Esperança Garcia foi uma das primeiras escravizadas a entrar na justiça para requerer direitos. Talvez tenha ajudado a redigir o documento mais antigo supostamente escrito por uma escravizada, expressando vontades, desejos e expectativas. Esperança era uma escravizada casada e que trabalhava na Fazenda dos Algodões, antiga propriedade jesuítica, nos sertões do Piauí. Diante de ameaças de venda ou transferência da fazenda, ela escreveu para o governador do Piauí, alegando que já tinha dois filhos e não queria se afastar de amigos e parentes. Admitia que já fugira algumas vezes para impedir que seus filhos sofressem “grandes trovoadas e pancadas” ou ela própria se transformasse em um “colchão de pancadas”.