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Documents from Gilberto Gil's Private Archive

Instituto Gilberto Gil

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Brazil

  • Title: Documents from Gilberto Gil's Private Archive
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    CLIPPING SERVICE CLIENTE: Gilberto Gil VEÍCULO: Folha de S. Paulo - SP SEÇÃO: Ilustrada DATA: ORPO DE BAILE do Teatro Mu- nicipal, 1956 - uma grande PÁG.: E12 CARLOS HEITOR CONY em que atuou. Pode-se dizer que o Carnaval teve duas fases: antes e depois de Joãosinho Trinta. Brin- colo genialmente com a aparente dicotomia do lixo e do luxo, obteve resultados antológicos que nunca foram superados. Tenho um depoimento a dar. Quando Franco Zeffirelli veio ao Rio montar "La Traviata" no Tea- ca do Rio de Janeiro, tendo como núcleo o Teatro Municipal num de seus momentos mais produtivos. Bailarinos e coreógrafos de fama internacional, como Léonide Massi- ne, Margot Fonteyn, Nora Kovac e Alicia Markova lideravam as apre- sentações de nosso principal corpo de baile, em que se destacava pela vi- vacidade e pelo entusiasmo um me- nino maranhense, cuja altura não o recomendava para papeis de bailari- no-nobre. Embora possuísse técni- ca suficiente para fazer um "pas de deux" do "Cisne Negro" e do "Dom Quixote", ele não encontrava uma parceira que combinasse com a sua pequena estatura Mesmo assim se destacava, so- bretudo, em balés movimentados como "Gaîté Parisienne" "Cha- péu de Três Bicos", criações de Massine com cenários realizados por Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues. Os Carnavais de Joãosinho Trinta O aprendizado teatral escolas em que atuou Foi nessa época que conheci Joãosinho Trinta no coro do corpo de baile, corista sim, mas interes- sistas, solistas e destaques. sado em aprender com Pamplona todos os macetes da cenografia O aprendizado teatral deu-lhe deu-lhe noção magnífica os teatral. Sua carreira no balé seria les das diversas escolas de samba para os desfiles das curta, mesmo porque o teatro mantinha temporadas intermiten- tes e nem sempre bem produzidas. Joãosinho percebeu que seu futuro estava na cenografia, mas os limi- tes do palco eram acanhados para sua febre criativa. Fatalmente teria de ir para a rua, para as grandes avenidas e passarelas, para verda- deiros balés em que o corpo de bai- le explodiria em milhares de pas- Dora Longo Bahia tro Municipal, ele já trazia de Mi- lão cenários, figurinos e adereços com os quais fazia suas criações, inclusive para filmes da Metro- Goldwyn-Mayer. Num Carnaval, levei-o para assistir a um desfile de Joãosinho Trinta. Zeffirelli surtou. No dia seguinte, começou a modifi- lavoura quando precisava de uma capa ou de uma página dupla que causasse impacto Do menino maranhense que fa- zia um garçom num cabaré pari- siense de fim de século, no clássico de Léonide Massine ("Gaîté Pari- sienne", música de Jacques Offen- bach), ao mestre que deu nova sin- taxe e metamorfose aos desfiles de nosso Carnaval, considerado a ópera de rua", o homem foi sempre o mesmo: o grande e querido Joãosinho Trinta, patri- mônio incontestável da arte popu- lar brasileira. O texto acima é o depoimento que dei ao livro "O Brasil É um Luxo - Trinta Carnavais de Joãosinho Trinta", de autoria de Fábio Gomes e Stella Villares, que será lançado na próxima segunda-feira, dia 9 de fevereiro. Do belo trabalho dos au- tores, com ilustrações e fotos que bastariam como prova do seu ta- lento, há textos de Fernando Pam- plona, Hiram Araújo, Milton Cu- nha, Gilberto Gil, Ivaldo Bertazzo, Lino Villaventura, Rubens Gerch- man e Sérgio Brito. car os dois balés do terceiro ato da obra de Verdi, introduzindo más- caras, fita, estandartes e passos de dança que ele copiara de Joãosinho Trinta. Foi um espetáculo à parte; por duas vezes o público se levan- tou para aplaudir os achados Zeffirelli captara dos desfiles de felson Motta), Janete Clair Car- Joãosinho Trinta. Nos últimos anos, o mercado edi- torial tem dado merecida impor- tância aos nossos artistas, bastan- do citar as biografias de Carmen Miranda (Ruy Castro), Tim Maia Amigo e admirador dele há mais de 40 anos, no meu tempo de edi- tor de revistas que cobriam o Car- naval, como "Manchete" e "Fatos & Fotos", tinha nele a salvação da May- sa Matarazzo na televisão e de ou- tros ídolos cultuados por nosso po vo. O universo do Carnaval, no qual Joãosinho Trinta se destacou co- mo imperador, faz parte da perso- na da nação chamada Brasil.
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