Desde 2010, Márcia Beatriz Granero (São paulo, 1982) desenvolve videos que tecem curtas narrativas protagonizadas por Jaque Jolene, uma personagem fictícia interpretada por ela mesma. Essa figura anacrônica aparece em diversos contextos urbanos e, mais recentemente, tem sido vista em explorações dos espaços expositivos de São Paulo. Depois de repetidas visitas e uma pesquisa sobre o local, a artista elabora um roteiro de ações, sem falas, que assimila a sintaxe do cinema clássico – nos enquadramentos, trilhas sonoras e princípios de montagem; e nos gestos e expressões da encenação. A ficção é o meio que a artista encontrou para colidir elementos da história e do funcionamento das instituições com as obsessões de sua persona. Em Lacuna, é o Instituto Tomie Ohtake que recebe a visita de Jaque Jolene. Na narrativa fragmentária, o espaço sonoro é tão importante quanto as ações encenadas, e a presença imagética do edifício impõe se sobre suas dinâmicas de uso.