelo dia, um músico com cara de Dom Quixote decidiu se in surgir contra sua própria fami- lia, a dos compositores brasilei- ros reunidos sob o guarda-chu- va do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição, o Ecad. Com outros sete autores especializados em trilhas sonoras para televisão, Tim Rescala abriu um pro cesso contra a instituição, que centraliza o recolhimento de direitos autorais, da qual ele é um dos 260 mil associados. A família contra-atacou. A assembléia que compõe o Ecad, integrada em tese por compositores (mas na prática tam- bém por representantes de gravadoras e editoras de música), indignou-se com um artigo publicado no jornal O Globo, no qual Rescala classificava a instituição mãe como "caixa-preta". Deliberou-se que o Ecad moveria uma ação por difa- mação contra o filhote rebelado. Complexas são as circunstâncias que fazem um grupo de músicos encarar como "inimiga" a entidade que existe su- postamente para protegê-los. Na ação, eles reivindicam do Ecad um ressarci mento de cerca de 140 milhões de reais. "Como oito titulares de direitos autorais querem receber 140 milhões de atrasa- dos, se a Globo não pagou isso para a gen- te?", indaga a superintendente do Ecad, Glória Braga. "Arrecadamos ano passado 302 milhões de reais, para quase 100 mil autores, e eles querem 140 milhões para oito, o que é isso? Se perderem, vão pe- dir 140 milhões à Globo? Não vão." Havia ainda outro personagem, ocul- to e de atuação controversa na trama. "O que motiva Tim Rescala é uma coisa cha- mada Rede Globo", afirma um membro ativo da assembléia do Ecad, o editor José Antonio Perdomo. "Por trás dele, está o interesse da Globo de asfixiar o Ecad." De fato, outra disputa, bem mais feroz, se desenrola na Justiça, entre a maior rede de teve do País e a instituição mais poderosa da atual música brasi- leira (em 2007, o Ecad declarou ter arrecadado 302 milhões de reais, mais que todas as grandes gravadoras reunidas). Para ter autorização de usar suas músicas, a Globo (bem como as demais emissoras, quase todas "rebeldes” ao Ecad) tem de pagar uma taxa mensal ao escritório. O Ecad reivindica na Justiça 60 CARTACAPITAL 25 DE JUNHO DE 2008 2,5% de todo o faturamento da Globo (o que equivaleria, hoje, a cerca de 16 mi lhões de reais mensais, 192 milhões por ano) em pagamento pelas músicas exe- cutadas na programação. A rede contes- ta esse valor e deposita, em juízo, 4,1 mi- Thões de reais mensais. A Globo nega qualquer vínculo entre a disputa maior e a menor, movida pelos compositores Rescala, Sérgio Saraceni, Mu Carvalho, Guilherme Dias Gomes, Armando Sousa, Márcio Pereira, Ricar- do Ottoboni e Rodolpho Rebuzzi. "ATV Globo não tem nada a ver com a ação dos produtores musicais. Este é um assunto entre eles e o Ecad", manifesta-se a Cen- tral Globo de Comunicação (CGC). Rescala, além de ter usado O Globo como veículo de protesto, trabalha para a tevê do grupo desde 1989. Prestador de serviços terceirizado à Globo, é autor de Rescala tem argumentos para legitimar as queixas de seu grupo. De 2001 para cá, os autores de músicas incidentais, ou de background, para produtos audiovi suais viram o Ecad reduzir seus rendi- mentos sucessivamente para um terço, um sexto e 1/12 do valor original. "Para eles, a música preexistente vale 12 vezes mais que a música feita especificamente para uma novela, por exemplo. Deveria ser o contrário", queixa-se Rescala. Glória Braga retruca de modo indireto: “Pergunte para os autores das músicas de abertura de novela o que acham disso". Não diz mais, mas dá a entender que a "re- distribuição" é demanda dos próprios au- tores, os colegas mais famosos (e podero- sos) dos fazedores de trilhas. "Quando o processamos, muitos titulares nos man daram cartas dizendo 'é isso mesmo" Entre os temas de abertura de novelas recentes contam-se composições (quase sempre antigas) de Dorival Caymmi, Tom Jobim, Milton Nascimento, Caetano Ve loso, Luiz Gonzaga Jr., Fábio Jr. e Leonar- do. "Não se quis le var a coisa para o lado da luta de clas- ses", afirma Glória Mas que a luta existe, existe. É O PRIMO RICO. Glória Braga quer 2,5% da receita das teves
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