O trabalho de Ana Mazzei (São Paulo, 1980) reflete as estruturas que instituem e delimitam o espaço da representação e da
encenação. A referência às artes do espetáculo é recorrente, emergindo em vídeos que evocam dispositivos cênicos e em pequenas maquetes de feltro que evocam teatros greco-romanos, por exemplo. Em outras obras, essa reflexão é transposta para o âmbito da pintura, analisando suas estruturas formais, semânticas e simbólicas, desde a perspectiva até o enquadramento. Recentemente, Mazzei se voltou para as atitudes dos corpos que habitam o espaço da representação. Garabandal, Marat e Ascensão compõem uma série de peças de mobiliário que permitem ao visitante escorar seu corpo de forma a aproximar-se das poses pouco naturais de célebres figuras pintadas por artistas como Jacques-Louis David ou Giotto. Os corpos sustentados pelos dispositivos congelam gestos, transpondo as convenções sociais e simbólicas da história da arte para a atualidade do espaço expositivo.