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CLIENTE: Gilberto Gil VEICULO: Diário Catarinense - Florianópolis SEÇÃO: Variedades DATA: 12/12/2007 LANÇAMENTO O Midas da MPB Marco Mazzola conta a sua história nos bastidores da música brasileira ALICIA ALÃO e até no marketing Nos Estados Uni- dos, a profissão é melhor divulgada, enquanto no Brasil o reconhecimen- to ainda está engatinhando. Traba- Thei muito para que isso acontecesse por aqui - ressalta. Só de lembrar, Marco Ma- zzola se arrepia. Uma simples respiração de Elis Regina po- deria significar o sucesso ou o fim precoce da carreira do pro- Entre os artistas que trabalharam dutor musical, nos anos 1970.com Mazzola estao Raul Seixas, de Sem optar pelo fracasso, nem quem foi amigo intimo até a mor- desistir, o então técnico levou te deste, Jorge Ben - no antológico mais de 11 horas para reunir e álbum Africa Brasil, de 1976 , Jair colar milimetros de fita- que Rodrigues, Belchior, Banda Black Rio juntos somaram 1,2 quilòme- - em Maria Fumaça, de 1977-, Gil- tro - para encontrar o trechoberto Gil, Alceu Valença, Milton Nas- perdido, cortado por engano por um auxiliar. Essas e outras histórias im- pressionantes estão na auto- biografia Ouvindo Estrelas, de Marco Mazzola. cimento, Ney Matogrosso, Simone, Chico Buarque, Marina Lima, Elba Ramalho, Adriana Calcanhoto, Chico César, Gal Costa, Zeca Baleiro, Emilio Santiago, Ivete Sangalo, Martinho da Vila, entre outros PAG.: 05 O olho no sucesso e os ouvidos na voz interior Mazzola entre Gilberto Gil e Raul Seixas, com o qual gravou alguns dos principais discos de sua carreira de produtor | Entrevista Marco Mazzola PRODUTOR MUSICAL AI música era Os Argo- mantas e o disco, Ela, de 1971. Mazzola ti- nha então 27 anos e já se destacava pelo ouvido apurado, treinado desde a infància no coral dos Pequenos Can. tores da Guanabara, no Rio de Janeiro. Hoje, Mazzola é dono de uma produtora, a MZA MARCO MAILA No currículo do produtor, está uma "pelada" com Bob Marley que esteve no Brasil meses antes de morrer em 1982. A foto com o ícone maior do reggae comprova o encontro. Ganhou o Grammy produzindo Paul Simon Mazzola também O primor com que OUVINDO ESTRELAS retor da noite brasilei- foi coordenador e di- Mazzola sempre lidou com a música não se estendeu à literatura, mas isso não chega a ser um problema. O excesso de termos co- loquiais, como o pre- fixo super, foi exigido pelo próprio autor. - Os revisores que riam deixar meu texto mais literário, mas quem me conhece sabe que não falo assim, então não seria eu, enten- de? Fiz questão de deixar assim como está – frisa o produtor. Além de histórias fabulosas, o li vro é uma boa referencia para quem deseja entender mais sobre todas as etapas da produção musical. Grandes sucessos da música brasileira desde a década de 1970 passaram pelas mãos de Mazzola, sem que o grande público tenha conhecimento. ra do Montreux Jazz Festival, inaugurada em 1978, na Suiça. Foi por sua iniciativa que artistas brasileiros al cançaram visibilidade no exterior, Conhecido como o Midas da música bra sileira - por transformar em discos de ouro grande parte dos álbuns em que colocava as suas mãos - Ma- zzola sempre seguiu o que chama de "vozinha" interior que o mandava seguir em frente. Para explicar se é intuição ou crendice, o produtor des conversa: DC - Como é a sua relação com os artistas? Mazzola - Se me convidam para uma produção, tem a coisa do na - Quando comecei a lidar com ar- moro, para ver se a cabeça bate, o tistas, tive que ter cuidado com o ego que posso ajudar. Tenho a noção de deles, que é complicado, às vezes. De que quem pisa no palco não sou eu, senvolvi uma sensibilidade apurada e sim o artista. Então é preciso ter para que não haja turbulências, tem humildade, estou ali para fazer a es que usar a psicologia trela Temos que ficar sino nizados para sair um bom trabalho. O produtor é responsável desde a escolha do repertório, passando pelos músicos e o arranjador. Depois Ouvindo Estrelas - Autobiogra- entra no estudio e grava, dirige a voz fia, de Marco Mazzola, Editora Pla- do artista, faz a mixagem, que pode neta (São Paulo). 304 págs. R$ 39,90 destruir ou salvar uma obra, faza masterização, dá sugestões na capa alicia abocano.com.br 11 ...Eu vou lá e consigo fazer" ' de semana. No final, deu certo Diário Catarinense - Como é essa "vozinha que você cita fre- quentemente no livro? Marco Mazzola - Eu estudei em colégio de padres. Em determina- do momento, sentia coisas que não eram muito normais, vibrações que eu não sabia explicar o que era. Se alguem me contava um caso e eu sentia que fulano ia quebrar a cara, realmente acontecia. Todas as vezes em que eu precisava tomar decisies nas quais eu podia me atrapalhar todo, eu pensava, me concentrava e seguia em frente DC-Com tantas atividades, como teve tempo para escrever! Mazzola - Meus amigos começa: "Estou ali para fazer a estrela brilhar" ram a falar que as histórias que eu contava, daria um livro, Então resol- vi escreve-las, tomci gosto e lembrei de muita coisa. Em julho, mandei seis capítulos para a Editora Planeta, que topou publicar, mas aí arranjei um problema, que foi o prazo aper- tado, em primeiro de outubro. Nas horas vagas no estudio, corria para a sala e escrevia, levava o laptop nas Viagens, não parava nem nos finais DC - Quais são os projetos fu- turos? Mazzola - Estou lançando um trabalho do Paralamas do Suces. so, um resgate da apresentação no Rock In Rio, em 1985. Tem depoi- mentos gravados naquela época e outros atuais, das mesmas pessoas. Contratei Margareth Menezes para um trabalho sobre música brasilei- ra, não o axé, porque ela tem uma voz lindíssima. Estou envolvido em um projeto com Zeca Baleiro e um documentário sobre os 40 anos de carreira de Martinho da Vila DC - Esse toque de Midas que dizem que você tem também se aplica à sua própria carreira? Mazzola - Acredito que o suces- so esteja envolvido nos desafios que são colocados à minha frente. En- quanto todos dizem que está errado ou que não vai dar certo, cu vou lác consigo fazer. Me sinto muito agra- decido à Deus, à "vozinha" a todo mundo. Acho que mereco ser reco- nhecido pelas dificuldades que pas sci enfrentei e venci.