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Documentos do Arquivo Pessoal de Gilberto Gil

Instituto Gilberto Gil

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Brasil

  • Título: Documentos do Arquivo Pessoal de Gilberto Gil
  • Transcrição:
    CLIENTE: Gilberto Gil VEÍCULO: O Globo - RJ CLIPPING SEÇÃO: Segundo Caderno SERVICE DATA: 17/10/2008 'Eu fui exilado do governo federal Ex-presidente da Funarte, Antônio Grassi diz que Juca Ferreira sempre quis o cargo de Gilberto Gil Márcia Foletta/11-4-2002 ENTREVISTA Antônio Grassi . Depois da saída de Celso Fra- teschi da presidência da Funar- te, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, anunciou mudanças no órgão, que incluem reformula- ções na Lei Rouanet e a criação de uma presidência colegiada. Ex-presidente da Funarte, na gestão anterior à de Frateschi, o ator Antônio Grassi, porém, acredita que o problema da ins- tituição é orçamentário. Em en- trevista ao GLOBO, Grassi fala de sua conturbada demissão, em janeiro de 2007, ainda na gestão de Gilberto Gil no Minis- tério da Cultura (MinC), e anali- sa os rumos da Funarte. André Miranda O GLOBO: Na semana passada, em entrevista ao jornal "O Esta- do de S. Paulo", o ministro Juca Ferreira disse que você queria o lugar do Gil. É verdade? ANTONIO GRASSI: A declara- ção do Juca me surpreendeu, mas também esclareceu final- mente, em público, qual foi o motivo da minha saída: o fato de que supostamente eu queria o lugar do Gilberto Gil. Além de não ser verdade, imagina o que aconteceria se o presidente Lu- la fosse demitir todos os minis- tros que quiserem o cargo dele. Ele iria começar pela Dilma (Dil- ma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil, pré-candidata à suces- são de Lula). • O que aconteceu então? GRASSI: No fim do primeiro mandato, o Gil começou a dizer que tinha dúvida sobre se ficaria ou não no MinC. A o PT, através de sua Secretaria Nacional de Cultura, assumiu uma posição: o partido apoiava a permanência PÁG.: 02 ANTÔNIO GRASSI: "A batalha da Funarte começa dentro do próprio Minc, por um orçamento maior" sendo que uma delas é em rela- ção à Lei Rouanet. • Depois da Funarte, o senhor não participou de mais nada no governo federal? GRĂSSI: Não trabalhei em todas as campanhas do presi- dente e, hoje, tenho uma dificul- dade grande de explicar para as pessoas como posso estar exi- lado num governo do Lula. do Gil; mas, se ele quisesse sair, o PT gostaria de indicar um no- me. Esse movimento gerou a in- dicação do meu nome, caso o Gil não continuasse. A gente não sabia que, com isso, o ministério iria achar que havia conspira- ção. Eu mesmo dei declarações de que era a favor da permanên- cia do Gil e que não tinha o me- nor interesse no cargo. E como foi sua demissão? GRASSI: Eles não tiveram a hombridade de falar comigo di- retamente. Mandaram um reća- do, no mês de dezembro, de que o ministro queria me ver. Mas, só depois que a história come- çou a vazar, um assessor, o Al- fredo Manevy (atual secretário executivo do MinC), veio falar co- migo. E eu só fui conversar com o Gil depois de a imprensa toda ter noticiado. Na época, eu fi- quei muito surpreso, porque pensei que o movimento "Fica Gil", o qual nós apoiamos, não significava a permanência de uma pessoa, mas de uma políti- ca, da qual eu fazia parte. .O senhor guarda mágoas? GRASSI: Nenhuma. Minha mili- tância continua. Eu só acho es- tranho ter sido exilado do go- verno federal. Mas eu acho que aconteceu o que estava cami- nhando para acontecer. Quem queria o cargo conseguiu. • Fala-se, hoje, em mudanças na Lei.. GRASSI: O MinC anunciou os Diálogos Culturais, para rever a Lei Rouanet. E eu pergunto: de novo? Na época em que o Lula foi eleito, eu participel da coor- denação de um programa cha- mado Imaginação a Serviço do Brasil, em que nós já apontáva- mos os problemas da Lei, com indicações do que deveria ser feito. E hoje, seis anos depois, o Minc está novamente circulan- do pelo Brasil para discutir a mesma coisa? Esse trabalho que foi feito anteriormente parece que não valeu de nada. .O senhor acha que Ferreira trabalhou para substituir o Gil? GRASSI: Sempre. Eu nunca concordei com essa história de "política Gil" ou "política Juca". Quem sempre tocou o MinC foisidente da Funarte? o Juca. Até por razões óbvias, pela própria ausência do Gil. Eu torço sinceramente para que o Minc dê certo, mas fico muito reticente quando vejo a demora para que as coisas aconteçam, • Quais o senhor considera os seus maiores feitos como pre- GRASSI: Nós assumimos o de safio de nacionalizar a Funarte. Todos os editais que criamos fo- ram editais nacionais. Outro ponto foi o Pixinguinha, um pro- jeto que retomamos na minha gestão. Ao contrário do que di- zem, de que era um projeto pro- duzido no Rio e exportado para o resto do Brasil, o Pixinguinha era uma articulação envolvendo todas as secretarias de cultura dos estados e municípios. • O que representa acabar com as caravanas do Pixinguinha, como ocorreu este ano? GRASSI: Acabar com as carava- nas investir em gravação de CDs é uma descaracterização. O problema da cadeia produtiva da música não é gravar CD. Qualquer pessoa grava CD hoje em dia, até em casa. A dificulda- de é fazer a produção artística circular pelo Brasil, que é o que o Pixinguinha conseguia fazer. .O ministro diz que vai criar um colegiado para gerenciar a Funarte. Isso pode dar certo? GRASSI: A Funarte já é um ór- gão colegiado em seu estatuto. As decisões têm que ser toma- das em colegiado, reunindo to- dos os diretores, com atas das reuniões. Para se reestruturar a Funarte de verdade, o órgão pre- cisa estar à altura do que ela me rece em relação ao investimen- to. A batalha da Funarte começa dentro do próprio MinC, por um orçamento maior. .O senhor continua envolvi- do com alguma atividade de gestão cultural? GRASSI: Eu aceitel um convite do governo de Minas para fazer assessoria em programas espe- ciais. Faço parte do comissaria- do mineiro do Ano da França no Brasil, em 2009. Estou, também, trabalhando na representação do governo de Minas no Rio, pa- ra divulgação de projetos. E es- tou criando para Minas uma bie- nal, focada em artistas com de- ficiência física, que é a extensão de um programa que fizemos na Funarte. Ah, e eu sou mineiro.
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