Dentre as formas utilizadas por Lívio Abramo no seu projeto visual, construído ao longo de setenta anos dedicados à gravura, está a circunferência, que ganha força nos trabalhos em madeira de topo (matriz usada na xilogravura, cujo corte é feito no sentido transversal, contrário aos veios da árvore) onde o desenho pode acompanhar a expansão natural do tronco. Festa é um desses trabalhos, onde o risco é firme, preciso e delicado, em parte graças ao corte transversal que faz a matéria ser mais dura e compacta. Com um apanhado de referências visuais às celebrações do interior do Brasil, em especial as festas juninas, com seus balões, bandeirinhas, fogueiras e a dança do pau-de-fitas, Abramo demonstra nesta obra, com particular alegria, o seu interesse pelo homem comum, anônimo, sendo este sempre um objeto de suas atenções, preocupado que era com as questões sociais e políticas do país.