Manifestação única no contexto da produção de revestimentos cerâmicos são os painéis hoje denominados "figuras de convite". Estas peças, em tamanho natural, fazem destacar personagens, através do seu recorte, da continuidade das estruturas do seu enquadramento. Aqui é patente a reutilização de uma técnica islâmica empregue no século XVI, o alicatado, prova eloquente da mestria não só dos pintores cerâmicos, mas também dos azulejadores encarregues da colocação dos painéis nos espaços a que se destinavam. O recorte das várias partes cerâmicas que compõem estas peças, efetuado após a sua cozedura e no momento do seu assentamento, é uma das características da azulejaria portuguesa do período denominado da Grande Produção, associado ao 2º quartel do século XVIII. Colocadas em entradas e patamares, junto aos principais acessos de jardins, pátios ou portas de palácios, mais raramente de igrejas, as "figuras de convite" são, em azulejo, a expressão máxima da etiqueta e teatralidade do quotidiano barroco.