Em 1968, seria lançado o ál-
bum "Tropicalia ou Panis et
Circensis", que escancarou as
propostas estéticas tropicalis-
tas. O disco reuniu o maestro
Rogério Duprat, Nara Leão, Gal
Costa, Caetano, Gil, o poeta
Torquato Neto, Capinam, Tom
Zée os Mutantes.
Bananeiras
Os tropicalistas estavam em
sintonia com outros artistas
brasileiros, caso do cineasta
Glauber Rocha --que, em 1967,
filmou "Terra em Transe" - e
do diretor de teatro José Celso
Martinez Corrêa, que dirigiu a
mais chocante e provocadora
montagem da peça “O Rei da
Vela", de Oswald de Andrade.
O nome "tropicalia” foi uma
sugestão do produtor de cine-
ma Luiz Carlos Barreto, inspi-
rado pela instalação do artista
plástico Hélio Oiticica, que
misturava bananeiras com apa-
relhos de televisão.
A tropicalia terminou pouco
mais de um ano após o seu apa-
recimento, em dezembro de
1968, quando Caetano Veloso e
Gilberto Gil foram presos pelo
governo militar e exilados na
Inglaterra.
A principal razão alegada foi
a de que Caetano teria inserido
versos ofensivos aos militares
durante a temporada realizada
com Gil e Mutantes na boate
Sucata, onde ainda foi pendu-
rada uma obra de
Hélio Oiticica
- uma bandeira com a inscri-
ção "Seja marginal, seja
herói”.
"A atitude crítica defendida
pelos tropicalistas permanece
até hoje como lição essencial
para qualquer artista. Pratica-
mente tudo que se fez na músi-
ca brasileira a partir de então
foi beneficiado pela lição de li-
berdade estética deixada pelos
tropicalistas. Graças à tropica-
lia, a música brasileira abando-
nou preconceitos musicais e a
xenofobia", finaliza Calado.
AGOSTO
Lançamento do LP-
manifesto "Tropicalia ou
Panis et Circensis", com
Caetano Veloso, Gilberto
Gil, Gal Costa, Nara Leão,
Tom Zé, Mutantes e
arranjos de Rogério Duprat
Aniversário
vai ser no
dia 7/8
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em 1967, o artista plás-
tico Hélio Oiticica apre-
sentava pela primeira vez,
no Museu de Arte Moder-
na (MAM) do Rio de Ja-
neiro, sua instalação "Tro-
picália”, que batizaria
um
dos mais importantes mo-
vimentos da história da
música brasileira.
Quarenta anos depois,
na
a terça-feira, 7 de agosto,
o mesmo museu apresen-
ta a exposição "Tropicalia:
Uma Revolução na Cultu-
ra Brasileira", que já este-
ve em Chicago, Nova York,
Londres e Berlim.
Com curadoria do ar-
gentino Carlos Basualdo,
do Museu de Arte Con-
temporânea da Filadélfia,
a exposição reúne mais de
250 objetos, divididos em
áreas como teatro, artes
visuais, arquitetura e in-
formações gerais dos fatos
que marcaram o Brasil en-
tre 1967 e 1972.
Entre os destaques, a
instalação "Roda dos Pra-
zeres", de Lygia Pape, de-
senhos da arquiteta Lina
Bo Bardi e trabalhos de
poetas concretos como
Augusto de Campos (as fo-
tos desta
página fazem
parte da exposição).
Para acompanhar a edi-
tora Cosacnaify lança a
versão em português do li-
vro-catálogo coordenado
por Basualdo, que reúne
reflexões de pesquisado-
res e alguns textos históri-
cos, caso de "Manifesto
Antropofágico", de Os-
wald de Andrade.(GB)
23. SETEMBRO
Após ser vaiado, Caetano
Veloso discursa na
eliminatoria paulista do
Festival Internacional da
Canção, no Tuca (Teatro da
PUC-SP), durante a música
"É Proibido Proibir"
seja marginal
seja hero
29 SETEMBRO
Estréia da peça "O Rei da
Vela", com o grupo Oficina
>>> Vestidos da Rhodia da coleção de 1967: no acervo permanente do Masp e na exposição do MAM-Rio
Moda tropicalista é geléia geral
fortáveis, bem semelhantes aos
kaftans usados por Gilberto Gil
ou às capas de Rita Lee.
"Eu vivi o tropicalismo! Mo-
rei numa comunidade alterna-
tiva, ouvi muito esses discos",
diz Carol. “O que acho mais ba-
cana é que eles não se pren-
diam à moda hippie. Como na
música, faziam no jeito de se
vestir uma geléia geral", com-
pleta. A carioca Helô Rocha, da
grife Têca, foi outra que acredi-
tou na tropicalia para criar sua
coleção verão-2008.
Nem a alta costura escapou
do movimento. As famosas co-
leções da Rhodia das décadas
de 60 e 70 já traziam os colori-
dos e os florais com perfume
tropicalista. O acervo perma-
nente do Masp tem 82 vestidos
dessa época, dos quais 15 foram
emprestados para a exposição
no Rio. (DOLORES OROSCO)
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Não foi à toa que a turma da
tropicalia se tornou ícone fas-
hion de seu tempo e influencia
o povo da moda até hoje.
FOLHA DE S.PAULO
Caetano e sua turma esban-
jaram atitude ao misturar pe-
ças inspiradas nos parangolés
de Hélio Oiticica, na psicodelia
das estampas de Emilio Pucci,
nas batas indianas e nos ele-
mentos da cultura hippie.
"A moda também foi tropica-
lizada. Basta olhar a capa do
disco "Tropicália' para consta-
tar que aquelas roupas e aces-
sórios ainda estão nas ruas"
diz Amnon Armoni, coordena-
dor dos cursos de pós-gradua-
ção em moda da Faap. "Há
tempos a moda vive de leituras
de décadas passadas. Os tropi-
calistas trouxeram algo que
sempre vai inspirar os desig-
ners"
É o caso da estilista Carol'
Martins, da grife Madalena. A
principal marca de suas cole-
ções são as flores gigantes que
estampam tecidos leves e con-
OUTUBRO
Caetano e Gil estréiam
um show na carioca Boate
Sucata, onde realizam um
enterro da tropicália. Lá,
exibem uma bandeira com a
inscrição "Seja marginal,
seja herói", de Hélio Oiticica
música 9.
segunda-feira, 30 de julho de 2007
NOVEMBRO
Estréia o programa "Divino
Maravilhoso", na TV Tupi
DEZEMBRO
Tom Zé ganha o 4º Festival
de MPB da TV Record, com
"São São Paulo Meu Amor".
Gal Costa apresenta "Divino
Maravilhoso", de Caetano e
Gil; e Os Mutantes, "Dom
Quixote", em parceria com
Tom Zé
31 DEZEMBRO
Caetano e Gil são presos no
Rio, levados para Salvador e
depois exilados em Londres