Este painel, representando um vaso florido, integrava um conjunto executado para o Convento de Nossa Senhora da Esperança, em Lisboa, composto de pelo menos oito painéis, seis dos quais com a mesma tipologia, disperso desde a última década do século XIX. De grande valor decorativo, os vasos floridos tinham subjacente uma conotação simbólica. Em todos os painéis desta série o vaso é idêntico, mudando apenas os elementos que o ladeiam, no caso presente papagaios, mas também pavões e serafins (Museu Nacional de Arqueologia, Inv. 6640, em depósito no MNAz). Toda a série tem como provável fonte iconográfica pinturas de Jacob Kempener, hoje desaparecidas, recorrentemente gravadas por diversos autores, entre os quais Jan Theodor de Bry e I. Picquet Junior. Do ponto de vista simbólico, painéis com vasos floridos podem remeter para uma representação da virtude teológica da Esperança, o que é indiciado pela literatura portuguesa coeva, nomeadamente por um tratado de simbologia de Frei Isidoro de Barreira editado em Lisboa, em 1622. O local de destino desta série permite-nos descortinar a associação direta entre o programa iconográfico e a invocação da casa religiosa onde foi aplicado, o que é também confirmado pela presença, ainda in situ, de painéis semelhantes na igreja do convento de Nossa Senhora da Esperança, em Alcáçovas, Alentejo. Aqui, os azulejos surgem em vãos de janelas sem as figuras que ladeiam, na série de Lisboa, os vasos floridos, dado a necessidade de adaptação à arquitetura.