Figuras 1

"Iberê desenvolve com obstinação, em qualquer uma das categorias com as quais trabalha, a abordagem de modelos vivos, a conselho de Guignard, como referido. Nesse período, estes se colocam como referências importantes para seus estudos de movimento, dos corpos no espaço, das relações do entorno com as figuras. Mas não só. Modelos configuram outra perspectiva: mais que temas de trabalho, são referências artísticas, diálogos com outros artistas com os quais ele, sabendo-se iniciante, estabelece relações. Adequado ao momento de aprendizagem e, em especial, à busca de identificações, um grupo de obras que sugerem essas relações é desenvolvido pelo gravador. Possivelmente de forma inconsciente, o artista pode apresentar aproximações com obras que circulam no meio artístico brasileiro daquele momento. Assim, Mulatas (CR-013) [tombo G277-1], uma água-forte cujo estudo encontra-se no bloco de desenhos dos trabalhos realizados durante sua atuação no Grupo Guignard, pode remeter a Festa de São João (1939) de Portinari; da mesma forma, Mulheres com crianças (CR-015) [tombo G335-1] faz reportar a Mãe preta (1940), do mesmo pintor. Por outro lado, Retrato (CR-014) [tombo G309-1], também uma água-forte desse tempo, remete às rígidas faces encontradas nos modelos de Segall. Deste último, as cenas dramáticas de Pogrom, de 1937, aproximam-se de Figuras (CR-016) [tombo G274-1] e Figuras 1 (CR-017) [tombo G007-1] de Iberê. Estas duas últimas obras, assim como as referidas em semelhanças às de Portinari e Segall, situam-se, contudo, restritas a um nicho experimental específico e não apresentam relações claras e importância dentro do conjunto da gravura de Iberê Camargo."
ZIELINSKY, Mônica. Iberê Camargo: catálogo raisonné. Cosac Naify: São Paulo, 2006. p. 45-46.

Como não se tem referências precisas sobre o mês de impressão, o ateliê poderia ter sido o da rua Marquês de Abrantes (1943–1944) ou o do largo do Machado (1944–1946).
Matriz pertencente ao acervo da Fundação Iberê Camargo.